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22 hotéis em Paris para jantar, badalar, fazer yoga e até dormir

Uma seleção definitiva com as mais relevantes inaugurações, sem esquecer dos hotéis clássicos e, de bônus, dicas de passeios nos arredores de cada um

Por Karina Jucá
Atualizado em 20 fev 2024, 15h32 - Publicado em 23 mar 2023, 08h03

No quesito hotelaria, Paris está em festa. Às vésperas de abrigar os jogos olímpicos de 2024, a cidade exibe um cardápio de endereços onde o requinte e a sofisticação – palavras que por aqui não são vazias de sentido – andam de mãos dadas com as mais recentes tendências da hospitalidade, como o foco em wellness e alimentação saudável. Mas se o que você busca é um recanto para chamar de seu, de preferência com vista para os telhados de Ratatouille, seu desejo será muito bem atendido com esta seleção das melhores inaugurações mais recentes e alguns clássicos eternos. E muitos dos lugares você pode frequentar sem estar hospedado: um jantar em um estrelado Michelin, um drinque com vista para a igreja Saint Eustáquio e até mesmo uma aula de yoga estão ao seu alcance, mesmo se o seu pernoite tiver que ser em um honrado Ibis.

Hôtel Particulier (18º arrondissement)

O mais bucólico e exclusivo

O Hôtel Particulier está no meu Top 5 e fica em Clignancourt, Montmartre, região que conservou a Paris dos primórdios, com a arquitetura e o charme de uma pequena vila de campo, com direito a vinhedos e moinhos. Nesse cenário, na extensão da rua mais chique do bairro, há uma escadaria com acesso fechado para um caminho de pedestres chamado Passagem da Bruxa, com uma enorme pedra que parece uma caverna atravessada na passagem. Passado esse caminho instigante, um portão de ferro guarda um jardim de 900m² e um sóbrio e belo château todo branco no estilo directoire. É como uma caça ao tesouro que ao fim não decepciona. 

A casa pertenceu à família Hermès, a grife francesa que virou sinônimo de inquestionável qualidade. O entendimento do herdeiro acerca da marca define o que o hotel imprime: “prefiro a palavra qualidade a luxo. Enquanto o luxo pode ser marketing, a qualidade é palpável”.

Com apenas 5 quartos e estrutura de 5 estrelas (uma para cada cliente), a sensação não é de hotel, mas de casa dos sonhos. As áreas comuns de jardim, lobby com chaminé, biblioteca, restaurante e bar (o Très Particulier) são aconchegantes e com aquele ar caché (escondido) de quem busca privacidade e aconchego, tanto que é possível encontrar por lá alguns moradores de Paris em escapadas discretas. 

As estações mais quentes convidam a aproveitar o brunch sem pressa no jardim da propriedade (o maior entre os hotéis) e depois passear no bairro de residência de Amélie Polain. Montmartre também foi o spot preferido dos pintores no início do século 20 e deixou rastros dessa tradição, como o Bateau Lavoir, um ateliê colaborativo onde Modiagliani morou. O lugar funciona ainda hoje com 25 ateliês de artistas residentes e abriga exposições temporárias. Uma outra caça ao tesouro é comprar a obra de algum desses nomes emergentes que mais tarde podem decolar no mercado de arte. 

E para mais uma balada Amelie e cult ao mesmo tempo, o Studio 28 fica no mesmo quartier. A localização do Hotel Particulier permite chegar mais cedo na Sacré Couer, antes das multidões. Reserve aqui.

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Perfil: fãs de Montmartre, Amélie e de exclusividade. Casais.

 

The Hoxton (2º arrondissement)

O mais descolado

O hotel particulier do século 18 que pertenceu a um conselheiro de Louis XV e tombado como patrimônio histórico é, hoje, um dos spots mais descolados da cidade. Com vida noturna e cenário mega instagramável, o The Hoxton também está meu Top 5. 

No 2ème (o menor arrondissement de Paris), perto do Centre Pompidou, do cinema Le Grand Rex e da belíssima Bibliothèque Nationale Richelieu, o The Hoxton descarta muitas ideias preestabelecidas de um hotel de luxo. Por ter uma pegada jovem, conseguiu se impor como o melhor do segmento e superou o hypster Mama Shelter que, apesar do pouco tempo de vida, parece ter envelhecido mal. 

