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Gonçalves (MG): hotéis, passeios, roteiros, festivais e mais

Por Mirela Mazzola
Atualizado em 20 Maio 2024, 12h23 - Publicado em 9 jun 2023, 20h06

 

+Encontre cabanas para alugar em Gonçalves (MG)

Enquanto Monte Verde se estabelecia como um dos principais destinos de serra do país, Gonçalves, também no Sul de Minas Gerais, não passava de uma simpática cidadezinha cortada por montanhas e cachoeiras. Com o tempo, o clima pacato, somado ao difícil acesso e a uma inesperada vocação turística – que muito se deve às belas paisagens e à boa cozinha mineira – converteu Gonçalves a uma espécie de destino alternativo, voltado aos avessos à badalação. Essa toada trouxe pousadas e restaurantes charmosos, abastecidos com ingredientes orgânicos, além de um comércio interessante, com ateliês, empórios e lojas de artesanato. Laranja lima.

Embora pertença a Minas Gerais, os paulistas são o público cativo (Gonçalves está mais perto de São Paulo do que de Belo Horizonte). A cidade conta com alguma estrutura, mas vale levar dinheiro vivo (alguns estabelecimentos não aceitam cartões e há apenas caixa eletrônico do Banco do Brasil) e se preparar para os 22 km de estrada de terra montanha acima – em épocas chuvosas ela fica em condições ruins, mas é transitável. A página do turismo de Gonçalves no Instagram é bastante organizada e traz as últimas novidades do destino.

QUANDO IR PARA GONÇALVES

A 1 250 metros de altitude, Gonçalves entrega as baixas temperaturas esperadas para o inverno na serra (nessa estação, e também nos feriados, as diárias ficam mais caras). O verão pode trazer chuvas, mas é a melhor época para aproveitar as cachoeiras da região e fazer o boia-cross no Rio Capivari. É comum os restaurantes fecharem no começo ou no meio da semana. 

COMO CHEGAR EM GONÇALVES

Quem vem de Belo Horizonte ou de São Paulo segue pela Fernão Dias (BR-381) até Cambuí (MG), onde começa a estrada de terra rumo a Gonçalves. Da capital paulista há outro caminho, asfaltado e com mais pedágios, pela Via Dutra (BR-116) ou pelo sistema Ayrton Senna/Carvalho Pinto (SP-070), sentido Campos do Jordão.  No trevo de Santo Antônio do Pinhal, entre à esquerda e pegue a saída para SP-050, sentido Paraisópolis e, 7 km depois de São Bento do Sapucaí, vire à esquerda e siga por 13 km.

COMO CIRCULAR EM GONÇALVES

O carro é quase inevitável, já que as pousadas, cachoeiras e restaurantes se distribuem pelas estradinhas de terra do entorno, como a que leva ao distrito de São Sebastião das Três Orelhas. No Centro estão algumas lojas e ateliês, além de barzinhos.

O QUE FAZER EM GONÇALVES

Gonçalves atende bem quem sobe a serra em busca de cachoeiras e boa comida mineira, além de artesanato autêntico e quitutes para levar para a casa. Se o tempo não ajudar, o conforto das pousadas não deixa a desejar em dias de chuva. 

Cachoeiras

Na estrada para o bucólico distrito de São Sebastião das Três Orelhas estão as cachoeiras mais famosas da cidade: Sete Quedas, do Simão e do Cruzeiro. Para conhecer as Sete Quedas, distribuídas por 700m de vale, é preciso deixar o carro no estacionamento a 300m da Pousada Trem das Cores. A primeira e a última, a Cachoeira do Retiro, são boas para banho. O ingresso para as Sete Quedas também permite visitar a Cachoeira do Cruzeiro, acessada ainda por uma trilha para hóspedes da Pousada Villa Catarina. Boa para banho, a queda é segura para crianças e tem piscina, hidromassagem e escorregador naturais. Já a Cachoeira do Simão, facilmente acessada pela estrada, tem uma hidromassagem natural graças à força da água sobre o pequeno lago. O local tem estacionamento e costuma lotar aos fins de semana. 

É possível visitá-las sem o acompanhamento de guia ou ainda contratar um passeio da Tribo da Montanha, com carro próprio ou da agência – dura cerca de três horas e inclui uma visita à Cachoeira das Andorinhas, em propriedade particular e sem poço para banho. A agência organiza ainda passeios de jipe pela Serra da Mantiqueira. 

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Aventura na montanha

A 2 250m de altitude, a Pedra São Domingos permite avistar Campos do Jordão, Monte Verde e a região de Pouso Alegre em dias abertos. O percurso é feito em veículo 4×4 e deve ser acompanhado de guia. As agências Tribo da Montanha e Mantiqueira Ecoturismo operam o passeio. 

