Porto: melhor época, hotéis, restaurantes, passeios e mais

Por Rachel Verano Atualizado em 21 Maio 2024, 16h19 - Publicado em 18 nov 2022, 18h11

+Clique para ler sobre o novo complexo World of Wine, no Porto

Já não é novidade dizer que Portugal está na moda, e o reflexo disso é que seus principais cartões-postais estão mais atraentes do que nunca – e cheios de novidades. É assim com Lisboa, com o Alentejo, com o Algarve… E não é diferente com a Invicta (como a cidade do Porto é conhecida). Estrategicamente localizada onde o Douro encontra as gélidas e revoltas águas do Atlântico, desenhando um belo cenário, a cidade de cerca de 215 mil habitantes soube conservar a sua história e galgar passos consistentes rumo ao futuro. Restaurantes estrelados e hotéis cheios de charme hoje fazem parte do cenário ao lado de belos cafés art deco com quase 100 anos de idade, igrejas seculares e alguns dos mais bonitos painéis de azulejos do país. Chefs famosos de Lisboa, como Henrique Sá Pessoa e José Avillez, abriram aqui filiais de suas casas recentemente, enquanto endereços de sotaque francês ou italiano deram uma bela diversificada no cenário. Galerias de arte, lojas de design, bares badalados… A hora do Porto é agora. Uma viagem perfeita para sentir as novas brisas que sopram nesta pontinha da Península Ibérica, sempre com aquele cheiro de história no ar (e a simpatia tão característica dos portugueses do norte).

QUANDO IR

O clima em Portugal não é de extremos e, por isso, é agradável o ano todo. Em pleno norte do país, o Porto sofre um pouquinho mais do que destinos mais ao sul, como Lisboa. A época das chuvas coincide com as temperaturas mais baixas (que, entretanto, não chegam a ser negativas) e vai de outubro a março. Os melhores meses para visitar a cidade são abril, maio, junho e setembro. Julho e agosto, no auge do verão, podem ser quentes e muito concorridos. Junho é um mês especial para quem curte um agito. É o mês do Primavera Sound, a versão do superfestival de Barcelona, que acontece nos mesmos moldes também aqui desde 2012, com grandes atrações internacionais. Em 2020, ele rola entre os dias 11 e 13. A maior festa da cidade também acontece nesse mês – é o São João, quando as ruas são invadidas na noite do 23 para o 24 com shows, bailaricos e barraquinhas vendendo sardinhas por todo canto.

COMO CHEGAR

Há voos diretos de São Paulo (Guarulhos) e do Rio de Janeiro (Galeão) para o Porto, operados pela TAP. É também possível chegar ao país via Lisboa – voam diretamente para a capital a Azul (de Guarulhos e Viracopos), a LATAM (de Guarulhos) e a TAP (de Belém, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo). Entre as duas cidades há voos frequentes. O Aeroporto Francisco Sá Carneiro fica a cerca de 20 quilômetros do centro da cidade. Há diferentes maneiras de ir de lá até o centro. Um táxi vai custar, em média, entre € 20 e € 25; Um Uber, a parti de € 15. Quem preferir ir de Metrô basta embarcar na linha E, Violeta, sentido Estádio do Dragão. O bilhete até o centro (Z4) custa € 2. Diferentes linhas de ônibus da STPC fazem o percurso, sendo as linhas 601 e 602 Cordoaria boas alternativas. O bilhete ocasional custa também € 2. Há, ainda diferentes empresas de shuttle que levam até o centro e as cidades vizinhas, caso da 100 Rumos, da Get BUS, da Goin’Porto, da Ovnitur e da Barquense.

