Buenos Aires: melhor época, hotéis, restaurantes, passeios e mais
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Quando ir
Em março e abril Buenos Aires tem temperaturas amenas e ruas floridas. Em maio já começa a esfriar, e entre junho e agosto as temperaturas mínimas ficam em menos de 10 graus. Em setembro e outubro a coisa começa a esquentar e as folhas alaranjadas das árvores deixam as ruas mais fotogênicas. No verão, sobretudo em janeiro, a cidade fica mais vazia (muitos portenhos tiram férias) e alguns lugares fecham. Nessa época, o calor costuma passar dos 30 graus e a umidade é alta.
Como chegar
Voos internacionais chegam no Aeroporto Internacional Ministro Pistarini, mais conhecido como Aeroporto de Ezeiza, a 30 km do centro. As companhias Aerolíneas Argentinas, Azul, Latam e Gol têm voos diretos saindo de várias capitais brasileiras. A Flybondi, low-cost argentina, começou a operar voos do Rio e de Florianópolis para o aeroporto El Palomar, a 20 km do centro de Buenos Aires.
Ônibus da linha 8 que funcionam 24 horas por dia vão do aeroporto ao centro, mas a viagem é demorada: cerca de 2h. A passagem tem que ser paga em moedas ou com o cartão SUBE (os ônibus da capital argentina não aceitam papel moeda). Mais confortável é ônibus executivo que parte a cada meia hora da Manuel Tienda León, cuja passagem pode ser adquirida no guichê do aeroporto ou pelo site da empresa. O ponto final é o Terminal Madero, em Puerto Madero. A empresa oficial do aeroporto, Taxi Ezeiza Oficial, cobra valores fixos por destino na cidade e tem carros partindo do terminal A.
Como circular
Há seis linhas de metrô (chamado de “subte”) em Buenos Aires, com o qual dá para circular pelos principais bairros da cidade. Para usá-lo é preciso adquirir o cartão SUBE, disponível nas estações. O sistema de ônibus também é organizado e funciona 24 horas por dia. Táxis são abundantes na cidade e podem ser parados na rua – também é possível chamá-los pelo aplicativo BA Taxi. O Uber é ilegal em Buenos Aires mas é amplamente usado e tem tarifas baratas.
Bairro a bairro
Centro e San Telmo
A atração mais icônica do centro é a Casa Rosada, construída no século 19, sede da presidência da república e de cujas sacadas eles (de Perón a Evita, de Menem aos Kirschner) lançaram famosos discursos populistas. Agende uma visita guiada aos sábados para vê-la por dentro. O Museu Casa Rosada, aberto de quarta a domingo, conta com mais de 10 mil objetos históricos de todos os presidentes argentinos. Na praça onde ela se localiza, a Plaza de Mayo, um grupo de mães de desaparecidos do período da ditadura militar – que se estendeu por dois períodos entre as décadas de 1960 e 80 – se reúne todas as quintas-feiras, em comovente e desafiante manifesto. A praça é a mais antiga de Buenos Aires e foi cenário de acontecimentos políticos importantes. Em seu centro, a Pirâmide de Mayo celebra o centenário da Revolução de Maio.
Logo ao lado está a Catedral Metropolitana, com seu interior escuro e silencioso, que agora contém várias referências ao Papa Francisco, pontífice argentino que, antes de mudar-se para Roma, tinha a Catedral como endereço. O local também vale a visita por guardar o mausoléu do general José de San Martín, um dos maiores líderes revolucionários da América Latina. Pela Avenida de Mayo dá para apreciar joias da arquitetura dos tempos gloriosos de Buenos Aires, como o Palácio Barolo (suba ao topo para ver o bar e café Salón 1923) e o Teatro Avenida. Parada obrigatória por ali: uma medialuna con queso caliente (croissant recheado com queijo derretido) para acompanhar o chá com leite no Café Tortoni. O lugar ainda guarda os espelhos, lustres e cristais franceses da época de sua inauguração, em 1858.
Um pouco mais à frente está a Plaza del Congreso e a cúpula do Congresso Nacional, um dos prédios mais imponentes da cidade. A Avenida Nove de Julio é principal artéria viária de Buenos Aires e tem como seu grande símbolo o obelisco. Próximo dali, o majestoso Teatro Colón, com mais de um século de existência, vale o tour guiado – ou, melhor, uma visita para assistir a um balé, concerto ou ópera. Os preços não costumam ser mais os mesmos, mas vale dar uma passada também nas Galerias Pacífico para ver as últimas ofertas. Inspirado nas Galerias Lafayette de Paris e considerado Monumento Histórico Nacional, o shopping é cheio de obras de arte, pintadas nas paredes e no teto.
