Imagem Blog Piacere, Itália! Depois de passar um mês rodando a Toscana, Bárbara Ligero caiu de amores pela terra da bota e se matriculou em um curso de italiano. Atualmente, está aprendendo a gesticular com perfeição
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Como viajar pela Itália sem sair de casa

Livros, filmes, séries, músicas, cursos, receitas, drinks... Uma lista definitiva de coisas que trazem um pouco da Itália para a sua vida – dolce vita!!

Por Bárbara Ligero
Atualizado em 11 fev 2022, 19h59 - Publicado em 22 Maio 2020, 15h12
Florença, Toscana, Itália
Enquanto não podemos ir à Itália, a Itália vem até nós (Sharon Lapkin/Getty Images)
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Livros

Tetralogia Napolitana
Elena Ferrante é o pseudônimo da autora, que prefere se manter longe burburinhos causados por seus livros (Editora Biblioteca Azul/Divulgação)

A escritora italiana de maior sucesso no momento é, sem dúvidas, Elena Ferrante. A autora ficou conhecida pela Tetralogia Napolitana, composta pelos best-sellers A Amiga Genial, História do Novo Sobrenome, História de Quem Foge e de Quem Fica e História da Menina Perdida.

A série napolitana, que conta a história da amizade entre duas mulheres durante toda a vida, ocupará boas horas, já que cada volume possui uma média de 400 páginas. Ao final, você será praticamente um especialista nos costumes napolitanos da década de 1950 e nas mudanças pelas quais a Itália passou desde então.

Se gostar da autora, leia também os magistrais A Vida Mentirosa dos Adultos e A Filha Perdida.

Quem gosta de romances históricos também pode se interessar pelo livro O Leopardo, de Giuseppe Tomasi. A história se passa na ilha siciliana de Lampedusa e conta a história de uma decadente família aristocrática em meados de 1860, durante as invasões napoleônicas. Além de descrever a Sicília da época, a obra retrata as mudanças sociais pelas quais o país, como um todo, passou.

Agora, se a ideia for mergulhar em um dos clássicos da literatura italiana, não existe momento melhor para se desafiar a ler A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Se a proposta te parecer demasiada, outra opção é O Nome da Rosa, de Umberto Eco.

Por fim, se o que você gosta mesmo é de um bom livro-reportagem, vale investir em Gomorra. No livro, o escritor e jornalista italiano Roberto Saviano investiga os negócios da máfia Camorra, que nasceu na cidade de Nápoles e hoje é considerada o terceiro maior grupo de crime organizado do mundo. Importante para saber que a máfia, mais do que um estereótipo, também é uma realidade na Itália.

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Filmes

Me chame pelo seu nome
Bonitas paisagens do norte do país e o clima de dolce far niente fazem parte de “Me Chame Pelo Seu Nome”, disponível no TelecinePlay (Me chame pelo seu nome/Divulgação)

Vamos supor que você já cansou de assistir aos americanos Sob o Sol da Toscana ,Comer, Rezar e Amar, Cartas para Julieta e Para Roma, com Amor. Nesse caso, que tal assistir longas que, além de se passarem na Itália, são de fato italianos?

No TelecinePlay, por exemplo, estão disponíveis clássicos do diretor italiano Federico Fellini como 8 ½, Noites de Cabíria, A Voz da Lua e A Doce Vida. Esse último, em especial, é uma excelente maneira de percorrer as principais atrações de Roma, que são mostradas com todo o charme do preto e branco. Entre os filmes lançados nos últimos anos está Maravilhoso Boccaccio. Inspirado no livro clássico Decamerão, sua história pode fazer lembrar da nossa própria situação atual: na Florença do século XIV, um grupo de jovens foge para o interior para tentar escapar da terrível Peste Negra que assombra o país.

Outro é Me Chame Pelo Seu Nome que, ao contar a história de amor entre Oliver e Elio, transmite todo o clima de dolce far niente do verão italiano. As paisagens da região norte da Itália são outro destaque e renderam essa matéria, em que eu enumero as belíssimas locações do filme.