Quem preferir seguir de carro de Lisboa até o Porto vai encarar uma das melhores estradas do país, a A1, num trecho de pouco mais de 300 quilômetros. O valor do pedágio para um carro de passeio é € 22,20. A Rental Cars tem uma ferramenta de busca que pesquisa as melhores ofertas nas locadoras, inclusive low-costs. Outra opção é embarcar nos trens de alta velocidade, chamados Alfa Pendular (identificados pelas iniciais AP), operados pela CP (desde € 31,20 em segunda classe ou € 43,60 em segunda, 2h50 de viagem, partindo da estação de Santa Apolônia e chegando em Campanhã). Há também trens mais lentos e mais baratos, menos recomendados.

COMO CIRCULAR

No centro da cidade, faz-se tudo a pé. Para cobrir maiores distâncias, o Metro pode ser uma boa opção, embora não cubra toda a cidade. São seis linhas (A, B, C, D, E e F), divididas em zonas, e há três modalidades de transportes ocasionais (chamado Andante) – para todas é preciso adquirir o cartão recarregável (€ 0,60). A primeira, chamada Azul, é o bilhete único que, dependendo da zona, custa de € 1,20 a € 5,20. O Andante 24h tem a validade de um dia e, também dependendo da zona, custa de € 4,15 a € 18. Há, ainda o Andante Tour, de uso ilimitado por toda a rede, que custa € 7 (um dia) e € 15 (três dias). Os ônibus da STPC cobrem toda a cidade, com bilhetes desde € 1,20 para quem tiver o cartão Andante (o valor também depende da zona). Por fim, há táxis por toda a cidade e o Uber funciona bem. Vale evitar circular de carro pelo Porto – além de trânsito pesado, ruas estreitas e sentidos confusos, estacionar é sempre uma dor de cabeça. Nas ruas é raro encontrar lugares e os estacionamentos ficam frequentemente cheios, com grandes filas na porta (inclusive durante a madrugada).

PASSEIOS

Centro

Todos os principais cartões-postais do Porto estão reunidos no coração da cidade, a uma curta distância uns dos outros. Vale começar pelo marco-zero: a Catedral da Sé, imponente templo fortificado erguido em estilo romano-gótico no século 12. A melhor e mais recente novidade é que, agora, é possível visitar também o vizinho Paço Episcopal, mediante reservas antecipadas, um lindo palacete que é a casa dos bispos – entre afrescos e salões, merece destaque a escadaria de granito acrescentada no século 18 sob a claraboia, que cria um bonito jogo de luzes. De lá são 5 minutinhos a pé até a emblemática Estação Ferroviária de São Bento, monumento nacional que comemorou um século de vida em 2016. Ponto de passagem de um milhão de pessoas todo mês, tem um belo átrio recheado de painéis de azulejo de autoria do artista Jorge Colaço que contam a evolução dos meios de transporte utilizados pelo homem.

A Torre dos Clérigos, monumento de inspiração barroca finalizado em 1763 com 75 metros de altura, descortina lindas vistas da cidade como recompensa para quem encarar seus exatos 225 degraus. A poucos passos dela fica a linda Livraria Lello, onde os vitrais e a escadaria disputam a atenção com o acervo – e ganham, claro. Ela teria inspirado a escritora britânica J.K. Rowling na saga de Harry Potter. Fãs da série fazem filas diárias e a transformaram em atração turística incontornável. É preciso ser claro: as filas para entrar e o hype beiram o insuportável.

Ribeira

A beira-rio do Porto é encantadora, com suas casinhas de fachadas coloridas e gastas, onde os restaurantes e cafés espalham gostosas mesinhas ao ar livre de camarote para a Ponte D. Luís I, do final do século 19. Fica na região uma das mais bonitas igrejas do Porto, a de São Francisco, tombada como Patrimônio Mundial pela UNESCO em 1996 e dona de interiores revestidos em talha dourada. Ela fica pertinho do Palácio da Bolsa e costuma ser o palco de emocionantes concertos de música clássica. O palácio vizinho merece a visita pelo Salão Árabe, ricamente decorado tendo como modelo o Alhambra, de Granada, na Andaluzia espanhola.

