Imagem Blog Achados Adriana Setti escolheu uma ilha no Mediterrâneo como porto seguro, simplificou sua vida para ficar mais “portátil” e está sempre pronta para passar vários meses viajando. Aqui, ela relata suas descobertas e roubadas
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Uluru (Ayers Rock): a imagem mais forte do outback, o impressionante deserto vermelho australiano

Por Adriana Setti
Atualizado em 27 fev 2017, 15h25 - Publicado em 19 mar 2015, 10h58
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O deserto vermelho da Austrália é para os fortes. No verão, a temperatura durante o dia raramente é de menos de 40oC – e pode ir bem além disso. Pele e mucosas esturricam. O pó cor de ferrugem arranha os pulmões. Nuvens de moscas ameaçam invadir todos os orifícios faciais (é usar a rede de proteção ou dispensar o jantar). Na condição de urbanoide, você assiste de camarote a sua impotência saltitar na frente do seu nariz. E se até aquele momento você ainda não tinha aberto os olhos para o poder da cultura aborígene australiana, meu amigo, pare e pense: eles vivem há milênios num lugar onde seu frágil corpinho não sobreviveria nem por um dia sem a parafernália da vida moderna.

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Visual sexy para sobreviver às moscas de Uluru no verão

 

Bonito e inóspito em assombrosas proporções, o outback ocupa 70% do território australiano e se espalha por uma área de 5,3 milhões de quilômetros quadrados – o tamanho da floresta Amazônica. A ínfima parte que tive o prazer de conhecer foi o parque nacional de Uluru-Kata Tjuta. Uluru (ou Ayers Rock, antigo nome em inglês), a pedra monstruosa que emerge da planície infinita, é um dos grandes símbolos da Austrália, tanto no sentido de cartão postal quanto em termos de identidade nacional. Desde os anos 80, as terras do parque nacional que a cercam foram devolvidas ao povo aborígene Pitjantjatjara (nem tente pronunciar), para quem o maior monolito do mundo é a mais sagrada das catedrais. Justamente por isso, é de uma atroz falta de respeito e noção escalar Uluru, algo que alguns energúmenos continuam fazendo apesar dos apelos enérgicos da população local.

 

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A rota dos energúmenos pedra acima: a maior falta de respeito e noção é escalar essa catedral aborígene

Não é de estranhar que Uluru tenha uma conotação espiritual. Sua imagem é um soco no peito. O monumental monolito tem 3,6 quilômetros de comprimento e chega a 348 metros de altura. Em suas paredes, milhares de anos de chuvas esculpiram formas insólitas que são, aos olhos dos Pitjantjatjaras, evidências deixadas pelas entidades que criaram o universo. Chuva? Eis mais uma surpresa: o deserto australiano não é tão seco como se imagina. É claro que a água é limitadíssima e que é raríssimo vê-la caindo do céu. Mas você ficará bastante perplexo ao constatar o quão verde (para os padrões de um lugar tão árido, claro) é a paisagem que envolve a pedra, sobretudo durante o verão, a época em que acontecem as poucas chuvas anuais.

 

Nos desertos por onde andei, sempre tive a sensação de estar num lugar muito fora do trivial. O céu é mais azul. A paisagem tem um contorno mais nítido. Chovem estrelas. Tudo isso somado ao calor e ao ar seco acaba criando uma atmosfera meio mística. Em Uluru, tive a sensação de passar dois dias meio fora do mundo. Por via das dúvidas, trouxe um potinho de terra vermelha na mala pra ter certeza de que foi tudo verdade.

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Me aguarde: nós próximos posts eu vou falar sobre acomodação, passeios e outras questões palpáveis. Enquanto isso, viaje na fotos.

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