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Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Nova Zelândia de norte a sul: o imperdível parte 2

A caminhada começa com uma trilha no meio da mata. A maioria das nove pessoas do grupinho animado da excursão contratada no escritório de turismo da cidade veste bermuda e camiseta. Começo a suar em bicas. “Alguém tem problemas de joelho?”. Levanto a mão. “Alguém tem problemas com altura”. Levanto a mão de novo. “Ok, […]

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 16h14 - Publicado em 11 fev 2008, 13h02

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A caminhada começa com uma trilha no meio da mata. A maioria das nove pessoas do grupinho animado da excursão contratada no escritório de turismo da cidade veste bermuda e camiseta. Começo a suar em bicas. “Alguém tem problemas de joelho?”. Levanto a mão. “Alguém tem problemas com altura”. Levanto a mão de novo. “Ok, eu tomarei conta de você”, me diz o guia com cara de “ai meu deus”.

As placas pelo caminho mostram um homenzinho sendo atingido por pedras que rolam do barranco. O guia diz: “se em algum momento eu gritar CORRAM, corram mesmo, para qualquer direção que não seja a do barranco”. É a minha vez de pensar “ai meu deus”.

Na parte crítica da trilha, os trekkers passam por uma subida estreita, à beira de um precipício de 100 metros de altura. Para não despencar, é fundamental ir agarrado por uma corrente. Respiro fundo, olho só pra cima. Não só não tive nenhum vestígio de vertigem, como estou me achando o máximo da valentia desde que cheguei na Nova Zelândia. YU-HU!

Depois de quase uma hora de caminhada, chegamos à beira DELE, o Fox Glaciar, uma massa gigantesca de gelo que escorre em câmera-lenta do alto da montanha em direção ao mar, na costa oeste da ilha sul neozelandesa. É um dos poucos glaciares do mundo cercado por floresta (quase) tropical, o que lhe confere um ar mágico. Por mais que o guia explique que a latitude próxima ao pólo sul permite aquele tipo de fenômeno, não entra na minha cabeça como aquilo não derrete no verão. E nem na de ninguém. Aí está a graça da coisa.

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O glaciar pode ser visto de longe desde um lugar onde é possível chegar de carro facinho facinho. Mas definitivamente não é mesma coisa que sentir aquele gelo na pele, mergulhar nas suas entranhas e explorar as suas ranhuras. Recomendo a caminhada, do fundo do coração. Os alpinistas profissionais podem ir sozinhos. E as pessoas normais podem fazer caminhadas de 4 ou 8 horas. Eu fiz o de 4, para o bem do meu pífio preparo físico. Mas qualquer um que malhe razoavelmente pode encarar a de 8 na boa. O preço vai de 40 a 80 dólares, e inclui bota de trekking, casaco e grampos de gelo.

Chega a hora de botar os grampos na bota. A lateral do glaciar é a parte mais fria, por causa da corrente de ar que se forma por ali. Mas lá dentro dá até para continuar de bermuda. . E não é que é super mega fácil andar no gelo com aquilo? Nem eu, a mais desengonçada das criaturas, esbocei qualquer ameaça de desabamento.

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