Aproveitando o gancho dos últimos dois posts que falavam do litoral alagoano que você pode ler aqui e aqui, e de uma recente postagem de passeios bate e volta a partir de Recife (link aqui) que deixei o destino de fora, justamente para um post exclusivo, chegou a hora de falar de Porto de Galinhas, esse mega sucesso nordestino a atrair uma multidão de turistas.
Até meados dos anos 90, Porto era frequentada pelos recifenses que mantinham casas de veraneio no local e alguns “forasteiros” que ouviram falar de uma vila de pescadores com uma barreira de recife bem próxima da orla. A partir daí, pipocaram pousadas, hotéis de médio porte e resorts a ocuparem boa parte da orla, tornando Porto de Galinhas como o grande destino do litoral pernambucano, praticamente relegando à capital Recife, o papel de hub – claro que aí entram em cena os ataques de tubarão que afugentaram os banhistas de Boa Viagem.
Dois dias é tempo suficiente para curtir os principais programas de Porto de Galinhas.
Dia 1
Se você chegou de dia, logo na entrada de Porto, notará uma enorme quantidade de bugues a circular pela estrada. Ao entrar na vila, será impiedosamente assediado para fazer um passeio neles pelas praias da região. Quer saber? Vale a pena e te dará uma bela panorâmica do local. Reserve o período da manhã para fazê-lo. Procure a Associação de bugueiros ou uma indicação de onde estiver hospedado. O motorista te pega no hotel para iniciar a jornada. Chamado de “Ponta a Ponta”, o passeio passa pela praia da Vila, no centrinho, seguindo para Cupe e Muro Alto (ao norte) e Maracaípe e Pontal de Maracaípe (ao sul). Antigamente, era feito todo pela praia, colocando em risco os pedestres que caminhavam pela areia. Hoje é feito por via rodoviária, diminuindo a beleza cênica, mas ganhando em segurança. Em geral, dura três horas com algumas paradas para banho.
![Vista aérea da Praia Muro Alto](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/pgalinhas10.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Como o tempo nas praias foi reduzido para conhecer o máximo delas, reserve o período da tarde para lagartear pela que mais te apeteceu, sem se preocupar com o horário. Fique esperto com o mar de Porto, as praias costumam ter trechos sossegados e violentos num curto espaço, pergunte aos moradores onde é mais seguro nadar. Nos extremos, Pontal de Maracaípe, a 4 km do centrinho, e Muro Alto, a 11 km, costumam ter as águas mais amigáveis. A primeira tem mar rasinho no encontro do Rio Maracaípe com o mar. Por aqui, os ventos fortes colorem o céu com kitesurfistas no segundo semestre. Muro Alto tem um trecho de mar revolto, mas, no final, uma barreira de recifes cria uma verdadeira piscina sem ondas.
Intermediárias, Maracaípe, Cupe e Borete têm mar forte de são as preferidas dos surfistas. Mas, como já disse, sempre há um lugar mais tranquilo. As piscinas naturais em frente garantem o banho na Praia da Vila, repleta de bares e restaurantes.
À noite não tem jeito, tudo acontece na vilinha. A rua principal, um calçadão, tem pequenos bares/restaurantes e várias galerias cheias de lojinhas. Feitas com troncos e raízes de coqueiros, as esculturas do artesão Carcará garantes selfies e mais selfies. Além de réplicas das galinhas, encontramos esculturas de ícones pop como Amy Winehouse e Michael Jackson.
Para o jantar, quem não liga muito para um preço elevado e demora na entrega dos pratos, pode conhecer o Beijupirá, uma grife gastronômica pernambucana que começou em 1991 nesse mesmo lugar (repare que no nome da rua e perceberá a importância do restaurante para o vilarejo). As receitas mais famosas mesclam peixes com molhos agridoces.
![Restaurante Beijupirá, em Porto de Galinhas](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/beijupira-porto-de-galinhas-heudes-regis.jpeg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Em frente à pracinha de onde saem as jangadas para as piscinas naturais, o Barcaxeira está sempre lotado de gente para provar as oito versões do escondidinho com purê de macaxeira – por um preço bem mais amigável que o Beijupirá, diga-se.
Dia 2
Antes de dormir no dia anterior, procure a associação dos barqueiros e veja o horário de saída das jangadas para conhecer as piscinas naturais. Será importantíssimo para programar seu dia. Como as marés mexem-se constantemente , o melhor horário do passeio muda diariamente. Vamos tratar a atividade como sendo feita pela manhã. Se for no período vespertino é só inverter a programação.
O sucesso de Porto de Galinhas está intrinsecamente ligado às piscinas naturais. Conta muito a fato da barreira de corais estar bem próxima à costa e a centrinho de Porto – as jangadas levam poucos minutos para chegar lá e quem souber nadar bem pode até dispensar a embarcação. Durante esses anos foram tantas as pessoas a pisar nos recifes que a vida marinha praticamente acabou. Recentemente, medidas foram tomadas e os peixinhos voltaram a ocupar as piscinas naturais. As jangadas ficam por lá cerca de 40 minutos e todos vão em direção à uma piscina com o formato do mapa do Brasil.
![Vista aérea de Porto de Galinhas. Barcos e jangadas levam o turista até as piscinas naturais do local](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/pgalinhas20-3u.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Reserve o segundo período para conhecer tudo sobre um animalzinho que você terá poucas oportunidades de manter contato em outros cantos do litoral brasileiro: o cavalo-marinho. A primeira parada pode ser no Projeto Hippocampus, no centrinho, que tem como missão a preservação do animal. O local é pequeno e, a visita, rápida. Passa-se por vários aquários com cavalos-marinhos e outros com moreias e peixinhos. Um projeto para se aplaudir.
Continuando nessa seara, em Pontal do Maracaípe há um passeio de barco pelo rio homônimo, atravessando manguezais e culminando com a coleta do cavalo-marinho para fotografias – depois o bichinho é devolvido a seu habitat. Os biólogos do Hippocampus torcem o nariz para a atividade, mas ela é uma das campeãs de audiência de Porto.
![Pontal de Maracaípe, de onde saem os passeios de jangada pelo Rio Maracaípe, uma das atrações de Porto de Galinhas](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/pgalinhas23-e2.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Para o jantar nesse segundo dia, recomendo o La Tratoria, que tem um famoso suco de uva natural para acompanhar suas massas e carnes. Tradicional, o La Crêperie, próximo ao Beijupirá, aposta no diminuto tamanho, o espaço ao ar livre e seus mais de 40 sabores de crepe para atrair casais.
Dica de passeio extra
Praia da moda em Pernambuco, Carneiros, em Tamandaré, fica a 53 km de Porto. A viagem de carro dura uma hora, mas há opção de fazer um passeio de catamarã até lá. Os guias pegam no hotel, seguindo por via terrestre até Barra de Sirinhaém.
![A Igreja de São Benedito dá um ar bucólico à bela Praia dos Carneiros, aonde só é possível chegar por estradas de terra e propriedades particulares](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/12/foto-abre-8-copy.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Localizada na foz do Rio Formoso, Carneiros é ótima para quem viaja com crianças: água verde transparente com poucas ondas e temperatura morna, piscinas naturais repletas de peixinhos, vasto coqueiral a sombrear a estreita faixa de areia e uma singela capelinha do século 18, homenageando São Benedito. Os poucos bares e restaurantes dão conta do recado, quando o quesito é alimentação, mas os preços são caros.