Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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O “efeito Instagram” em paraísos naturais: o exemplo das Islas Marietas

Como as imagens que aparecem no nosso feed acabam colocando a natureza em risco

Por Adriana Setti
Atualizado em 24 jun 2022, 01h12 - Publicado em 23 jun 2022, 08h40
Praia Escondida, Islas Marietas, Puerto Vallarta, México
Expectativa: a praia vista de dentro, sem ninguém. (Ferrantraite/Getty Images)
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A realidade em tempos de descontrole, em postagem no Instagram
A realidade em tempos de descontrole, em postagem no Instagram (Instagram/Reprodução)

Em um passado já distante, a “culpa” era de Hollywood. Depois do filme A Praia, protagonizado por Leonardo DiCaprio, a tailandesa Maya Bay nunca mais foi a mesma (saiba mais aqui). Da mesma forma, o livro Comer, Rezar, Amar, escrito por Elizabeth Gilbert, espantou para longe o clima zen da balinesa Ubud. De uns tempos pra cá, no entanto, as grandes vilãs dos paraísos naturais e outros destinos idílicos são as redes sociais.

Um dos casos recentes mais chamativos foi o das Islas Marietas, no México. O nome pode até não soar familiar a você, mas a imagem abaixo com certeza já pintou no seu feed: duas rochas vulcânicas em frente a Punta Mita, na região de Riviera Nayarit, na costa do Pacífico, onde uma circunferência perfeita deixa entrever uma enseada paradisíaca, a Playa Escondida.

Até 2016, as ilhas recebiam cerca de 400 visitantes por ano. Depois que as imagens feitas com drones viralizaram, o lugar chegou a receber mais de 3 mil pessoas por dia, segundo uma reportagem publicada no El País, apesar do arquipélago estar protegido por um parque nacional marinho protegido desde os anos 1970.

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Segue o depoimento de Kevin Collyshaw, um instrutor de mergulho da região, ao jornal espanhol:

“As pessoas começaram a postar suas imagens e isso fez com que mais e mais visitantes quisessem tirar a mesma foto, carregados de protetores solares, muito prejudiciais aos ecossistemas marinhos, tocando em tudo. Até os guias tocavam nos animais para impressionar seus clientes. Os turistas não se importavam em mergulhar com snorkel, com a geologia do local ou com os pássaros. Eles só queriam tirar uma foto”.

Em maio de 2016, depois que as ilhas bateram recorde de visitantes na Páscoa, a Comissão Nacional Mexicana de Áreas Naturais Protegidas fechou o arquipélago ao público – como aconteceu, também, em Maya Bay, na Tailândia. Passados três meses, elas foram reabertas, com várias restrições. Desde então, 116 pessoas podem entrar na Playa Escondida por dia, sem protetor solar. E o mergulho só é permitido em áreas específicas. Agora, um serviço de vigilância permanente é bancado pela taxa de acesso. Nesses seis anos de ordem no pedaço, os corais se regeneraram e a quantidade de peixes e pássaros aumentou significativamente.

Exemplos assim – com final feliz – demonstram que, cada vez mais, a proteção desses paraísos naturais vai demandar muito mais esforço e investimento por parte das autoridades competentes.

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