Com 250 quartos decorados com estilo urbano, mas super fino, há outros ambientes incrivelmente desenhados como o lobby com escadaria do século 18, estofados vintage e uma parede inteira de vidro com vista para a área externa do restaurante, que é um lugar perfeito para o apéro de fim de tarde. Além do lobby espetacular e convivial com cara de loft nova-iorquino, muito frequentado por jovens de Paris, o Hoxton tem também um bar à vin (Planche), um bar de coquetéis (Jacques Bar), um restaurante (Claude) aberto apenas no inverno, uma brasserie (Rivié), além de salas de coworking. Todos sem defeitos – ou melhor, espetaculares.

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Nas noites de quarta-feira, o bar à vin Planche tem uma espécie de clube do vinil onde os frequentadores são incentivados a trazer discos pra tocar. Uma boa deixa pra se entrosar, mesmo sem estar hospedado. Reserve aqui.

Quer mais? Fica ao lado do Jardin des Tuileries e do novo e impressionante Musee de la Bourse de Commerce.

Perfil: jovens e profissionais de áreas criativas, influencers.

 

Château Voltaire (1º arrondissement)

O mais intimista e elegante

O Château Voltaire ganhou vaga no meu Top 5 com um luxo sem ostentação, aconchegante e nobre. Depois de um brainstorm com uma turma antenada, o dono da Zadig & Voltaire concebeu um hotel que vai na contramão da sua marca de roupas e aporta modernidade a um estilo mais tradicional. 

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O hi-lo do chique francês já se anuncia na fachada de arquitetura ultrassimples toda em branco patinado e que contrasta com um enorme ornamento rococó de concha de ouro do século 16, que demarca a entrada independente do bar La Coquile d’or. Mais ou menos como uma bela mulher vestida num longo minimalista da estilista Phoebe Philo e com grandes brincos vintage de ouro maciço, como só vistos nas jóias de família.

O hotel foi inspirado na cenografia dos filmes de Claude Sautet, o diretor da Nouvelle Vague que forjou um dos casais fetiche do cinema francês: Marcel Piccoli e Romy Schneider. E é nesse discreto charme da burguesia e de seus casais a inspiração para as suítes, literalmente de cinema. 

Um dos aspectos mais charmosos nesse ambiente de extremo bom gosto sem aparente esforço é a arte em madeira criada para o hotel, como a marchetaria nobre de inspiração Art Déco da brasserie e do bar. Sim, nenhum acessório é aleatório, nem as bijoux de madrepérolas. 

Cereja do bolo, no último andar há um apartamento de 40m² com direito a sala de jantar, terraço e jardim de inverno pra se sentir no seu próprio filme francês. Reserve aqui.

Perfil: gente elegante, mas não conservadora ou careta. Parisienses natos ou de espírito.

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Hôtel Providence (10º arrondissement)

O mais neoprovençal e antenado

Escondido em uma pequena praça perto da região do 10ème, o Providence é “o novo luxo para um nova geração” e, assim como o Château Voltaire, um outro exemplo de que o tradicional não precisa ser empoeirado e datado. O approach moderno de referências provençais é lindo e nunca os papéis de parede florais foram tão bonitos.

A decoração é luxuosa, sensual e aconchegante, com achados de antiquário como espelhos venezianos, muito veludo e lustres majestosos. Nas suítes, um supremo momento O Grande Gatsby pode ser realizado graças a um cabinet bar antigo à disposição para um drink DIY (faça você mesmo).

Melhor lugar entre os dois mundos, o Providence fica no entrecruzamento da ferveção das baladas do Alto Marais, do descolado Canal St. Martin e de alguns teatros, ao mesmo tempo está apartado do agito numa rua silenciosa de pedestres com calçada de pedras.

No pátio do térreo, os tradicionais bancos de ferro forjado e jasmins que cercam a fachada em caramanchão dão o toque provençal definitivo. No bar de coquetéis, até os garçons hypsters parecem do século 19, e a brasserie, linda como um boudoir de madame, serve releituras de todos os hits da culinária francesa preparados num romântico forno a lenha. Um oásis de paz e de beleza. Reserve aqui.