Aos domingos, acontece em San Telmo a tradicional Feira da Plaza Dorrego, onde quase 300 barracas vendem de tudo – antiguidades, souvenires, roupas. Vale passar também na Calle Defensa, repleta de antiquários, e notar os coletivos de moda que reúnem peças de estilistas locais.
Reaberto em 2018 depois de uma reforma que dobrou seu tamanho, o Museu de Arte Moderna de Buenos Aires está instalado em uma antiga fábrica de tabaco em San Telmo. Ali você vai conhecer a trajetória de artistas argentinos como Delia Cancela e Alberto Heredia entre o acervo com mais de 7 mil obras desde os anos 1950 até os dias de hoje.
La Boca
A Buenos Aires de clichês pode render, no mínimo, boas fotos, a exemplo do cartão-postal mais manjado da capital, o Caminito. As fachadas coloridas do curto calçadão, de cerca de 150 metros, tem lojinhas de artesanato e dançarinos de tango buscando uns trocados.
Um dos principais responsáveis pelo estilo do Caminito foi Benito Quinquela Martín, pintor que tem um museu dedicado à sua vida e obras de arte, o Museu Benito Quinquela Martín, nos arredores. Por ali também acontece diariamente a Feira de Caminito.
A um pulo está a Fondación Proa, galeria de arte e centro cultural privado que expõem principalmente artistas modernos e contemporâneos consagrados: Alexander Calder, Hélio Oiticica, Ai Weiwei e o argentino Antonio Berni são alguns dos nomes que aparecem por lá. Completam o passeio sua arquitetura interessante, a vista para o Rio Riachuelo e o Café Proa, restaurante que ocupa um salão envidraçado no último andar.
A próxima parada é o lendário estádio La Bombonera, casa do Boca Juniors. Para conhecer a arena por dentro, vá até o Museo de la Pasión Boquense. O ingresso “express” garante a entrada em uma das arquibancadas em dias em que não há jogo, mas ver a bola rolando para valer não é impossível. O Boca Experience é um serviço oficial do clube e vende pacotes com bilhete, visita ao museu, guia turístico e traslados.
Outro espaço de arte imperdível em La Boca é a Usina del Arte. Sediado num belo prédio em estilo florentino que já abrigou uma usina elétrica no início do século 20 (também dá pra fazer um tour pela construção), hoje tem mostras de arte e apresentações de música, dança e teatro.
Puerto Madero
Nesse porto obsoleto que virou ponto turístico, as antigas docas e armazéns abrigam escritórios de multinacionais, lofts charmosos e restaurantes bacanas. Ali estão o Fragata A.R.A Sarmiento, um navio que foi transformado em museu flutuante, e a Coleção de Arte Amalia Lacroze de Fortabat, coleção pessoal da empresária argentina, uma das mais ricas do país, onde figuram nomes como Dalí, Rodin, Gustav Klimt e um retrato da própria Amalia assinado por Andy Warhol. Único cassino da Argentina, instalado em um navio ancorado no porto, o Casino Puerto Madero é um luxuoso estabelecimento flutuante que funciona 24 horas por dia. Não deixe de ver a ponte suspensa do arquiteto espanhol Santiago Calatrava e os guindastes e embarcações históricas ancoradas por lá.
Recoleta
O elegante bairro da Recoleta, com praças arborizadas e antigas mansões em estilo francês, é casa do famoso Cemitério da Recoleta, onde repousam personalidades argentinas como Eva Perón. Espalhados pelas alamedas estão quase cinco mil mausoléus de inspiração grega, barroca, art déco. Dá para continuar o passeio no Museo Nacional de Bellas Artes, que além de obras de gente como El Greco, Goya, Rembrandt, Degas e Cézanne guarda a maior coleção de arte argentina do país. Na Plaza Intendente Alvear, em frente, rola uma feirinha de artesanato nos fins de semana e feriados.
Próximo, o Palais de Glace já foi ringue de patinação, salão de tango e agora é uma galeria de arte com exposições temporárias. Faz sucesso no Instagram a Floralis Generica, uma escultura metálica em forma de flor de 20 metros de altura do arquiteto argentino Eduardo Catalano que enfeita a Plaza de las Naciones Unidas. Complemente o tour cultural na Recoleta com uma passada na El Ateneo Grand Splendid, possivelmente a livraria mais bonita do mundo, sediada em um teatro de 1919. No palco, onde até Carlos Gardel já se apresentou, está um café e por vezes um pianista provendo a trilha sonora.