Fora do centro

Fica na região da Boa Vista um dos projetos mais ousados da cidade, a Casa da Música, um complexo dedicado ao tema projetado pelo arquiteto holandês Rem Koolhaas, ganhador do Prêmio Pritzker no ano 2.000. Do lado de fora, chama a atenção pela sua forma de diamante lapidado; do lado de dentro, impressiona pelo perfeccionismo empregado em cada detalhe (como o revestimento das cadeiras da sala principal de espetáculos, que interfere na reverberação e absorção do som). Há visitas guiadas diariamente. Outro grande ícone incontornável do Porto é o Museu de Serralves, edifício projetado pelo arquiteto português Álvaro Siza Vieira cujo acervo dedica-se à arte contemporânea a partir dos anos 60. Os jardins dos arredores são providenciais para uma pausa.

A região onde o Douro desagua no mar, oficialmente batizada Foz do Douro, é gostosa para passeios a pé. Um calçadão acompanha a orla e rende gostosas caminhadas até a Praia da Luz. Não muito longe, o Parque da Cidade é considerada a maior área verde urbana de Portugal (são 800 mil metros quadrados!). Quem estiver com crianças a tiracolo vai gostar do passeio ao Sealife Porto, um aquário onde é possível alimentar as tartarugas e ficar cara a cara com tubarões em um túnel subaquático.

Vila Nova de Gaia

Estrategicamente localizada na margem oposta do Douro, Gaia descortina as mais belas vistas da Invicta (como a cidade do Porto é conhecida) – ainda mais a bordo do Teleférico de Gaia, que faz um passeio panorâmico de 5 minutos. O ponto de partida fica bem aos pés da Ponte D. Luís I e o trajeto margeia o rio, coalhado de barquinhos coloridos, e as caves de vinho do Porto, a verdadeira razão que leva hordas de turistas até ali. São dezenas de opções para conhecer e fazer degustações. Na Ramos Pinto é possível visitar as salas de envelhecimento e conhecer um pouco mais sobre a história do vinho do Porto em um pequeno museu. A Taylor’s, cujo nome entrega de imediato a íntima relação entre ingleses e portugueses quando o assunto é o vinho licoroso, também tem um museu que pode ser explorado com áudio-guia. Além das provas tradicionais, é possível, com reserva antecipada, fazer degustações individuais comentadas, aulas e workshops e ainda assistir a uma cerimônia de abertura de garrafas a fogo. A Quinta do Noval tem um bar de vinhos e é outra opção interessante. Dá para chegar a pé até Gaia, cruzando a Ponte D. Luís I. A linha D do metrô também atravessa o rio. Vila Nova de Gaia ganhou o World of Wine, um verdadeiro complexo dedicado ao vinho com sete museus, 12 restaurantes e bares, uma escola e um pátio com uma linda vista para o Porto, leia mais aqui.

ARREDORES DO PORTO

Aveiro

Cerca de 70 quilômetros rumo ao sul separam o Porto de Aveiro, cidadezinha de cerca de 80 mil habitantes à beira-mar que, por ser cortada de canais, foi apelidada de Veneza Portuguesa. Uma delícia fazer um passeio nos tradicionais barcos moliceiros e, no centro, caminhar com atenção aos belos edifícios art-nouveau. A Costa Nova é famosa por suas casinhas de listras coloridas, que rendem ótimos cliques para o Instagram. Não vá embora sem provar, in loco, os ovos moles de Aveiro, um creme aveludado de ovos que pode ser vendido em pequenos barris, para comer de colher, ou em formatos variados, com finas capinhas de massa que lembram hóstias. O melhor restaurante local é o Sal Poente, instalado num antigo armazém de sal, especializado em receitas delicadas, criativas e irrepreensíveis à base de bacalhau. Em Ílhavo, logo ao lado, fica a fábrica da mais famosa porcelana portuguesa, a Vista Alegre. Há nos seus arredores um belo museu onde é possível acompanhar, inclusive, artistas pintando peças à mão. A marca tem ainda um ótimo hotel com spa e uma deliciosa piscina ao ar livre, o Monte Belo Vista Alegre, e lojas de fábrica que vendem as peças com desconto.

