Há resorts que são destinos em si e são escolhidos muito mais pelo que oferecem da porta para dentro do que pelo local onde se encontram: quartos ultra-aconchegantes, gastronomia muito acima da média, piscinas de sonho, spas premiados e atividades mil. Mais raros, ao menos no Brasil, são os lugares que oferecem isso tudo e ainda possuem dois outros atributos: praia perfeita na porta e um vilarejo interessante além-muros que esteja a uma distância caminhável. O Tivoli Ecoresort, na Praia do Forte, distrito mais badalado da Linha Verde, na Bahia, cumpre todos esses requisitos com louvor. E ainda traz sensação de exclusividade: a propriedade é tão ampla que sempre dá para encontrar um cantinho para chamar de seu. Por funcionar em regime de meia pensão (café da manhã e jantar), torna-se quase um ritual andar pela praia até o centrinho na hora do almoço. Ali, o hóspede encontra não só boas opções de restaurantes como também um lugar que soube preservar o charme de vilarejo de pescadores, sem descuidar do turismo sustentável, que é capitaneado pelo Projeto Tamar há mais de 40 anos. A sensação, no fim das contas, é a de ter cacifado dois destinos em um só.
COMO CHEGAR
Ao aterrissar no Aeroporto de Salvador, bastou localizar o funcionário que segurava uma placa do Tivoli Ecoresort. Fui guiada até uma sala que o hotel mantém na área de desembarque doméstico – com poltronas, água e, o principal, ar condicionado – para aguardar os demais hóspedes que seguiriam junto comigo no traslado organizado pelo hotel.
O acesso não poderia ser mais descomplicado: são cerca de 60km do aeroporto até a Praia do Forte, trajeto feito quase em linha reta pela Linha Verde (BA-099). O caminho é o mesmo para quem opta por ir de carro, Uber ou táxi. Em precisamente uma hora, eu já estava sendo recebida com água de côco no check-in.
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O MAPA DO RESORT
O Tivoli Ecoresort é composto por uma sequência de blocos de no máximo dois andares que se enfileiram paralelamente à praia. A vantagem desse formato é que todos os espaços ficam de frente para o coqueiral que separa as construções da faixa de areia. A desvantagem é que andar de uma ponta a outra pode ser cansativo: em partes pela distância, mas muito porque a sensação é a de estar atravessando um corredor infinito.
Carrinhos elétricos ajudam transportando os hóspedes para lá e para cá. Para chamar um, basta ligar para a recepção ou pedir que um dos funcionários acionem os motoristas pelo rádio. Eu achava mais prático sair andando até eventualmente encontrar com um carrinho que estivesse indo na direção que eu queria. Os funcionários, simpaticíssimos, sempre oferecem carona.
O coração do Tivoli Ecoresort corresponde ao centro da propriedade, onde está a recepção, os restaurantes, as piscinas, as quadras e o clube infantil. Nas laterais, ficam os blocos com quartos. E na ponta esquerda, olhando para o mar, estão o spa e a academia.
ACOMODAÇÕES
Inaugurado em 1985 e sob a gestão do Tivoli desde 2015, o resort possui 300 quartos espaçosos (as unidades partem de 38m²) que estão muito bem mantidos, com móveis de madeira, tons terrosos ou azuis e objetos de decoração criados por artistas locais. Mas o que me conquistou mesmo foram as varandas com redes, presentes em todas as acomodações. Meu ritual consistia deitar ali ao entardecer, admirando o coqueiral e escutando o som do mar.
Todas as unidades possuem mais ou menos a mesma vista. O que difere um bloco do outro é a proximidade com a área social do resort – hóspedes que são habitués costumam, no momento da reserva, escolher o bloco exato em que desejam ficar.
Quem quer evitar grandes deslocamentos até o restaurante e as piscinas deve priorizar os blocos de 1 a 4 e de 13 a 19. Ali ficam os quartos das categorias Master, Master Club e Master Club Plus, que acomodam até dois adultos e duas crianças. As duas últimas possuem banheiras de imersão.
