A ideia inicial era dirigir uma Vespa por Roma alegremente e relatar isso nas páginas da VT (Clique aqui para ler). Até me viro relativamente bem em cima de uma scooter. Mas daí a abrir espaço entre as 400 mil motocas que circulam diariamente pela capital italiana… GLUP! Para piorar, não parava de chover, o que torna tudo mais difícil em duas rodas: de abrir um mapa a frear sem derrapar (sem falar do frio, do rímel escorrendo, do mico etc). No fim das contas, fui valente, ma non troppo. E saltei na garupa do Valerio Caffio, fundador da Dearoma, uma empresa que organiza tours a bordo de veículos emblemáticos, como a Vespa vintage com a qual apareceu na porta do meu hotel, munido de um ramo de mimosa (depois de um remoto constrangimento, lembrei que era o dia internacional da mulher, celebrado na Itália com da tal da florzinha).
Os grandes hits romanos se entregam de bandeja a qualquer um que abra um mapa e tome as ruas do centro. A densidade de atrações é impressionante mas, com fôlego, dá pra fazer praticamente tudo a pé. Então, por que de Vespa? Em primeiro lugar, porque é o meio de transporte símbolo da cidade. Ou seja, em duas rodas, você se sente um pouco “em Roma como os Romanos”. Em segundo lugar, porque é divertido. Mas, claro, não é para todo mundo. Quem tem medo de moto pode tranquilamente dormir sem essa.
Outro motivo para fazer o passeio é que Valerio (assim como outras várias pessoas que fazem esse tipo de passeio na cidade) é um guia profissional. Formado em história romana, ele explica coisas que passariam batido se você estivesse sozinho (às vezes até too much, mas sempre com muita base). E também pode levá-lo a lugares mais secretos, se você quiser.
Questões turísticas à parte, rodar de Vespa em Roma pode ser – pasmem – bem tranquilo. Até gostaria de poder relatar fortes emoções em meio ao trânsito caótico, às buzinas e aos desastres iminentes. Mas, pelo menos comigo, não rolou nada disso. Meu amigo Gus, que mora na cidade e circula de Vespa, tinha me dado dicas de caminhos gostosos. E o Valerio acabou passando por vários deles.
Foi incrível poder fluir pela Via dei Fiori Imperiali, topar com o Coliseu e depois circulá-lo. Achei ótimo estar motorizada para dar a volta completa no Circo Massimo. Tive o privilégio de encarar o Vaticano de frente, e não pelas calçadas laterais como os mortais pedestres, adentrando a Piazza Pio XII pela Via dela Conciliazione. Isso sem falar no quão poético é percorrer longos trechos da Lungotevere, às margens serpenteantes do rio Tibre. Choveu? Sim, muito. Mas eu estava tão entretida que fingi que não era comigo (além disso, nos momentos em que choveu muito forte a gente aproveitou para tomar um café e coisas do tipo).
A tranquilidade é questão de bom senso. Ainda que as scooters possam circular pelas zonas de tráfego restringido, embrenhar-se pelo novelo de ruas estreitas e congestionadas do Centro Histórico é um mico (mais ainda se você não tiver muita experiência no guidão).
No entanto, o aparente caos do trânsito de Roma é, segundo me foi dito, regido por um acordo tácito. “As motos circulam por uma faixa invisível que os carros respeitam religiosamente”, me garantiu o Valerio. Meu amigo Gus também jura que “as pessoas estacionam em qualquer lugar e fazem várias manobras absurdas, mas todo mundo vai devagar, por isso não se vê muitos acidentes”. Milagres à parte, não recomendo a motoqueiros de primeira viagem de jeito nenhum.
Anote aí: Para alugar uma Vespa (ou uma moto de até 125cc) basta uma carteira de motorista normal. As empresas que fazem tours costumam ter passeios guiados de garupa, como o que eu fiz (€ 145 por 4 horas) e passeios em que o guia vai em outra moto e você dirige.
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