Palermo
Enorme e dividido em sub-bairros com nomes como Soho e Hollywood, é o bairro mais badalado de Buenos Aires, point para lojas, cafés, galerias de arte, restaurantes e vida noturna. Coração verde de Palermo, o Parque Tres de Febrero, também chamado de Bosques de Palermo, fica lotado aos finais de semana com pessoas fazendo piquenique, praticando esportes, curtindo passeios de pedalinho e o enorme Planetário Galileo Galilei. Passeie entre seus diferentes jardins, como o japonês, o botânico e o colorido Rosedal, lotado de rosas.
O museu mais pop de Buenos Aires é o Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires). Sob o mesmo teto estão esculturas de cerâmica pré-colombianas datadas de 700 a.C., Tarsila do Amaral (o museu é casa do Abapuru) e Diego Rivera e exposições temporárias de gente como a brasileira Adriana Varejão.
Para conferir um dos novos espaços de arte da cidade, passe na Fola Gallery, galeria ocupa um antigo galpão em Palermo e ainda conserva parte da estrutura industrial. São 1200 metros quadrados dedicados à fotografia latino-americana, com mais de 250 fotógrafos no acervo. Para sentir a alma descolada do bairro visite a Feira de Palermo Soho, que rola nos fins de semana na Plaza Julio Cortázar (antiga Plaza Serrano) com peças de roupa, acessórios e artigos de decoração de designers locais.
Tango
Há as opções almost-Broadway, como o Piazzolla, dramático e belo, e o Señor Tango, um show espetaculoso, com direito a cavalo no palco. Para quem quiser uma experiência mais intimista, a pedida é o Bar Sur. Não é muito sofisticado, funciona em um bar de esquina pequeno, com salão apertado (para umas 30 pessoas, no máximo). O esquema é igual ao dos tangos mais manjados (pacote com jantar ou sem jantar), mas o roteiro é um pouco mais autêntico, com dois excelentes casais de bailarinos revezando-se durante a apresentação. Melhor que isso, só chegando na famosa milonga La Catedral, idealmente a tempo das aulas de tango, que rolam todos os dias. Em Las Barrancas, praça no bairro de Belgrano, embaixo de um belo coreto (diga “glorieta”), portenhos da gema se reúnem diariamente, às 20 horas, para uma milonga. Nada mais autêntico. É só chegar, achar seu par e bailar. Quem não souber, pode aparecer lá às segundas e às quartas, às 19 horas, e no fim de semana, às 17h30, para fazer uma aula.
Onde ficar
No Centro você está perto das atrações turísticas tradicionais e do comércio trivial, mas a região não é convidativa de noite e muitas hospedagens sofrem com a falta de atualização dos ambientes. Se fizer questão de ficar por ali, o Hotel Grand Brizo é boa pedida.
San Telmo é conhecida pelos albergues, com o America del Sur, com sala de estar e quintal propícios para socializar, e também tem sua seleção de hotéis, como o Anselmo, em frente à Plaza Dorrego, e o luxuoso Mansion Vitraux. Em Puerto Madero, que tem localização relativamente central, há hotelões como o Hotel Madero, com um rooftop aberto com vista para o antigo porto, e o Faena, do empresário visionário que ajudou a revitalizar a área. O Own Madero, com pegada executivo-moderno, é uma opção mais econômica.
As ruas charmosas da Recoleta são a escolha de muitos visitantes em primeira viagem à capital argentina. Ali estão alguns dos hotéis mais luxuosos da cidade, como o Palacio Duhau – Park Hyatt Buenos Aires, sediado em um palácio histórico, o Alvear Palace, icônico e elegante, e o Four Seasons Buenos Aires, famoso pelo restaurante Elena e seus brunches de domingo. Com pegada boutique, são boa escolha o Mio Buenos Aires, que conta com quartos amplos com banheiras de madeira maciça, e o CasaSur Recoleta, que empresta bicicletas para os hóspedes. Quem quer mais estrutura pode procurar o Recoleta Grand ou o Loi Suites, ambos com piscina. Para pagar menos, o A Hotel faz estilo bed and breakfast.
Palermo tem uma ampla gama de hospedagens bacanas para estar a poucos passos de cafés, bares, restaurantes, livrarias. Até os hostels são descoladinhos por ali, a exemplo do Meridiano, com mobiliário vintage, e do Malevo Murana, com um pátio ao ar livre gracinha. O Palo Santo Hotel agrada com varadas e banheiras em todos os quartos, e o Vain Boutique Hotel, pelo jeitão de pousada chiquezinha, instalada em uma casa histórica. O Nuss Buenos Aires Soho fica de frente para a praça Cortázar e dispõe de quartos espaçosos, e o Mine Hotel tem um quintal bonito com piscina. O jardim também chama a atenção no Home, que tem restaurante e acomodações com papéis de parede retrô. O suprassumo dos hotéis-boutique é o BE Jardín Escondido by Coppola, em uma charmosíssima casa onde o diretor americano residiu durantes as filmagens de Tetro (2009).