Para um upgrade, veja as suítes Deluxe e Deluxe Ocean View, que também acomodam até dois adultos e duas crianças, mas têm ainda banheira, closet, mini bar de cortesia, café da manhã servido no quarto até 11h30 e acesso ao spa (falaremos mais sobre isso adiante). Na Deluxe Ocean View, especificamente, há ainda jacuzzi na varanda, sala de estar e traslado privativo do aeroporto.
Os blocos de 5 a 9, por sua vez, ficam mais afastados da área social do hotel, o que também não deixa de ser sinônimo de mais tranquilidade. Ali estão as três categorias mais econômicas: Superior, que acomoda até dois adultos e uma criança, e Superior Plus e Superior Ocean, para até dois adultos e duas crianças. A Superior Ocean tem como diferencial a jacuzzi ao ar livre.
Os blocos 20 a 21 também são distantes da área principal do hotel, mas ficam perto do spa e da academia. Ali, a categoria Master Family foi pensada para as famílias: há espaço de sobra para até dois adultos e três crianças. Outra opção é a Master Ocean View, de 90m², com sala de estar e jacuzzi na varanda. Para até dois adultos e duas crianças, a categoria dá direito a minibar de cortesia e acesso ao spa.
Quer ainda mais espaço? Para casos assim, o resort incorporou quatro vilas que foram construídas em meio à vegetação de um terreno nos fundos. O carrinho elétrico é quase imprescindível para se deslocar até a área de lazer: é preciso inclusive atravessar uma ponte sobre um riozinho para chegar. Bom que o café da manhã é servido na casa, que também conta com a sua própria piscina na varanda. São três suítes no andar de baixo, para até seis pessoas, e sala e cozinha integradas no andar de cima. A hospedagem também dá acesso ao spa.
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REFEIÇÕES
O Tivoli Ecoresort faz bonito nas duas refeições que estão incluídas na diária, servidas em buffet self-service no restaurante Goa. Das 7h às 10h, o café da manhã é um desfile de diferentes tipos de pães, frios, bolos e frutas e há estações onde são preparados ovos e tapiocas.
O jantar, que acontece das 19h30 às 22h, tem estações de massas, grelhados, frutos do mar, baião de dois, carne de sol e o trivial arroz com feijão muito bem-feito. Quando o assunto é sobremesa, faz sucesso a cocada e o balcão com sorvetes, granulados e coberturas mil. Voz e violão ao vivo tornam a refeição um programa noturno por si só.
Tanto no café da manhã quanto no jantar, chama atenção a estação inteiramente dedicada às restrições alimentares, com boa variedade de comidas para quem é vegetariano, vegano, celíaco ou diabético.
O almoço não está incluído na diária, mas há três opções que funcionam em sistema à la carte. O À Sombra do Coqueiral é de culinária mediterrânea. O Tabaréu, de baiana. E o Sushi Bar by Seen foi trazido em julho de 2022 do Tivoli Mofarrej, hotel da mesma rede que fica em São Paulo.
Se tivesse que escolher apenas um, eu optaria pelo Tabaréu – afinal, estamos na Bahia. O camarão à Sapiranga, com um molhão que mistura tomate e creme de leite, é de comer rezando. Não curte coentro? Vá de filé mignon, que vem coroado por um requeijão de corte grelhado e ladeado por purê de aipim.
As opções gastronômicas pagas à parte continuam com a cafeteria Água de Coco, do lado da recepção, que vende croissants, pães de queijo, éclaires e cocadas sempre fresquinhos. Mais próximos à piscina, o Dendê Bar e o Ice Bar se encarregam dos petiscos, das cervejas e dos drinks e há um quiosque com uma baiana preparando acarajés na hora.
