De 18 de junho de 1908 pra cá, a colônia japonesa é algo tão paulistano quanto o Parque Ibirapuera, a Ladeira Porto Geral, a Cidade Universitária, o pão com mortadela.
Enquanto julho/agosto não vêm com as cerejeiras do Parque do Carmo, eis esportes e compras em conta para mergulhar na cultura nipônica, além de um restaurante, bem, esse já não é pra qualquer um, é daqueles lugares para se ir a cada ciclo olímpico, ou, claro, para quem não tem grandes problemas de saldo.
Shin-Zushi
Esqueça o salmão. O peixe cor-de-laranja, onipresente em temakerias, bufês de churrascarias e afins, não desfruta desse prestígio todo no Japão. A despeito de minha idolatria pelo Jaspion nos anos 80, nunca fui ao Japão, está aí uma grande falha em meu currículo de viajante profissional.
Quem me contou foi Bruno Leuzinger, ex-editor de gastronomia do Guia 4 Rodas, reproduzindo seu papo com Ken Mizumoto, sushiman deste que é um dos japas mais autênticos de São Paulo. “Lá, não o comemos cru por ter bactérias e vermes. É superdesvalorizado”, contou Ken Mizumoto ao Bruno Leuzinger.
Meu brother Leuzinger me relatou que Ken passou uma década no afamado Sushi Kan, em Tóquio, aprendendo as manhas do ofício com o mestre Hideaki Sawamoto. De volta em 2011, assumiu o restaurante da família, aberto em 1991.
Este Bruno que vos escreve não conversou com o Ken, mas comprovou a maestria do Shin-Zushi. A experiência fidedigna já começa no cardápio, todo escrito em ideogramas: é que 70% dos clientes pertencem à colônia.
O salão do Shin-Zushi tem 80 lugares, sendo 17 no balcão, onde são servidos os omakassês – menus-degustação servidos apenas no jantar, até 9 da noite, e que custam de R$ 280 a R$ 300 por cabeça (o mais caro inclui itens como ostras e vieiras fresquíssimas e bottarga japonesa).
Calma, dá pra gastar menos no à la carte: por R$ 110 provam-se 13 sushis.
> Rua Afonso de Freitas, 169, Paraíso, 11/3889-8700
Esportes para soltar o braço no Bom Retiro
O Estádio Municipal Mie Nishi, no Bom Retiro, tem aulas gratuitas de esportes inusitados para o brasileiro. É tudo de graça e há modalidades para todas as idades.
Para curtir todos estes esportes a seguir, bastam RG, duas fotos 3×4 e comprovante de residência. O endereço: Avenida Presidente Castelo Branco, 5446, Bom Retiro, 11/3221-5105.
Beisebol
Americanos e cubanos têm como intersecção a paixão por rebater. Mesmo que não entendam o que faz um catcher (receptor), homens e mulheres a partir dos 7 anos podem se aventurar. Há aulas durante a semana (o equipamento é fornecido), mas é desejável que os iniciantes debutem na sexta-soft, quando o time Giants está lá para ensinar.
Em tempo: não confunda esse Giants com aquele que disputa o futebol americano da NFL.
> Seg/sex 9h/11h e 14h/16h
Gatebol
Primo oriental do críquete inglês, é popular entre os idosos, que desferem tacadas numa bolinha, que deve passar por pequenos arcos. Olívio, o coordenador, conta que os praticantes começam às 7 da manhã. Rola de segunda a sexta.
Para quem não conhece o gatebol, este trabalho explica bem:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=-7RtZELgyU0?feature=oembed%5D
Softbol
Eis um beisebol simplificado: as regras são iguais, mas a dimensão do campo é menor e lança-se a bola, que é maior e mais pesada, por baixo, junto à anca. O povo se reúne de segunda a sexta das 9 às 11 da manhã e das 2 às 4 da tarde.
Este vídeo ocorreu em Mogi das Cruzes, onde a colônia japonesa também tem peso, mas vale demais pra ver que sempre é tempo:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=KBaGTdLZ7rU?feature=oembed%5D
Sumô
O único espaço público fora do Japão dedicado exclusivamente à modalidade atende amadores robustos no sábado das 9 da manhã às 13 horas.
Fãs do E.Honda, isto é o campeonato brasileiro lá:
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=EXlXl3qPxCY?feature=oembed%5D
Compras na Liberdade
Além de raladores e descascadores, vende mimos nipônicos de resina, como gueixas e kokehis, na faixa de R$ 30 a R$ 60.
> Rua Galvão Bueno, 174, 11/32077268
Referência em quinquilharias orientais e comidinhas, tem bolinhos dim sum e popin cookin, doces japoneses para crianças fazerem.
> Rua Galvão Bueno, 34, 11/3341-3350
As prateleiras contêm artigos religiosos, mas há também molduras em gesso e bandejas em madeira fiorentina (de R$ 32 a R$ 67).
> Praça da Liberdade, 248, 11/3208-7022