Onde comer
É na mesa de restaurantes e cafés e no balcão dos bares que está um dos maiores prazeres portenhos. A variedade da mesa tem os representantes da tradição como as parrillas e cortes de carne que beiram a perfeição em alguns endereços – o cozimento na brasa é uma instituição local. Tem opções que se estendem pela influência italiana das pizzas, pelas empanadas, pelos sanduíches no pão de miga. E tem ainda uma nova cena, alinhada com tendências globais como a valorização de ingredientes locais, o boom da coquetelaria e a onda das cafeterias especiais.
Para começar o dia com as famosas medialunas e um cortado, o Lúcio Pizza y Pasta não tem erro. Empanadas estão por todo lado, mas as do La Cocina (Av. Pueyrredón 1508) estão entre as melhores da cidade, com recheios generosos. Elas também são a principal atração no El Sanjuanino, com sabores clássicos como jamón y queso ou de verduras.
A onda dos cafés gourmets chegou em Buenos Aires: é só ver o Cuervo Café, que poderia estar no Brooklyn, e o Duca Coffee, com grãos orgânicos de pequenos produtores latino-americanos. A Salvaje Bakery é point hipster para brunches e comidinhas saudáveis, com uma seleção de pães de fermentação natural.
Os sanduíches de pão de miga (uma versão do nosso pão de forma, sem casca) são mais uma das imperdíveis tradições portenhas. Peça o mais clássico, de jamón cocido e queijo, na Confitería Dos Escudos. Para outro sanduba de respeito, o Chori vende uma versão moderninha do famoso choripán, com chorizo e molho chimichurri.
Buenos Aires clama ter algumas das melhores pizzarias do mundo fora da Itália. Uma das mais clássicas é a Pizzaria Güerrin, de 1932, para comer depois de assistir a algum espetáculo de teatro do Centro ou num fim de noite. Para pizzas individuais e fininhas, estilo napolitano, vá à Siamo nel Forno, em Palermo.
Em San Telmo está a La Brigada, uma parrilla que serve carne tenra, preparada à perfeição, e um serviço impecável que honra o nome do restaurante. Único restaurante argentino na lista da Restaurant em 2019, o Don Julio é uma churrascaria clássica e elegante para provar cortes como entraña e ojo de bife com um bom Malbec. A parrilla do bodegón rústico El Obrero já serviu celebridades – vá de bife de chorizo e tortilla com batatas e cebola. A La Carnicería é a epítome da nova geração de restaurantes focados em parrilla: a especialidade são as carnes defumadas com madeiras nativas argentinas e o ambiente, descontraído, lembra mais o de um bar. Na Corte Comedor, no bairro chinês de Buenos Aires, a carne vem do açougue próprio do restaurante.
No Proper, sediado em uma antiga oficina mecânica em Palermo, são preparadas receitas que mudam diariamente, conforme os ingredientes frescos disponíveis no mercado, em uma churrasqueira a lenha. O Mengano Bodegón é uma casa aconchegante ideal para um jantar a dois que prepara em uma cozinha aberta pratos clássicos como milanesa e revuelto gramajo com um toque moderno de chef. Para um almoço badalado em Palermo, a Casa Cavia tem um jardim altamente instagramável e divide espaço com um centro cultural e uma floricultura. Outra opção é o La Alacena, da chef Julieta Oriolo, bom para brunches, sanduíches e massas frescas.
Em uma cidade obcecada por carne, vegetarianos tem ganhado mais espaço. O informal Hierbabuena, em San Telmo, tem pães, wraps, saladas e docinhos naturais. Em Palermo, o improvável Sacro, um dos melhores restaurantes do momento, é totalmente vegetariano, com pratos inspirados por receitas de várias partes do mundo.
Para alta gastronomia, o recente Warnes, instalado em um antigo galpão na Villa Crespo, mostra a “cozinha de autor” do chef Rodrigo Sieiro, com menu-degustação feito com ingredientes bem selecionados. No proeminente Tegui, casa mais autoral do chef Germán Martitegui, o menu muda de acordo com os ingredientes que ele tem em mãos, mas há sempre algo ligado às raízes do país, o que explica receitas como escabeche de coelho e purê de batata com carvão de quebracho (árvore encontrada no norte da Argentina). No El Baqueano, do chef Fernando Rivarola, as preparações são centradas em animais típicos da Argentina e outros ingredientes autóctones. O menu-degustação traz carne de jacaré, chinchulines (tripas) de cordeiro e abadejo da costa argentina.
Documentos
Brasileiros podem entrar na Argentina com carteira de identidade (RG) ou passaporte com validade para duração da estadia.
Dinheiro
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Saúde
Nenhuma vacina específica é necessária para entrada no país.