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Paris: entenda a diferença entre restaurante, bistrô, brasserie e café

E mais: conheça a Bouillon Chartier, brasserie das mais democráticas onde se come bem, barato e com estilo

Por Karina Jucá
Atualizado em 13 out 2022, 14h48 - Publicado em 7 set 2022, 02h39
restaurante bouillon chartier, em montparnasse
Brasserie Boulloin Chartier, em Montparnasse: décor Art Nouveau, serviço contínuo das 11h30 até a meia-noite e preços que não doem no bolso. (//Reprodução)
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Decidir onde comer na capital da gastronomia pode ser um dilema, mas um dilema dos mais gostosos. De um certo ponto de vista, nem precisa escolher porque em quase todos os lugares se come muito bem, tanto pela qualidade dos produtos (em sua maioria orgânicos) quanto pela tradição de savoir-faire de séculos. Mas pra complicar um pouco, Paris tem restaurantes, brasseries, bistrôs e cafés. Então, por onde começar? Comecemos por entender a diferença. 

Um restaurante é o mais solene dos templos da culinária, com horários definidos de abertura e fechamento, estafe maior e onde grandes chefs, por vezes estrelados, pilotam uma cozinha tradicional e/ou autoral. É nessa atmosfera que reinam os semi-deuses da gastronomia francesa, que primam pela qualidade total ao ponto de se deprimirem e até se suicidarem por uma nota desfavorável da crítica. A excelência custa caro. Às vezes, caríssimo. 

Já uma brasserie é uma tradição surgida com a imigração de uma população da Alsácia, região francesa que faz fronteira com a Alemanha, que na origem eram também cervejarias e que, ao contrário de um restaurante, está o tempo todo aberta com um menu tradicional típico daquela região. Na origem, as brasseries tinham preços populares, mas hoje – a depender da reputação do lugar – o fator preço não é mais uma distinção entre restaurantes e brasseries. As diferenças estão na carta e no horário: nas brasseries se pode almoçar a qualquer hora – na verdade foram os franceses que inventaram o “brunch”.

Os bistrôs, por sua vez, apesar de menores que as brasseries, também foram criados para alimentar as classes populares, além de militares estrangeiros em tempos de guerra. A lenda urbana é que bistrô vem de uma palavra russa com sonoridade similar que significa “rápido”. Ou seja, além da invenção do brunch, os franceses também inventaram o fast food. Os bistrôs vivem atualmente um momento de releituras e reinvenção de cardápios, com chefs renomados à frente da empreitada. O movimento de neo-bistrôs foi batizado de “bistronomie”. Com esta chave em mente é possível optar entre a tradição e a reinvenção. 

E, por fim, o café parisiense é, sobretudo, um estado de espírito, um local de encontros, um tipo de lanchonete com speakeasy. Mas é importante saber que tudo o que menos se deveria pedir num café francês é o “chafé” francês. Um maître uma vez me contou que a água calcária do país não favorece o preparo da bebida. Solução? Substitua pelo chá mais instagramável de todos: o Marco Polo Bleu, da Mariage Frères, cuja coloração oscila entre o turquesa e o azul vivo graças às flores chinesas pulverizadas da composição. Está liberado pedir um croissant e apreciar o clima do salão de chá da loja do Marais (se quiser ir “agora”, explore o ambiente pelo GoogleMaps).

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Concluída a explanação sobre as opções gerais, está na hora de comer. E para uma experiência completa nesta arte francesa a um preço bem abaixo da média, três endereços do centenário Bouillon Chartier te esperam. O mais antigo deles fica no incontornável bairro de Montmartre, mas pra quem anotou a dica da Tour Montparnasse na minha coluna de estreia, escolha então o Boulloin Chartier da Rive Gauche, também em Montparnasse, que é também o mais bonito de todos, com uma décor Art Nouveau espetacular e todo o menu mais clássico da França à disposição (ou à “dispo” como diriam os franceses encurtando as palavras). 

A refeição completa com entrada, vinhos, queijos e sobremesa não sai por mais de 20€. A franquia se gaba de ter preços imbatíveis, e de fato tem! O Bouillon Chartier tem entradas a partir de 1,80€, pratos à partir de 8,50€ e sobremesas à 2,20€. Não à toa, este “bouillon” (que significa fervura e ensopado) ficou conhecido por ser uma brasserie frequentada por operários, entre os quais um dos seus mentores intelectuais, Leon Trotsky. 

Se ainda falta inspiração no meio do high-low tão sugestivo e típico de uma Paris mais acessível em vias de desaparição, peça de entrada os famosos œufs mayo (ovos maionese), e de prato principal o bœuf Bourguignon, o “bouillon” mais rico e delicioso de carne no molho denso de vinho, mas que por conta do longo período de preparo é bem difícil de achar nos demais restaurantes de Paris. Mas, como nem tudo é perfeito, se prepare para a fila. Ou evite os horários de pico. A boa notícia é que o Bouillon Chartier é uma Brasserie e, portanto, funciona do meio-dia à meia-noite. Bon appétit 😉

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Serviço

– BOUILLON CHARTIER
Aberto sem intervalo de 11h30 até 0h
NEW Gare de l’Est: 5 rue du 8 mai 1945, 75010 Paris
Grands Boulevards: 7 Rue du Faubourg Montmartre, 75009 Paris
Montparnasse: 59 Bd du Montparnasse, 75006 Paris

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