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Perfil: classe teatral e seus entusiastas. Apreciadores da região do Canal St. Martin e da Provence.

HOY Hôtel (9º arrondissement)

O mais healthy e latino-americano

Também no meu Top 5 pela originalidade, o HOY Hôtel foi criado pela jovem Charlotte Gomez de Orozco, que vem de uma família mexicana de hoteliers e trouxe novos ares para o ramo com um espaço dedicado ao wellness, cozinha 100% vegetal e decoração de inspiração latina. O próprio nome HOY entrega a proposta: significa “hoje” em espanhol e é uma abreviação para House of Yoga.

Já na recepção, a diferença: uma linda floreria no lugar do lobby (como a Floreria Atlântico, em Buenos Aires, ou o La Ménagère, em Florença). O esquema se estende pelo hotel: no lugar da TV, uma barra de alongamento; em vez de uma sobremesa açucarada, um pudim de chia; sai a academia, entra um salão de yoga, o primeiro da cidade com aulas realizadas no escuro com luz infravermelha, perfeita para o detox, segundo dizem.  

Outros serviços da panaceia alternativa são disponibilizadas no HOY, como massagens com pedras quentes, soundhealing, aromaterapia e quetais. Não é pra menos que o lugar virou ponto de encontro de toda a Paris healthy. Quem não estiver hospedado também pode frequentar as atividades, basta reservar. 

E no coração do hotel está o Mesa, restaurante vegetariano de inspiração latino americana, com decoração de linho e terracota a la Tulum e que serve um cardápio saudável e tentador: pães assados no carvão, panquecas de mandioca roxa, banana na manteiga de castanha, torta de gengibre com doce de leite e sorvete de tapioca. Também há opções como creme de cbd e raiz juba de leão que compõem os coloridos smoothies.

O HOY fica a 10 minutos a pé do tranquilo Musée de la Vie Romantique, sobre o qual falei aqui. De lá é possível fazer um passeio completo entre Montmartre e Pigalle. Na volta, curtir uma sessão de yoga infrarouge com os locais e, no quarto, acender o palo santo de boas vindas. Pra fechar (ou começar) a noite, brindar com um vinho orgânico da adega. Reserve aqui.

Perfil: veganos, yoguers, nutricionistas, estressados. Quem pretende conhecer Montmartre e a noite de South Pigalle mais a fundo. 

 

Bulgari Hotel Paris (8º arrondissement) 

O mais James Bond 

Em um dos quartiers mais bonitos e monumentais de Paris, nos Invalides, o Bulgari Hotel poderia ser facilmente um cenário luxuoso de um 007. Inaugurado no fim de 2021 em plena Avenida George V, o empreendimento é verdadeiramente espetacular e de certa forma reinventa o conceito de alto luxo na hotelaria francesa: menos flamboyant e colorido e com mais sofisticação e uma energia, digamos, masculina. Nas palavras do arquiteto: “old charm with new energy”.

O alto luxo está em todos os detalhes: paredes cobertas de seda, banheiras de ônix verde, mármore de Carrara, chef 3 estrelas Michelin, móveis assinados, barman vindo do Ritz, suítes com dressing room, academia com vista para Montmartre, piscina semi-olímpica, spa de 1300m², espelhos em couro, mini bar escondido numa mala de viagem, vista da Torre Eiffel. Ufa. E tem mais: há uma suíte na cobertura com 400m² e mais 600m² de jardins suspensos da Babilônia. 

Se a grana não der pra suíte, contente-se com o impecável Il Ristorante, do chef Niko Romito, um acerto pra uma boa e estrelada refeição mediterrânea. Reserve aqui.

Perfil: CEOs, industriais, políticos, herdeiros, espiões. 

 

Maison Proust (4º arrondissement)

O mais Belle Époque e literário 

Em um casarão do século 17 do aristocrático e medieval bairro do Marais, a Maison Proust é o hotel mais imersivo dessa lista. O endereço reconstitui com primor e detalhismo o esplendor dos salões da Belle Époque parisiense, o período faustoso de progresso econômico e efervescência cultural que o romancista Marcel Proust tão bem retratou nos livros da série Em Busca do Tempo Perdido, um dos maiores clássicos da literatura francesa. 