Douro

Primeira denominação de origem de vinhos do mundo (declarada pelo Marquês de Pombal em 1756) e maior região produtora de vinhos de Portugal, o Douro fica a menos de duas horas de viagem do Porto. Sinônimo de um dos mais famosos vinhos fortificados do planeta (o licoroso vinho do Porto), ela produz também ótimos brancos e tintos que estão entre os melhores do país. Os melhores programas pela região incluem refeições em belos restaurantes e visitas com direito a degustação em lendárias vinícolas. A partir do Porto, dá para programar viagens de bate-e-volta, mas ficar com calma é a melhor pedida. São boas opções de hospedagem o Original Douro Hotel (diárias desde € 65), a melhor alternativa boa e barata; a Quinta do Vallado (diárias desde € 150), onde os quartos estão espalhados por duas casas – uma tradicional e outra supermoderna – dentro de uma propriedade vinícola onde fica uma piscina providencial; e, para adeptos da política do “eu mereço”, o Six Senses Douro Valley (diárias desde € 600), um dos melhores hotéis de Portugal, dono de um spa incrível e de uma piscina que descortina lindas vistas do rio.

Guimarães e Braga

Corria o século 12. Havia quase 500 anos que a Península Ibérica estava completamente dominada pelos mouros, que erguiam imponentes palácios, castelos e mesquitas pelos quatro cantos. Foi então que, aos pés da fortificação onde nasceu, um castelo-fortaleza edificado no século 10, dom Afonso Henriques liderou aquela que se chamou Batalha de São Mamede contra o Exército de sua mãe, a condessa Teresa de Leão. Venceu. E saiu rumo ao sul varrendo os invasores das terras e estabelecendo as fronteiras do que seria o mais novo país da Europa. Nascia Portugal. O cenário é hoje a principal atração de Guimarães, berço da nação portuguesa a apenas 60 quilômetros de distância do Porto. Há outras tantas, caso da linda Igreja de São Francisco (Rua Padre Garpar Roriz), cujo interior está recheado de azulejos, e do belo casario erguido entre os séculos 15 e 19 no centrinho histórico que se espalha aos pés do belo Largo da Oliveira. Uma das maiores surpresas edição 2019 do Guia Michelin foi a atribuição de uma estrela a um restaurante local, A Cozinha, comandado pelo chef António Loureiro, adepto da filosofia do desperdício zero. De suas mãos saem receitas criativas e delicadas feitas à base dos produtos mais frescos da estação.

A vizinha Braga, meros 25 quilômetros rumo ao norte, é terra da mais antiga catedral portuguesa, a , construída no século 12. Mas sua história vai bem mais longe. Antiga Bracara Augusta, a cidade foi a capital da antiga Galécia (hoje Galícia) durante os tempos do Império Romano. Dessa época restam importantes testemunhos, caso das ruínas do balneário romano, dentro da estação de trem, e da Fonte do Ídolo, do século I. Considerada a capital religiosa de Portugal, a cidade é um importante centro de peregrinação católica, e o Santuário do Bom Jesus do Monte, construído em estilo barroco, em 1722, a 5 quilômetros do centro, é incontornável. Uma linda via-sacra recheada de capelinhas e jardins conduz, escadaria acima, até o topo, onde fica a basílica (quem preferir pode subir sem percalços em um funicular hidráulico).

ONDE FICAR

Bons ventos sopram na hotelaria do Porto, que acaba de ganhar duas novidades incríveis para o seu seleto grupo de cinco-estrelas: o lindíssimo Maison Albar Le Monumental Palace, instalado em um elegante palácio cheio de história em plena Avenida dos Aliados (com direto a um ótimo spa e dois belos restaurantes); e o Torel 1884, mais novo irmão do já consagrado Torel Avantgard, endereço exclusivo com apenas 12 quartos e suítes inspirados no mundo das grandes navegações portuguesas, decorados com objetos que remetem à Ásia, à América e à Ásia. Quem preferir pode se hospedar, ainda, em um de seus 11 apartamentos localizados a 200 metros de distância.

