Bati um papo com o pessoal da brilhante, da venerável revista Bravo!, que falou de acessibilidade em museus e centros culturais em seu site. Aí comecei a recapitular experiências.
De uma forma geral, os museus/centros culturais são as atrações mais adaptadas que a gente pode conseguir mundo afora – juntamente com shoppings, que particularmente não gosto de frequentar. Incrivelmente, diferentemente de bares, restaurantes, baladas e até da casa daquele seu amigo de infância, lugares que muuuuito frequentemente carecem de banheiros minimamente largos.
A coisa vai bem tanto no Brasil como fora. É difícil dizer sobre acessibilidade universal, já que não posso opinar, por exemplo, sobre a incidência de pisos táteis, áudio descrição ou facilidades para nanismo… Mas acho que, de uma forma geral, nos museus o deficiente consegue usufruir do direito de ir e vir previsto na golpeada Constituição de 1988.
É difícil dizer qual minha instituição cultural preferida no Brasil, mas acho que fico com o Masp. Por sua arquitetura provocadora, uma caixa suspensa concebida pela romana Lina Bo Bardi, com aquele vão livre para se conviver.
Ao contrário das supostas rampas acessíveis da Avenida Paulista, dignas de risco de vida, sobretudo no quarteirão do Masp. A pessoa que concebeu, que pariu essa obra de urbanismo, com certeza nunca usou uma rampa ali.
Ainda na minha cidade, gosto também do MIS por causa das atrações que eles levam, exposições como as do David Bowie e do Stanley Kubrick, ainda que haja goteira dentro do elevador (ao menos havia em tempos próximos).
Claro, há exemplos de má conservação, largados, como o Memorial Chico Science em Recife. Francisco de Assis França Caldas Brandão, Malungo sangue bom, não merecia isso… Muito menos ser morto pela falha de seu possante.
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Fato é que muitos países têm melhor papel em acessibilidade. Se o papo for as calçadas, então… Se o papo é banheiro, aí, sim, o Brasil está “eras” atrasado. Como disse, é o maior drama, sempre apertado.
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No mundo, o Palácio Topkapi, em Istambul, impressiona muito: fica no alto de uma colina e há rampas, ainda que improvisadas, que possibilitam a gente ver de tudo da história do Maomé. É uma viagem ver os fios da barba dele, um dente dele, o manto do profeta…
Um exemplo negativo em acessibilidade que vi por aí foi o Museu dos Ramones, em Berlim, onde dava pra entrar com a cadeira de rodas, mas não havia banheiro que comportasse a largura da cadeira, o que é péssimo para o deficiente, tive que fazer justiça com as próprias mãos numa garrafa de água no meio da rua.
Há outros 2 em Amsterdã que também possibilitavam uma acessibilidade parcial: na Casa de Anne Frank não é possível chegar ao ponto exato onde a menina judia escrevia suas cartas, pois há escadas. Só dá pra ir à parte nova. No Sex Museum também impossível conferir o segundo e o terceiro andares. Ao menos não me cobraram ingresso.
Outro com acesso parcial foi o Museu do Estádio Centenário, em Montevidéu. Não pude ir ao andar de cima e só subi para as arquibancadas porque meus amigos me carregaram. Quase o caso da Allianz Arena, estádio do Bayern de Munique onde fui vetado do tour numa das maiores humilhações que passei na vida, mas isso é assunto pra outro post.
Em Dublin, o Museu dos Escritores foi pior, pois há escada já na entrada, um dos raríssimos exemplos inacessíveis mundo afora. Mas a capital da Irlanda tem outros tantos que facilitam, caso do Guinness Experience, do viking Dublinia, que tem guia de papel em português, e do Leprechaun Museum, ainda que não tenha encontrado o pote de ouro ao final do arco-íris.
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