Em salões forrados de tapeçaria, obras de arte e papéis de paredes reuniam-se as grandes cabeças da época: de nobres a industriais, de políticos às famosas cocotes (mulheres que gozavam plenas da própria liberdade). O clima desse momento histórico fulgurante e que estimula a imaginação até hoje é dado pelos móveis e tapeçarias de época, o maximalismo na justaposição de elementos, objetos orientais (uma moda na época), quadros raros e lustres luxuosos. 

E para coroar a pompa e o devaneio de cocote, um spa oriental subterrâneo. O Palais du roi du Maroc é também uma réplica de palácios do Marrocos.

A Maison tem 23 quartos, cada um decorado de forma única e em homenagem a uma personalidade do universo proustiano como Sarah Bernhard, Jean Cocteau e Colette. Alguns quartos têm até uma alcova e gabinetes de escrita. Convidativo para escrever no seu blog ou no caderno de memórias. Reserve aqui.

Perfil: escritores, leitores, historiadores, cenógrafos, blogueiras, dondocas. 

 

Lutetia (6º arrondissement) 

O mais esquerda-caviar e Poderoso Chefão style

A fachada Art Nouveau mais famosa da Rive Gauche guarda também o seu hotel mais icônico. Batizado com o primeiro nome da capital da França, o Lutetia é tão visado que foi o escolhido para as núpcias de Charles De Gaulle e QG da Abwehr, o serviço de inteligência do exército alemão durante a ocupação nazista em Paris. Num plot twist triunfal à Conde de Monte Cristo, em 2018 o prédio foi adquirido por um grupo hoteleiro de Israel. 

A presença territorial desse palácio na Rive Gauche (margem esquerda do Sena) demarca também uma certa preferência dos clientes em Paris. Como a maioria dos hotéis de luxo ficam na Rive Droite (margem direita), em sua maioria no entorno da Place Vendôme, a opção pelo único palácio na Rive Gauche diz muito sobre o gosto intelectual ou a afinidade de uma clientela abastada com a aura da vizinhança herdeira de Maio de 68. Na Rive Droite você vai ver um artista pop, um jogador de futebol, uma influencer ou um príncipe do Oriente Médio; na esquerda, um marchand ou alguns milionários que estudaram na Sorbonne, por exemplo.

Apesar disso, o hotel é tradicional, mas sem cair na pompa rebuscada, o que talvez explique a preferência de alguns clientes como Yves Saint Laurent, David Lynch e Francis Ford Coppolla. De tão habitué, e também hotelier experiente, o diretor de O Poderoso Chefão foi convidado a assinar um quarto no Lutetia com os seus próprios objetos em homenagem à Sétima Arte. Na suíte Parain, uma escadaria se abre para o teto-terraço privé de 60m² com espreguiçadeiras, jardim e vistão. 

Além do Jardin du Luxembourg e das galerias e cafés míticos de Saint Germain des Près, o Lutetia fica em frente ao maior templo das compras de luxo da capital, o Le Bon Marché (veja algumas boutiques aqui). Pra quem curte comprinhas como parte importante da viagem, a localização é ideal. 

Pra coroar a experiência, o Lutetia tem vista para a Torre Eiffel, uma academia vermelha como uma instalação de Cildo Meirelles em Inhotim, spa, piscina mais uma biblioteca. 

No quesito cuisine, suprema delicadeza: o café da manhã tem opções vegetarianas, sem glúten, halal e kasher. Há também dois restaurantes: a brasserie Lutetia, de frutos do mar, e o restaurante Saint Germain, com vitral espetacular de Gustave Eiffel (o mesmo da torre). E bien sur, um bar impressionante com lindos afrescos originais recuperados na grande reforma. Nos finais de semana, o Josephine tem jam sessions de jazz frequentadas pela fina flor de Saint Germain. Se for lá, abra um champagne. Reserve aqui.