Lembrando que tudo isso deve ser pago à parte, registrado no QR Code da chave do quarto. O regime de meia pensão inclui apenas os sucos e os refrigerantes consumidos no café da manhã e jantar. Se você leva os trabalhos etílicos a sério, mas quer evitar dor de cabeça no check-out, fique ligado: uma caipirinha de 51 sai por R$ 26, a caipiroska R$ 42, o mojito e o aperol spritz também na casa dos R$ 40, a latinha de refri por R$ 9, a long neck por R$ 20.
Bom que a vila da Praia do Forte está logo ali: caminhando pela praia, cheguei em menos de 15 minutos na praça da Igreja de São Francisco. Ali perto fica a casa de uma das melhores moquecas da Bahia, o restaurante Donana. E outra opção tradicional para o almoço é o Sabor da Vila, também conhecido como Restaurante do Zequinha, que está na ativa desde 1994. Para lanches da tarde e sobremesas, vá de Tango Café. Já o 60 Sabores Sorveteria é para se esbaldar nos sorvetes de frutas como jaca, umbu, mangaba, jenipapo, coco…
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ATIVIDADES
O Tivoli Ecoresort até possui uma programação de lazer voltada para os adultos, com sessões de alongamento e de hidroginástica, jogos de beach tennis e de futebol e aulas de arte ou de zumba. Mas o que eu vi na maior parte do tempo foi hóspede curtindo o bem-bom pelo extenso coqueiral, que separa o resort da faixa de areia. É ali, e não na praia em si, que ficam montadas as espreguiçadeiras e os guarda-sóis de sapê, munidos de um artefato que pode comover muita gente: um botão para chamar o garçom do bar.
Para dar um tchibum no mar, basta dar alguns passos e descer as escadas de madeira que dão acesso à praia. O mar pode ficar perigoso durante a maré alta, mas na baixa quase não há ondas e formam-se piscinas naturais. As crianças fazem a festa e, com sorte, também se divertem observando a vida marinha. As que estavam do meu lado soltaram gritinhos histéricos quando avistamos, de repente, uma tartaruga colocando o pescoço para fora da água. Nos dias de mar calmo, também dá para alugar um stand up paddle ou um caiaque na base náutica. Como o resort não identifica os hóspedes com pulseirinhas (ufa!), na hora de voltar da praia para o hotel um segurança verifica o nome na lista.
Também estão nesse pedaço da propriedade, de frente para o mar, cinco das sete piscinas. Em frente ao restaurante Goa há duas principais, mais profundas e uma outra inaugurada em 2016 com day beds dentro d’água e que se transformou em um trademark do resort. Divididas em três “degraus”, elas são tão rasinhas que estão mais para espelhos d’água, o que não torna menos irresistível se esticar ali para tomar sol, ler um livro, beber um drink… Em suma, esquecer da vida. Outro point de relaxamento é a piscina de borda infinita, que se mistura com o mar no horizonte. Além de ser exclusiva para adultos, ela fica em uma ponta mais escondidinha, em frente ao restaurante À Sombra do Coqueiral.
A sexta piscina fica dentro do Anantara Spa, eleito o melhor spa do Brasil pelo World Spa Awards todos os anos desde que abriu em 2019. Para quem se hospeda nas categorias Deluxe, Deluxe Ocean View, Master Ocean View ou em uma das vilas, o acesso à área do spa é liberado. Os demais hóspedes podem ter acesso se agendarem um tratamento ou pagarem R$ 90 por duas horas. Ah, e só entram maiores de 18 anos.
Usei a área do spa durante uma tarde chuvosa, mas não mergulhei na piscina, que fica em uma área descoberta. Lindíssima e toda cercada pela mata, ela é revestida por uma pedra azul-esverdeada que absorve a luz do sol e aquece a água naturalmente. Em um dia nublado como aquele, porém, o resultado não poderia ser outro: gélida. Em compensação, aproveitei muito as jacuzzis imensas e borbulhantes a 37ºC. No espaço coberto, há ainda ofurô, circuito de águas quentes e frias, tanque de água gelada, sauna a vapor e sauna seca.