As boas novas vieram se somar a outros pesos pesados locais, caso do Palácio das Cardosas, um empreendimento do grupo InterContinental a poucos passos da Estação de São Bento, recheado de ambientes requintados decorados com mobiliário clássico; e do Pestana Palácio do Freixo, instalado em um palacete do século 18 declarado Monumento Nacional em 1910. Um pouco mais afastado do centro e debruçado sobre o rio, tem uma bela piscina e um spa. Completa as opções de luxo da região o The Yeatman, uma verdadeira ode ao mundo dos vinhos, já do outro lado do Douro, em Vila Nova de Gaia.

Há boas opções também na ala dos hotéis boutique, e entre eles o Porto A.S. 1829 Hotel é uma ótima pedida. Os 41 quartos instalados no simpático edifício de fachada de azulejos do século 19 têm surpresas como banheiras de ágata, poltronas de veludo e móveis de ares vintage. Também nas proximidades da Estação de São Bento, a menos de 300 metros de distância, o Flores Village Hotel & Spa é um bonito casarão do século 18 que descortina lindas vistas da cidade. Destaque para os quartos superaconchegantes e o spa, com uma providencial piscina interior. Nos arredores do Bolhão, ainda na região central, o Malmerendas Boutique Lodging tem apenas 4 suítes e dois estúdios em um lindo casarão do século 19 impecavelmente restaurado, com direito a altas portas de madeira e paredes de pedra. Tem um gostoso jardim e o café da manhã pode ser servido no quarto.

No universo das guesthouses cheias de estilo, merecem atenção a The White Box Boutique House, com quartos bem decorados e charmosos; a Mercador Guesthouse, em plena Miguel Bombarda, num simpático edifício de fachada verde-água a poucos passos de lojas e galerias de arte; e o Predicados do Douro Palace, que tem um gostoso jardim.

ONDE COMER

Come-se muito bem no Porto e, verdade seja dita, é difícil errar. Mas por aqui há clássicos que são verdadeiras instituições, e um deles é A Cozinha do Manel, uma casa simples e tradicionalíssima que serve ótimos pratos de bacalhau, cozido e rojões, prato à base de porco que é uma das marcas registradas do Porto. Mas é mediante reserva antecipada que se pode provar um prato que é a maior assinatura da casa: o cabrito assado, acompanhado de tenras batatinhas douradas. Para nunca mais esquecer. Outros clássicos são a Casa Aleixo (Rua da Estação, 216), famosa pelas perninhas de polvo empanadas, acompanhadas de uma maionese de cítricos, e o elegante O Paparico, que propõe uma viagem pelos melhores sabores da culinária portuguesa. Deixe-se ficar pelo bar antes de ir para a mesa – há ótimos aperitivos e vinhos. Entre as opções do menu, o cabrito assado e servido com legumes e o arroz malandrinho de lavagante azul (um tipo de lagosta) merecem destaque. Para encerrar, toucinho do céu ou a seleção de queijos.

O Porto tem as suas receitas típicas que não são para todos, caso das tripas, mas uma delas é obrigatória: a francesinha, um sanduíche feito com diversas camadas de embutidos e carnes, coberto com uma dose generosa de queijo derretido, banhado em um molho especial e, no topo de tudo, um ovo frito (estrelado, como se diz em Portugal). Um saboroso exagero que é servido há décadas em casas que ficaram famosas por preparar as receitas mais saborosas da cidade, caso do Café Santiago e do Capa Negra II.