Por fim, o TelecinePlay disponibiliza o aflitivo filme Dogman, que chegou a ser exibido no Festival de Cannes. Dirigido por Matteo Garrone, o longa-metragem inspirado em fatos reais mostra a vida violenta e brutal em uma zona periférica da cidade de Roma.

Através do Google Play, é possível alugar Malena, obra de Giuseppe Tornatore que trata dos preconceitos sofridos pela mulher mais bonita de uma pacata vila italiana em meio ao caos da Segunda Guerra Mundial. Vale reparar nas cenas em que Malena atravessa a praça da cidade, gravadas no centro histórico de Siracusa, na Sicília.

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O ítalo-britânico Chá com Mussolini também possui a Segunda Guerra Mundial como pano de fundo, mas se passa em Florença e San Gimignano e conta com a participação da cantora Cher. No filme, um grupo de mulheres estrangeiras que vive na Itália tenta transformar um órfão em um perfeito cavalheiro.

A comédia O Primeiro que Disse conquistou 28 prêmios internacionais e mostra aspectos enraizados na cultura da Itália: dos longos almoços em família à expectativa de que os homens atuem como “machos alfa” e as rixas entre italianos do norte e do sul.

Também pode render algumas risadas o filme Perfeitos Desconhecidos. Ao se reunirem para jantar, sete amigos de longa data decidem, de brincadeira, compartilhar com os demais o conteúdo de cada mensagem de texto, ligação ou e-mail que recebem. Enquanto segredos começar a ser revelados, o filme constrói sua crítica social.

Se preferir um romance, o Histórias de Amor que Não Pertencem a Este Mundo gira em torno de Cláudia, uma mulher de 50 anos recém-divorciada que busca reconquistar o amor do ex-marido.

O Netflix, por fim, também reserva algumas opções de filmes italianos. Acabaram de entrar A Mão de Deus e A Filha Perdida, este último inspirado em uma obra de Elena Ferrante. Também está no catálogo da plataforma o melodrama 18 Presentes. Nele, uma mulher grávida e com câncer terminal deixa 18 presentes para a filha que irá nascer – um para cada aniversário até a maioridade da garota.

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Mas há também os dramas que giram em torno de crimes, como Lazzaro Felice, Na Própria Pele – O Caso Stefano Cucchi, Nada Santo, Perdoai as Nossas Dívidas, Ultras e as comédias que ironizam a política italiana, como Natal 5 Estrelas.

Slam e O aplicativo possuem um enredo teen. Para conhecer melhor a cultura italiana, vale a pena assistir o Caffè Sospeso, que explica a tradição napolitana de deixar um café pago para quem não tem condições de pagar o seu próprio. Falei um pouco sobre esse costume nessa matéria.

Séries

My Brilliant Friend
Os personagens de My Brilliant Friend, disponível no HBO Go, passeiam pela Praça do Plebiscito, em Nápoles (My Brilliant Friend/Divulgação)

A já mencionada tetralogia de Elena Ferrante fez tanto sucesso mundialmente que a HBO decidiu se juntar à RAI, emissora nacional italiana, para criar uma série inspirada nos livros. Batizada de My Brilliant Friend, a série deve estrear em breve a sua terceira temporada. Além de ser um deleite para os olhos, com cenas gravadas em Nápoles e na ilha de Ischia, a série é uma delícia de escutar em seu áudio original, já que mistura o dialeto típico napolitano com algumas falas no italiano “culto”.

A Netflix também investiu em produções italianas, só que voltadas para um público adolescente. Estão disponíveis na plataforma de streaming Três Metros Acima do Céu, sobre dois jovens que se apaixonam durante o verão italiano à beira-mar, e Baby, que gira em torno de duas adolescentes cansadas de sua vida em um bairro nobre de Roma. A exceção é Suburra: Sangue em Roma, que trata das disputas entre o crime organizado, os políticos corruptos e o próprio Vaticano na capital italiana.

Músicas

Jovanotti
Conheça os novos cantores pop italianos, como Jovanotti. Sim, a música italiana vai muito além de Andrea Bocelli (Jovanotti/Divulgação)

Geralmente, a Itália é associada às óperas, às músicas eruditas e à tarantela – ritmo animado e dançante que nasceu no sul da Itália e acabou sendo muito usado pelos publicitários em propagandas de molho de tomate.