Perfil: amantes da Rive Gauche, moradores de Saint Germain des Prés, fashionistas. 

 

Maison Armance (1º arrondissement)

O apartamento-boutique por excelência

Segundo os idealizadores, a Maison Armance é uma junção de hotel, casa e apartamento no coração de Paris. A primeira diferença do lugar é que o hotel fica no 6º andar de um prédio hausmaniano, quer dizer, o local onde os empregados moravam no século 19, as chamadas chambre de bonne, com uma vista sobre os pictóricos telhados de zinco e as chaminés terracota. Pra quem um dia sonhou em conhecer uma mansarda parisiense por dentro, essa é a sua chance.

Antiga residência do escritor francês Stendhal (O Vermelho e o Negro), a Maison Armance fica na rue Cambon e é vizinha da Chanel, que foi o primeiro e último ateliê de alta costura da estilista. O pequenino hotel boutique de paredes rebaixadas parece ter emprestado de Coco algumas referências, tal como o tweed, o tecido que imortalizou os casaquetos da eterna Mademoiselle. Mas a decoração haut couture está a serviço do aconchego e a onipresença de tons de azul confirmam. São apenas 6 suítes, o que aumenta a possibilidade de fazer dali um pied à terre (casa secundária) pra compartilhar com amigos e família. 

O bacana é que este apartamento-ninho não está longe dos pontos mais agitados e desejados, como o Louvre (10 minutos) ou a Champs-Élysées (500 metros). Reserve aqui

Perfil: admiradores da arquitetura Hausmaniana, da região do Louvre (1º arrondissement), fãs de Coco Chanel e de Stendhal.

 

Hotel Verneuil Saint Germain (7º arrondissement) 

O mais fresh e Saint Germain des Prés  

A casa do século 17 está a poucos passos das bouquinistes, as bancas de livros às margens do Sena. Despretensioso, mas não menos chique, o Verneuil Saint Germain tem cara de casa parisiense elegante, contemporânea, com decoração minimalista, mas não austera. 

A sensação é de morar a poucos metros da igreja de Notre Dame e do burburinho de galerias, cafés e butiques de Saint Germain des Prés. O hotel também fica na mesma rua e a poucos passos da última casa onde morou Serge Gainsbourg, que abriu em 2023 como museu, e a 700 metros do Café de Flore.

Mão na roda, os quartos já vem com um smartphone com chip local, pronto para você usar e economizar no roaming. Reserve aqui

Perfil: cults, flâneurs, frequentadores de Saint Germain des Prés, minimalistas, fãs de Serge Gainsbourg e Jane Birkin. 

 

Hôtel Madame Rêve (1º arrondissement)

O mais rooftop de madame  

Outra novidade entre os 5 estrelas, o Madame Rêve fica a dois passos do Louvre e da loja de departamentos em estilo Art Déco La Samaritaine. O hotel ocupa a enorme e antiga sede dos correios do Louvre, com vistão para a Torre Eiffel e Montmartre e tem um enorme terraço com teto de vidro. O Madame Rêve pertence ao nicho do alto luxo com todas as suas benesses, mas sem aquela pompa mais antiga.

A reforma levou 8 anos e foi feita em parceria com as maiores marcas do savoire-faire francês, dos parquets aos tecidos, das madeiras a jardinagem. No interior da construção, uma estrutura industrial como de containers e vista do jardim interno contrasta com o prédio antigo de fachada monumental. 

Dos pontos altos, o hotel fica em uma área discreta em Les Halles, o quartier que Emilie Zola batizou de “O ventre de Paris”, antigo ponto das feiras e depósitos de alimentos e que hoje, dada a quantidade de bons restaurantes nessa região, é uma provável herança daquela época.

Além dos quartos em tom de mostarda, o Madame Rêve tem outros espaços fofos pra conhecer e frequentar: o restaurante panorâmico de cozinha mediterrânea La Plume; o Madame Rêve Café, de influência japonesa e, sobretudo, o fantástico bar ROOF.