A academia, logo ao lado, é bastante charmosa por ficar sob um teto de sapê, sem paredes, mas os equipamentos são apenas normais. Outra área que não condiz com o restante do resort é a sala de jogos ao lado do restaurante Goa, com aspecto bem antigo: só tem uma mesa de sinuca, uma de pingue-pongue e uma de pebolim. Isso quer dizer que a noite não é uma criança e acabei indo dormir cedo e, vantagem, acordei também cedo para curtir o resort.
Dar um pulo na vila da Praia do Forte é indispensável. Pela praia, são cerca de 15 minutos de caminhada até a fotogênica praça da Igreja de São Francisco. O Projeto Tamar fica logo atrás e possui tanques com quatro espécies diferentes de tartarugas-marinhas. Mediante agendamento pelo Whatsapp, o programa “Biólogo por um dia” ainda permite acompanhar a rotina de cuidados, inclusive alimentar os animais. Já o Castelo Garcia D’Ávila, uma das primeiras fortificações erguidas no Brasil, fica um pouco mais distante: peça para o pessoal da recepção chamar um táxi. Ali foi inaugurado, em 2021, um museu interativo que conta a história do local. Após o pôr do sol são projetadas imagens na fachada da construção.
Com funcionários biólogos na equipe, o Tivoli Ecoresort mantém o coqueiral à meia-luz durante a noite. O objetivo é não confundir as tartarugas-marinhas que desovam logo em frente. Outra prática sustentável está relacionada às toalhas de praia: cada hóspede tem o direito de usar duas por dia – e precisa devolvê-las. É feito um controle pelo número do quarto e, caso você pegue mais de duas toalhas, será cobrada uma taxa que é doada para o Projeto Tamar e o Projeto Baleia Jubarte.
PARA AS CRIANÇAS
As crianças possuem todo um domínio para chamar de seu, o clubinho Caretta Caretta (nome científico de uma tartaruga-marinha ameaçada de extinção na Bahia), que de “inho” não tem nada. É aqui que está a sétima e última piscina do Tivoli Ecoresort, rasinha e cheia de escorregadores e chafarizes. E também uma brinquedoteca e um refeitório cobertos, um campinho de futebol e um brinquedão de chão de areia com mais um monte de escorregadores, pontes e redes para escalar. Estão prometidos um circuito de arvorismo e um mini golfe.
A equipe de recreação é muito afinada. Quando estive por lá, algumas semanas antes do início das férias escolares, havia poucas crianças entre os hóspedes, mas os “tios” não deixavam a peteca cair e organizaram um campeonato de futebol. A animação era tanta que parecia final de Copa do Mundo. Em outro dia, os maiorzinhos estavam com raquetes de beach tennis aprendendo o esporte do momento.
Durante o período de férias, a programação é ainda mais intensa e a garotada é dividida por faixa etária. Para os bebês, teatro de fantoches. Para as crianças, escola de circo, fogueira para assar marshmallows e apresentações musicais. Para os adolescentes, brincadeiras de torta na cara, luaus e baladas. Vale ficar de olho ainda em eventos especiais, como as aulas de futebol ministradas pela escolinha do Paris Saint-Germain, que aconteceram no início de 2023.
Crianças a partir de 4 anos podem ficar praticamente o dia inteiro sob a responsabilidade dos monitores, que também se encarregam de dar o almoço no refeitório do clubinho. Quem tem filhos pequenos também é mais do que acolhido. O hotel possui um projeto social com mulheres de uma cooperativa da Praia do Forte que atuam como babás e cobram R$ 28 a hora (o valor deve ser pago no ato para a profissional contratada).
Para os bebês de 0 a 3 anos, há ainda um serviço de gastronomia personalizada que ganha o coração de todos os pais. Durante o check-in, eles recebem um menu com 14 itens à disposição e escolhem o que desejarem para compor o almoço e o jantar dos pequenos. A marmitinha é preparada, etiquetada e deixada na geladeira da copa mais próxima ao quarto. Ali, há microondas para esquentar a refeição, cadeirões, leites, bolachas e frutas, sem custo adicional.
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