As duas empresas também organizam trilhas pela região. A da Pedra Bonita (foto abaixo) é indicada para quem tem bom condicionamento físico, já que o pico, de onde é possível enxergar Gonçalves e Campos do Jordão, fica a 2 120 m. A caminhada íngreme dura cerca de seis horas e é melhor se ocorrer no inverno, quando chove menos. Para chegar ao topo da Pedra do Forno, a 1971 metros, você percorre um bosque de araucárias e riachos em cerca de três horas. De lá, dá para avistar dois cartões-postais da região, as pedras do Baú, em São Bento do Sapucaí, e Chanfrada, além da cidade de Gonçalves e, em dias claros, Campos do Jordão.

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A Tribo da Montanha também opera esportes de aventura na água. O boia-cross no Rio Capivari ocorre apenas apenas no verão, de janeiro a março (quando chove mais e o volume de água aumenta). São dois percursos, a descida de 1 km por corredeiras moderadas e o mais radical, de 3 km. O canyoning na Cachoeira dos Henriques dura quatro horas e inclui acquatrekking e rapel na Cachoeira dos Henriques.

 

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Arte, artesanato, moda

O Centro está cheio de lojinhas que valem o passeio e rendem boas compras. No ateliê Popoke Brasil você encontra toy art feita em madeira que é de encantar crianças e adultos. No ateliê Papegilla, Cynthia Gavião produz delicadas peças usando papel e argila, a exemplo de pratos decorativos, quadros, vasos e cumbucas – desenhos de árvores e plantas da região são temas recorrentes no trabalho dela. Artigos de decoração são a especialidade da Dona Terra Decor. Para cerâmicas e cestarias bem brasileiras rume para a Arte Zen. No Ateliê Valhalla, as araras são preenchidas por roupas artesanais, como as feitas com mantas de tear. Contas de vidro coloridas dão origem às bijuterias da designer Rebeca Gerberoff. No bairro do Retiro, o ateliê de Regina Rennó exibe as telas da artista visual e ilustradora mineira. 

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Comidinhas

Fernanda Kurebayashi é uma espécie de alquimista de geleias, conservas e chutneys. Na Senhora das Especiarias dá para provar e comprar delícias criadas por ela como o chutney de maçã com castanha do Brasil e a geleia de amora com cachaça. Para queijos e doces mineiros, vale passar na A Pioneira

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ONDE FICAR EM GONÇALVES

Gonçalves reúne uma boa oferta de pousadas, principalmente se a ideia for curtir um fim de semana a dois. Veja nesta outra matéria cabanas e bangalôs românticos no Airbnb para alugar em Gonçalves. Na Bicho do Mato, os oito chalés são rodeados pelo verde e têm camas queen-size com lençol térmico e lareira. Além do café da manhã, o jantar no restaurante Sauá, que atende a não-hóspedes, está incluído na diária. As unidades da Pousada Espelho D’Água ostentam uma das melhores vistas da cidade: quem fica na categoria Luxo Cachoeira dá de cara com a Cachoeira do Retiro ao abrir a janela.

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Com 18 chalés charmosos, a Solar d’Araucária é uma das maiores de Gonçalves, com unidades de diferentes categorias – em comum a elas estão bom espaço, lareira, hidromassagem e amenities Natura Ekos. Aqui também funciona o restaurante Nó de Pinho, aberto ao público. Na Lua de Pedra os chalés com varanda se distribuem em um bem-cuidado jardim. A área social inclui churrasqueira e um espaço com sauna seca, área de descanso e hidromassagem. Na graciosa Villa Catarina, o café da manhã com itens orgânicos é desfrutado com vista para as montanhas. Dos amplos chalés, decorados em tons terrosos, uma varanda descortina a vista para a mata – uma trilha fácil dentro da propriedade leva à Cachoeira do Cruzeiro. Uma pequena cozinha e as paredes coloridas dão um ar de casa mineira aos chalés da Pousada Riacho das Pedras, que conta com um convidativo redário no jardim. Como o nome sugere, a Pousada Serra Vista se destaca pela paisagem cercada pelas montanhas. Além da bonita vista, os chalés dispõem de lareira (a maioria tem hidromassagem).

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O Cabanas Rudá possui apenas dois chalés a 1.800 metros de altitude: cada um possui 45m² de área construída, mais um amplo quintal com jacuzzi, chuveiro externo, espreguiçadeiras e fogueiras. Além dos lençóis Trousseau e dos amenities Avantim, os mimos incluem panelas de fondue e cafeteira Nespresso. O café da manhã pode ser contratado à parte.

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Perto da entrada para as Sete Quedas, a Pousada Trem das Cores tem casinhas que lembram um vilarejo na roça. Nas unidades com dois quartos, o piso da saleta é de cimento vermelho, típico das antigas moradas do interior – mas também há espaço para “modernidades”, como hidromassagem e ofurô. Na Cabanas no Mundo, os chalés têm elementos decorativos de países como Inglaterra, França e Japão, além de trilhas e nascentes, como que a que forma a bonita Cachoeira da Lua. Na Vila Khepri, o café da manhã é servido em uma aconchegante edícula com fogão a lenha e mesas compartilhadas. Como fica na entrada da cidade, basta uma caminhada para chegar às lojas e restaurantes do Centro. Uma das pioneiras em Gonçalves, a Pousada Vida Verde também é uma boa opção para famílias com crianças: há piscina, playground, quadra society e trilha que leva à Cachoeira do Simão, além de unidades com dois dormitórios (os chalés para casais são mais afastados).