A menina dos olhos do hotel é exatamente o ROOF, de 5000m². Um lugar pra ver e ser visto e ao mesmo tempo sair incógnito. Nesse embalo, o bar tem mesinhas individuais afixadas diretamente ao parapeito para quem gosta de sair avulso(a) e pra um momento de contemplação solitária e magnífica da igreja Saint Eustáquio e do skyline de Ratatouille. Voilà, é principalmente aqui onde a madame rêve (ou sonha). Reserve aqui.

Perfil: sociáveis (ou não), notívagos, gourmands, madames. 

 

Cour des Vosges (4º arrondissement)

O mais século 17 e Place des Vosges

Inaugurado em 2020, o hotel Cour des Vosges é um endereço intimista e ultra discreto, com um único salão de chá como área comum e doze quartos. Outro hotel com clima de pied-à-terre dos sonhos em Paris e vista para a régia Place des Vosges

A des Vosges é uma das três praças reais e a mais antiga de Paris, com arquitetura engenhosa de arcadas que sustentam os hotéis particuliers do século de 17 e que hoje abrigam inúmeras galerias de arte nos andares térreos.

Com endereço nobilíssimo por si só, o projeto de decoração do Hotel Cours des Vosges foi esperto: em vez de uma reconstituição histórica ao pé da letra como num museu, optou-se por reproduzir o clima de uma casa aristocrática viva e habitada, que manteve uma estrutura do passado, como o piso em terracota original, com alguns acréscimos de móveis e eletrodomésticos atuais. Com detalhismo, a pesquisa do visual se inspirou em edições da revista Paris Match dos anos 1920. 

Quanto ao entorno, a des Vosges fica entre o Marais e a République. Mas na própria Place há muitas opções. Visite o divertido bar Serpent a Plume, sobre o qual falei aqui, o restaurante de comida francesa tradicional Ma Bourgogne, as galerias de arte e a Maison de Victor Hugo, um museu gratuito dedicado ao grande escritor francês que morou no local.

Enfim, pelos fatores discrição, localização e abordagem, a clientela preferencial do hotel são de estetas low profile, apaixonados por história da arte e arquitetura. Faz todo sentido. Reserve aqui.

Perfil: amantes de arte, discretos, “aristocratas”.

 

L’Hôtel (6º arrondissement)

O mais discreto dos 5 estrelas  

Em plena Saint Germain des Prés, mas discreto por natureza, o seu próprio nome simples e autorreferente (O Hotel) já dá mostras da sua pretensão ao mesmo tempo segura e low profile.

Dizem que L’Hotel foi o primeiro hotel boutique de Paris, muito antes do conceito ser forjado. Foi também a última casa de Oscar Wilde, que cunhou por lá a célebre frase: “eu e esse papel de parede terrível estamos travando uma disputa mortal e só um de nós sairá vivo”. O quarto do escritor irlandês, com o fatídico papel de parede, pode ser visto e reservado pelos admiradores do autor de O Retrato de Dorian Gray

Após 50 anos da morte do escritor, o L’hôtel da rue Beaux-Arts se estabeleceu como um refúgio da nobreza e de artistas como Grace Kelly, Ava Gardner, Frank Sinatra e Salvador Dalí. Reserve aqui.

Perfil: adeptos do old glamour, fãs de galerias, dândis e flâneurs.

 

Hôtel Amour e Grand Amour (9º e 10º arrondissement)

O mais SoPi e rock n’roll  

Um dos pioneiros destinados ao público millennial, os hotéis Amour e Grand Amour são uma versão mais artesanal e francesa do Mama Shelter, com um twist de lofts nova iorquinos, brocantes franceses, mais a rebeldia sexy parisiense.

O Hotel Amour (o primeiro da dupla) fica na animada South Pigalle (SoPi), uma região do 9ème eternizada pelos teatros, cabarés como o Moulin Rouge e que há poucos anos virou um point hypster e neoboêmio, cheio de startups, sex shops, bares e restaurantes descolados. É nesse mesmo espírito que a dupla de hotéis se insere com perfeição, da decoração à clientela. 

O Grand Amour, no 10ᵉ, fica a uma distância caminhável tanto da Gare de l’Est quanto da Gare du Nord. E se o esquenta da noite for no próprio hotel, que fica na sugestiva Rue de La Fidélité, o jantar pode ser no vizinho e novo La Poesia, o primeiro restaurante italiano de Paris 100% anti-máfia (os produtos servidos são cultivados em terras confiscadas da máfia na Sicília e outras regiões).