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Uma música bastante usada para remeter ao país é Funiculì, Funiculà, com seu pegajoso refrão “jammo, jammo, ‘ncoppa jammo ja’”. Ao contrário do que muitos pensam, a canção não é exatamente em italiano, e sim no dialeto napolitano. No idioma oficial, a tradução seria “andaimo, andiamo, andiamo su” e, em português, “vamos, vamos, vamos para cima”.

Entre as óperas, merece a menção Nessun Dorma, que faz parte da obra Turandot e termina com aquele dramático “vincerò” na voz de Luciano Pavarotti. O mesmo cantor tornou internacional ‘O Sole Mio que é, aliás, outra canção em dialeto napolitano.

Também não poderia deixar de ser mencionado Andrea Bocelli, o tenor que arrasou em sua live de Páscoa direto da Catedral de Milão em 2020. Con Te Partirò e Vivo Per Lei são músicas que não podem faltar em uma playlist de música erudita italiana.

Mas existem muitas outras músicas que nos fazem lembrar da Itália. Especialmente se a música tocou em alguma novela da Globo, como a Imbranato, de Tiziano Ferro, em Mulheres Apaixonadas (2003). Ou os hits de Laura Pausini, La Solitudine e Speranza, que tocaram, respectivamente, nas novelas Cara e Coroa (1996) e Esperança (2002).

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Também existem as músicas italianas que ganharam uma versão em português. La Mia Storia Tra Le Dita, de Gianluca Grignani, inspirou Quem de Nós Dois, da Ana Carolina. E Po’ Che Fa, de Pino Daniele, virou a Bem Que Se Quis, de Marisa Monte. Mais recentemente, La Notte, da italiana Arisa, inspirou a versão A Noite, da Tiê.

Até aqui, tudo leva a crer que a música italiana é ou dramática ou romântica. Porém, mais recentemente o cenário musical do país tem se expandido. Quem curte rock pode gostar de Luciano Ligabue e Negramaro, além de Maneskin, cujas músicas originais e covers não param de tocar nas rádios brasileiras.

Entre os cantores pop, há o já consagrado Jovanotti e a ainda recente Annalisa, além de uma série de músicos de um ou dois hits de verão. Outra cena musical forte na Itália é a do rap: Boombadash e Mahmood fazem bastante sucesso entre os jovens.

Cursos 

Gestos italianos
Uma pena não terem inventado um curso de gesticulação ainda… (Media BrightCove/Reprodução)

Depois de escutar tantas músicas e assistir tantos filmes e séries em italiano, pode ser que você tenha sido cativado pela sonoridade desse idioma. Dá para ter um primeiro contato com o italiano através do aplicativo Duolingo, grátis para iOS e Android, que ensina algumas palavras e a formular frases simples.

Se a experiência empolgar, siga para o Kultivi, um site de cursos à distância que também é totalmente gratuito. Estão disponíveis 80 aulas de italiano, com direito a material de apoio e questões de fixação. No final, a plataforma até emite um certificado.

Quando já estiver um pouco mais afiado, recomendo assistir aos vídeos no youtube do Italiano Automatico, que também estão disponíveis em formato de podcast. Neles, o italiano Alberto ensina vocabulários específicos, explica expressões italianas e dá várias outras dicas para quem está aprendendo a língua.

Algumas vezes, até a nonna dele participa das gravações. O legal é que tudo é falado devagar e pausadamente – uma ótima forma de aprender a pronúncia das palavras de modo descontraído.

Comidas

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Não tem jeito mais fácil de viajar para Itália sem sair de casa do que comendo… ou cozinhando! (Talita Ribeiro/Divulgação)

Falando em cursos e em vovós italianas, tem uma nonna ensinando a fazer massas por vídeo. A experiência tem duas horas de duração e é totalmente online e interativa: a dona Nerina fala italiano, sua neta vai traduzindo tudo para o inglês e você vai copiando a receita na cozinha da sua casa.