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ONDE COMER EM GONÇALVES

Conhecida pela tradição mineira e pelo cultivo de alimentos orgânicos, Gonçalves despontou como destino gastronômico na Serra da Mantiqueira. Antes de pegar a estrada, ou ir até o centrinho, confirme se o restaurante está funcionando ou exige reserva por WhatsApp (é uma prática comum na cidade). Duas hospedagens mantêm restaurantes abertos a não-hóspedes, com reserva e preços acima da média – mas vale considerar para uma refeição especial. No Sauá, dentro da Bicho do Mato, o chef Vitor Pompeu dá uma roupagem gourmet a receitas mineiras, como a guisado de paleta de porco com quirerinha cremosa, mostarda de Dijon e chips de batata-doce. Na Solar d’Araucária, o restaurante Nó de Pinho também valoriza ingredientes locais, como na truta na farinha de tempurá com crocante de amêndoa e risoto de pinhão. 

Em um gostoso sítio no bairro dos Venâncios, o restaurante da Vilma serve receitas caseiras mineríssimas sobre o fogão a lenha, por um preço fixo. Não deixe de provar a carne na lata, em que a carne de porco é conservada na banha antes de ir para a panela. O Deméter na Roça fica no Centro e tem proposta parecida, com receitas como polenta, farofa e virado de feijão. A Pedra Chanfrada é o cenário da refeição no Ao Pé da Pedra, com tentações como o bolinho de batata com queijo e torresmo. A localização está clara no nome do Detrás da Matriz, que também funciona como empório de queijos, pães, cervejas e embutidos artesanais. As receitas, como o ravióli de batata-doce orgânica, variam de acordo com os ingredientes da estação. 

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Bares e comidinhas

Gonçalves tem boas alternativas para lanches no meio da tarde e esticadas após o jantar. Alguns restaurantes, como o Detrás da Matriz também funcionam como café. Ainda no Centro, o simpático Janelas com Tramela serve pratos executivos no almoço e, à noite, recebe apresentações de música ao vivo. Na Estrada de São Sebastião das Três Orelhas, dois bares têm boa oferta de cervejas artesanais: o Sebastian Bar, que serve pratos e quitutes como pastéis de milho e linguiça de truta, e o Sabores da Mantiqueira, com menu de caldos, escondidinhos e um afamado sanduíche de biscoito de polvilho no lugar do pão. 

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SUGESTÃO DE ROTEIRO EM GONÇALVES

Dependendo do horário que chegar na cidade, o jantar em um dos restaurantes ou bares do Centro pode abrir o fim de semana em Gonçalves. No sábado, comece percorrendo as cachoeiras mais famosas (as Sete Quedas, que incluem a Cachoeira do Retiro, e a Cachoeira do Simão, que pode estar bem movimentada), ou ainda levando muita água na cara no canyoning na Cachoeira dos Henriques. No verão, vale se organizar para o boia-cross no Rio Capivari. O almoço pode ser no restaurante da Vilma ou no Ao Pé da Pedra (por serem mais afastados, ligue antes ou peça para a pousada entrar em contato para não perder a viagem). Os mais aventureiros podem ainda subir as pedras São Domingos, Bonita ou do Forno, acompanhados de guia. 

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Dica: sábado também é o dia para visitar a feirinha de orgânicos, que não acontece aos domingos, e o Alambique Três Barras da Cachaça Gonçalves. Depois dos passeios, um jantar especial no Sauá ou no Nó de Pinho podem encerrar o dia (não esqueça de reservar). Domingo dá para deixar a pousada sem pressa e percorrer as lojas de artesanato do Centro. Antes ou depois das compras, o almoço pode ser por ali mesmo – os restaurantes  Detrás da Matriz e Deméter na Roça são boas alternativas. 

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VT RECOMENDA

O cultivo de alimentos orgânicos abastece as cozinhas da cidade e também contribui para a fama de Gonçalves como destino gastronômico. Aos sábados, é possível comprar direto dos produtores na feirinha de orgânicos da Rua Fausto Rezende de Souza. Além de hortaliças e frutas, há mel, queijos e mudas de plantas. 

Muito antes de o turismo despontar na cidade, em 1952, o Alambique Três Barras começou a produzir cachaça segundo os princípios do cultivo orgânico, com cana da plantação própria. Na estrada para Paraisópolis, a 4 km do Centro, o agricultor José Menino deu continuidade ao negócio do tio, Mané Cota, e produz a cachaça artesanal Gonçalves em versões puras e aromatizadas (com figo, banana e canela, por exemplo). O processo sustentável inclui a moagem movida pela força da água e o aquecimento das caldeiras com o bagaço da cana (cujo resíduo ainda serve como adubo e para alimentar o gado). A propriedade abriga ainda a Pousada Dona Manoela, com chalés dotados de minicozinha, lareira e hidromassagem. 

 

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