À noite, os bares e restaurantes dos hotéis Amour são fervidos, à luz de velas, com Djs descolados, drinks assinados, pessoas do bairro e a tal gente bonita. Mas o melhor mesmo são os quartos, feitos sob medida para o seu sonho de rock star ou groupies (vulgo fãs) de bandas indie. Não à toa, os hotéis já hospedaram algumas delas. E mesmo que você não vá pra dormir, a noitada memorável está garantida. Reserve o Amour neste link e o Grand Amour neste outro link.

Perfil: millennials, indies, boêmios, músicos, solteiros, santa ceciliers.

Too Hotel (13º arrondissement) 

O mais alto e 13ème 

Dos 20 arrondissements (ou bairros) de Paris, o 13º é o que guarda os edifícios mais modernos e o novo centro corporativo da cidade. Apelidado de Downtown, o bairro tem espaços recém-construídos que lembram o repaginado Puerto Madero, em Buenos Aires, e as superquadras de Brasília. 

Além das áreas mais urbanas, o 13 também tem a sua “Vila Madalena” no quartier de Butte aux Cailles, com muros tomados de street art e casas térreas. O endereço foi imortalizado no filme Caché, de Michael Haneke. 

É nesse cenário contemporâneo inesperado que fica o novíssimo Too Hotel, da rede Accor, com seus 25 andares e rooftop bar com vista privilegiada dessa região menos conhecida, mas interessante e estratégica da Rive Gauche. Em um cubo de vidro de 6 metros de altura, a vista mais alta de Paris vai muito além do 13. Em suma, se a busca for por uma Rive Gauche de vibe mais moderna, o Too Hotel é “o” destino. Reserve aqui

Perfil: CEOs, arquitetos, urbanistas, urbanóides, entusiastas de arquitetura contemporânea.

Molitor Paris (16º arrondissement) 

O mais Bois de Boulogne e Rolland Garros

Houve um tempo em que o 16ème concentrava a nata da elite parisiense Belle Époque descrita nos romances de Proust, com aristocratas e a alta burguesia dos barões da borracha (e outras matérias-primas). É daí que vem uma expressão pra se referir a uma pessoa muito alinhada: “très seizième”.  

Com o tempo, o arrondissement virou um híbrido de old money com novos ricos, de políticos a celebridades. Mas a magia de uma época continua intacta no romântico parque Bois de Bologne, com seus coretos, cisnes, bistrôs em ilhotas sob o lago, estradas na mata, mansões de príncipes, o estádio de Rolland Garros e o clube mais Art Déco da cidade: o Molitor

Fundado nos anos 1930, o Molitor tem todos os elementos que fazem desse estilo arquitetônico um dos mais amados. Os quartos ficam nas galerias circulares em torno de uma piscina monumental. Com academia completa incluindo pilates e spa da Clarins, o Molitor é, ao mesmo tempo, um hotel e um clube esportivo privado onde é possível dividir a piscina com moradores do bairro. Além da enorme piscina aberta, há uma outra grande indoor e aquecida. 

No verão, acontece uma grande programação musical aberta ao público. Além do clima de clube très seizième, é o lugar ideal para quem vem assistir às partidas de Rolland Garros, a dois passos de lá. Ah, no filme As Aventuras de Pi, o personagem principal chamava Piscine Molitor, uma homenagem que o pai dele prestou a esse mítico lugar. Reserve aqui.

Perfil: Tenistas (e entusiastas), esportistas e quem curte pool parties.

Hôtel Dame des Arts (6º arrondissement)

O mais glam rock e 6ème 

Veludos, meia luz quente, tons de mostarda, cobres e marrons que evocam a magia retrô de um filtro sépia, combinada com a decoração de formas arredondadas típicas dos anos 1970. O Hôtel Dame des Arts é assim, saído de um filme que remete à juventude francesa do passado e enche a atual de nostalgia. 