Para deliciosas receitas portuguesas com toques de modernidade e releituras, rume para o Cantinho do Avillez, onde um dos mais badalados chefs de Portugal (José Avillez, dono de duas estrelas Michelin em seu restaurante Belcanto, em Lisboa) propõe delícias como as lascas de bacalhau com broa e esferas de azeitona que explodem na boca. Henrique Sá Pessoa é outro chef que capitaneia um duas estrelas em Lisboa (o Alma) e que abriu por aqui uma filial de sua casa mais informal, o Tapisco, cuja especialidade são os sabores ibéricos – mezzo espanhóis, mezzo portugueses, muitas vezes a fusão de ambos.

Em plena Rua de Santa Catarina, o Apego, da jovem chef Aurora Goy, é uma saborosa surpresa. Autora de receitas criativas como o porco ibérico com lingueirões, avelãs, grão de bico e agrião, ela recebe em um ambiente simpático com preços pra lá de convidativos (durante o almoço, há menus a € 8,50 com direito a entrada ou sobremesa e, a qualquer hora, o menu de seis pratos custa € 35). Também parte da nova onda que tomou conta da cidade, o Euskalduna Studio, comandado pelo chef Vasco Coelho Santos, é um verdadeiro laboratório criativo que tem sido bastante premiado recentemente. Seu nome (e sua cozinha) prestam uma homenagem ao País Basco, região por onde ele passou que marcou profundamente o seu estilo. O menu degustação, de 10 etapas, custa € 95 por pessoa. É fã de bacalhau e ostras? Então uma passada pelo Terra Nova é incontornável.

Na região da Foz, o Cafeína é daqueles endereços seguros para comer bem, com toques moderninhos acertivos e influências italianas e francesas. No menu, tartares bem preparados fazem companhia a um famoso carpaccio com lascas de foie gras e queijo da Ilha, entre as entradas. Como prato principal, as escolhas recaem sobre o magret de pato ao molho de vinho do Porto e o filé ao molho de pimenta. Mas também há bacalhau! Aqui servido com um creme de cebolas assadas e migas de broa. Com os mesmos sotaques vindos dos vizinhos da Europa, merecem destaque o Puro 4050, que tem um belo bar de mozarelas e outras delícias italianas, e o novo Monumental Café, uma autêntica brasserie francesa em plena Avenida dos Aliados, um dos cartões de visita do incrível hotel Maison Albar Le Monumental Palace, que trouxe de volta toda a pompa dos tempos de glória deste endereço incontornável nos anos 1930. Ainda no hotel, o Le Monument propõe uma cozinha sofisticada com aspirações a estrelas Michelin – seu chef é o francês Julien Montbabut, dono de uma estrela em Paris.

Adeptos de refeições gourmet, aliás, encontram cada vez mais opções na cidade. O time de premiados inclui os restaurantes Pedro Lemos, Antiqvvm, a Casa de Chá da Boa Nova, na região de Leça da Palmeira, que tem no comando o chef Rui Paula, e, do outro lado do Douro, o The Yeatman, instalado no hotel de mesmo nome, onde Ricardo Costa e suas criações que mais parecem obras de arte foram merecedores de duas estrelas (as únicas da cidade).

DOCUMENTOS

Quem viaja para a Europa a turismo pode ficar até 90 dias sem necessidade de visto e precisa ter o passaporte válido por pelo menos seis meses. O grupo de países que integram o Espaço Schengen, do qual Portugal faz parte, exige, ainda, um seguro de viagem com cobertura de pelo menos € 30.000.

DINHEIRO

A moeda de Portugal é o Euro. Evite levar dólares ou outras moedas, pois as casas de câmbio já não são muito comuns (e costumam cobrar taxas salgadas). É possível sacar dinheiro da conta corrente no Brasil em moeda local nos caixas automáticos (chamados Multibanco), por uma pequena taxa – apenas certifique-se de que o seu cartão está habilitado para a função (pode ser necessário fazer desbloqueios ou os chamados “avisos de viagem”). Nem todos os estabelecimentos portugueses aceitam cartões internacionais, sejam eles de débito ou crédito. É comum só aceitarem os cartões bancários nacionais. Na dúvida, vale ter sempre algum cash.

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