Também já ensinamos por aqui a fazer pappa al pomodoro, uma espécie de sopa de tomate que é tradicional da Toscana, e spaghetti alla carbonara, um prato fácil e saboroso que só leva massa, ovos, queijo e bacon.

Outra comida que tem o poder de transportar para a Itália é o risoto. No norte do país, um clássico é o risoto de açafrão com cogumelos, que eu aprendi a preparar durante uma live com o chef Gustavo Pereira. Veja a receita:

Ingredientes:

  • 1 xícara (chá) de arroz para risotto arbóreo
  • 6 pistilos de açafrão ou cúrcuma em pó
  • 1 talo de alho poró picado
  • 100g de cogumelos (shitake, funghi ou paris)
  • ¼ de de cebola picada fino
  • 3 colheres (sopa) de manteiga
  • ½ xícara (chá) de vinho branco seco
  • 3 xícaras (chá) de caldo de frango
  • 3 colheres (sopa) de queijo parmesão ralado na hora
  • pimenta-do-reino moída na hora a gosto

Modo de preparo:

  • Coloque o caldo de frango numa panela e deixe ferver. Quando ferver, acrescente o açafrão – a ideia é fazer uma infusão.
  • Numa panela, aqueça 2 colheres (sopa) de manteiga em fogo médio. Junte a cebola e o alho poro picado e refogue até murchar. Se for usar cogumelo Paris, selar junto com a cebola também.
  • Acrescente o arroz e refogue por uns 2 minutos, mexendo sempre.
  • Acrescente o vinho e mexa até evaporar.
  • Coloque ⅓ do caldo de frango com o açafrão (que deve estar bem quente), e misture bem. Não é necessário mexer continuamente. Quando o caldo começar a secar, acrescente mais ⅓ de caldo.
  • Quando o arroz estiver secando novamente, acrescente a última parte do caldo e mexa bem. Tempere com sal e pimenta-do-reino.
  • Quando o risoto estiver bem cremoso, desligue o fogo e acrescente a manteiga restante e o parmesão ralado. Misture bem e sirva a seguir.

Bebidas

Aperol Spritz, Itália
Aperol Spritz, o drink que não pode faltar no verão italiano, é bem fácil de preparar em casa (Marco Verch/Flickr)

É natural associar a Itália aos seus bons vinhos. Porém, além de encomendar algumas garrafas de Barolo, Brunello di Montalcino ou de Supertoscanos para passar a quarentena, você pode usar o tempo livre para aprender a preparar drinks que foram criados no país.

O mais antigo deles é provavelmente o Negroni. A bebida foi inventada pelo conde Camilo Negroni – daí o nome – em Florença, em 1919. Para prepará-la, basta colocar bastante gelo em um copo misturador, acrescentar 30ml de Campari, 30ml de vermute tinto e 30ml de gim. Se achar muito forte, dá para substituir o gim por prosecco e fazer o chamado Negroni Sbagliato, que é “Negroni errado”, em português. O drink é servido em um copo de uísque com uma rodela de laranja.

Porém, a bebida que é a cara do verão italiano é o refrescante Aperol Spritz. A receita nasceu na região do Vêneto e leva 50ml de Aperol, 150ml de prosecco branco e um pouco de água com gás. Sirva em uma taça alta com bastante gelo e uma rodela de laranja: com uma dose de imaginação, você se sentirá em um barzinho à beira do Mar Mediterrâneo.

Outra opção é o Bellini, que foi criado pelo barman Giuseppe Cipriani no Harry’s Bar, em Veneza. Até hoje uma horda de turistas lota esse bar, que era frequentado por Ernest Hemingway e Orson Welles e fica a poucos passos da Piazza San Marco. A bebida é uma mistura de prosecco e suco de polpa de pêssego em proporções iguais, com um toque de suco de limão.

Quer algo um pouco mais desafiador? Então tente fazer o seu próprio limoncello, um licor de limão tradicionalmente produzido no sul da Itália. Esse vídeo explica o passo a passo, que leva dias:

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=YfWtZjR1LNE%5D

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