Inaugurado em fevereiro de 2023, o hotel já virou um queridinho no bairro pela celebrada cozinha de inspiração mexicana, o deck interno para futuros dias quentes e o seu roof bar aberto com vista tanto para o Quartier Latin quanto para os históricos Panthéon e Sorbonne.

O prédio dos anos 1950 é um dos raros a destoar da arquitetura hausmanniana da paisagem do 6º arrondissement e prima pela elegância nos menores detalhes. Até a academia de ginástica consegue ser chique, com madeira escura no lugar do alumínio habitual. Outra atração de sonho é o cinema privé: pra ver um filme enquanto vive um.

Pra completar, uma coleção de mais de 700 obras de arte pontuam o hotel, homenagem merecida ao DNA de Saint-Germain-des-Prés. Reserve aqui.

Perfil: fãs do Quartier Latin, de arte e spots da moda. 

Hôtel des Deux Iles (Notre Dame)

O mais fru-fru e Île Saint-Louis 

Difícil escolher os vinte lugares mais românticos de Paris, mas a Île Saint Louis estaria nele. A pequena ilha de 2500 habitantes a meio caminho entre o Marais e Saint Germain des Prés e a dois minutos da catedral de Notre Dame é um oásis de paz e de beleza. 

A quem interessar possa, é lá também que fica um dos cafés preferidos da Emily (em Paris), Le Flore en L’Ile, com uma das atrações da ilha, a centenária e super artesanal sorveteria Berthillon. Reserve aqui.

Perfil: quem ama a Île Saint-Louis. 

 

Hôtel Le Presbytère (4º arrondissement)

O mais gótico e mignon

A partir da reforma de um antigo presbitério do século 17, esse hotel é sobretudo pra quem curte arquitetura, especialmente para os fãs do intrincado e misterioso estilo gótico. Em qualquer um dos 11 quartos um arquiteto irá dormir entre as entranhas aparentes de um edifício religioso do mesmo estilo de época da igreja mais famosa e cultuada de Paris, a Notre Dame. Óbvio que não é só pra arquitetos, mas um lugar pra quem busca o insólito e inusual, e que tem preferência pelo bairro boêmio do Marais, com suas muitas galerias de arte, e o Museu Carnavalet, que conta a história de Paris. Reserve aqui.

Perfil: arquitetos, religiosos, curiosos. 

 

Hôtel Cabane (14º arrondissement)

O mais cosy e kid friendly

Uma casa na árvore no quintal. Esse é o clima do hotel boutique Cabane, cujo nome deriva do seu apartamento vedete, no estilo cabana de madeira, localizado no jardim interno do hotel e que está ligado por uma passarela. 

De tão cosy o hotel é quase um esconderijo em plena Montparnasse, a região chave da cena das artes no entre guerras e onde viveram os maiores artistas e intelectuais do século 20. 

Recentemente redecorado pela Selency (a galeria de móveis vintage mais completa e celebrada entre os arquitetos), o hotel é também conhecido como um dos mais kid friendly e disponibiliza um kit para bebês como cadeiras altas, jogos, livros de colorir, aquecedor de mamadeiras e berço. 

Outra boa? Fica pertinho da Fondation Cartier de arte contemporânea. Reserve aqui.

Perfil: famílias, cabaners, montparnassers

 

Cheval Blanc Paris & Dior Spa (1er arrodissement)

O mais spa de luxo e Rio Sena

O spa cinco estrelas da Dior, ainda que novíssimo, é para um tipo de cliente old school. A decoração do lobby e do spa do Cheval Blanc definitivamente conversa com as aspirações estéticas de quem coleciona bolsas de marca com monogramas enormes, o que dialoga bem com uma certa estética de shopping center.

Mas dá pra ficar melhor, talvez até redimir com a grande terrasse sobre o Sena e a Pont Neuf (a mais antiga das 37 pontes de Paris), que oferece uma perspectiva pouco comum entre os hotéis e um pôr-do-sol especial. Ainda mais depois de uma sauna com skincare Dior, saboreando maravilhosos langoustines no restaurante Langosteria, o novo hit da cidade pra quem ama frutos do mar. Reserve aqui.

Perfil: novos ricos, gourmands.

 

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