Roteiro: 36 horas em Amsterdã
Não há desculpa para não fazer nenhuma parada na capital holandesa e conhecer uma das cidades mais vibrantes do Velho Continente
Amsterdã é hoje a combinação harmônica entre passado e futuro, prova de que o tradicional e o inovador resultam em uma mistura culturalmente rica e atrativa – na arquitetura, na arte, na moda, na gastronomia… Pequena, cheia de qualidade de vida, a capital da Holanda pode e deve ser considerada em toda viagem à Europa por um ótimo motivo: a passagem, para quem está em trânsito, pode sair de graça.
Com um dos aeroportos mais completos do continente, hub de diversos voos, é possível fazer um stopover de 36 horas, tempo suficiente para aproveitar algumas de suas melhores atrações.
PREPARE SEU STOPOVERA KLM, companhia aérea holandesa, permite paradas grátis em Amsterdã em todos os voos originados no Brasil para outros destinos. Passageiros têm direito a, pelo menos, uma parada grátis na ida e outra na volta. No site da aérea, há um passo a passo para comprar o tíquete com stopover |
1º dia
Manhã
Na Centraal Station, de onde partem os trens e os trans, começa a Damrak, a larga avenida que leva ao norte da cidade. Movimentada, cheia de lojas, ela cruza o Canal Ring, o complexo de canais que se distribui em círculos concêntricos em sequência.
O cenário dessa região (Centrum) é completado pelas inúmeras pontes e edifícios históricos e pelos predinhos típicos holandeses – estreitos, colados uns nos outros, de três a cinco andares, cheios de janelas. Nas ruas, holandeses trafegam alucinados a bordo de suas bicicletas. Fique atento: não ande nas ciclovias e respeite as buzinas. Atenção também para os trams.
Se você seguir em linha reta pela Damrak a partir da Centraal, em cerca de 500 metros chegará à DAM Square, a principal praça da cidade. Com 750 metros quadrados de área, ela recebe eventos sazonais como o tradicional Mercado de Natal, parques de diversão e feiras gastronômicas. No entorno, chamam a atenção o neoclássico Palácio Real, do século 17, e a gótica Catedral Nieuwe Kerk, que data do século 15. Por ali, há uma filial do museu de cera londrino Madame Tussauds. E também a lojinha Dam Square Souvenirs, a mais bacana da cidade para comprar lembrancinhas.
A próxima parada é a Casa de Anne Frank. Da DAM Square, no sentido de quem vem da estação, vire à direita na Mozes Aäronstraat em direção ao Canal Prinsengracht. Foi lá que a menina judia de origem alemã escreveu seu famoso diário, escondida em um anexo secreto do edifício com a família e amigos durante a ocupação nazista na Holanda. Hoje museu, a casa mostra detalhes dos dois anos em que eles permaneceram escondidos – em 1944, foram descobertos e deportados para o campo de concentração de Auschwitz.
Para alegrar o passeio, ande por uns seis minutos até o Winkel 43, do outro lado do canal, onde você provará a melhor torta de maçã com chantilly da cidade, quiçá do mundo. O café ainda oferece alguns pratos rápidos, como quiche de cogumelos portobelo e brie com salada verde. Para uma refeição mais substanciosa, siga – sempre na direção sul do Canal Prinsengracht – para o restaurante Raïnaraï, que serve comida caseira.
Tarde
Nas redondezas, dá para fazer a digestão num pequeno tour de compras. Entre as lojas está a Van Hier Tot Tokyo, que tem uma linda coleção de quimonos; a fofa Kunstboer e suas peças de designer pop com estampas de bichos; e uma filial da Royal Delft, que vende a porcelana azul típica holandesa.
Dali, vire à esquerda na Spiegelgracht, ande cerca de 140 metros, continue na Weteringschans por 40 metros e, à direita, a cerca de 80 metros, você encontrará a gigantesca praça dos museus. Por causa do tempo, visitar o Van Gogh Museum e o Rijksmuseum é bastante corrido. Uma ideia é escolher um dos dois para gastar a tarde.
Para quem gosta de arte, é uma decisão difícil. No Van Gogh, estão expostas joias como Os Girassóis e Quarto em Arles. O museu também apresenta uma parte didática que explica a trajetória do artista, bem como sua relação com a família e outros grandes mestres de seu tempo. Já no Rijksmuseum, estão obras-primas como A Ronda Noturna, de Rembrandt, e A Leiteira, de Johannes Vermeer. Para os dois museus (assim como para a Casa de Anne Frank), comprar ingresso antecipado é fundamental.
Holandeses jantam cedo. Se quiser entrar no clima local, o horário é por volta das 18 horas. Uma sugestão é o Bazar Amsterdam. Instalado em um prédio neoclássico do século 18 que, no passado, abrigou uma igreja anglicana, serve especialmente pratos do Oriente Médio e do norte da África – como o El Couscous, feito de uma variedade de kebabs, cuscuz marroquino, legumes grelhados e molhos diversos.
O restaurante fica no De Pijp, bairro de imigrantes que se transformou nos últimos anos em um agitado polo gastronômico. É lá que fica, também, a Heineken Experience, museu instalado na primeira fábrica da marca.
Por ali, na Rua Eerste van der Helststraat, você vai deparar com muitos cafés. Entre eles estão o Flamingo e o Schilders, com seu jeitão de pub no estilo antiquário com mobiliário de madeira escura. São ótimas pedidas para um drinque ou um café. Problema é conseguir uma mesa – estão sempre lotados!
Noite
Hora de pegar um tram para a Centraal Station e explorar o histórico, mítico, Red Light District. Para chegar lá, refaça o caminho pela Damrak até a DAM Square e, em vez de virar à direita, como de manhã, siga à esquerda. Você vai passar o primeiro canal e, quando chegar ao segundo, vire à esquerda e entre na principal rua do pedaço, a Oudezijds Achterburgwal.
É lá que, exercendo a profissão mais antiga do mundo, mulheres se exibem em vitrines, esperando as ofertas dos clientes. Turistas adoram o lugar pelo menos para ver o inusitado – só lembre que é proibido tirar fotos. Também na rua está o tradicional teatro de sexo explícito Café Rosso e uma infinidade de bares e cafés com pegada sensual, além de sex shops.
No entanto, nos últimos anos, os estabelecimentos tradicionais do Red Light passaram a dividir espaço com bares de outros perfis, atraindo todo tipo de público. Vale andar pelas ruas para conhecer o bairro e, eventualmente, parar nas lojinhas de especialidades holandesas – como na Red Light Déli, que tem, entre outos produtos, queijos Gouda, Edam e Alkmaar.
No Red Light District, é possível avançar madrugada adentro. Só fique de olho para não perder a hora no dia seguinte, que começa cedo.
COFFEESHOPSFumar maconha é permitido em Amsterdã, mas apenas dentro dos coffeeshops. Entre os mais conhecidos estão o Barney’s, o Dampkring e o Grey Area. No The Old Church (Amstel 8, 1017 AA), há brownies de chocolate com cannabis. |
2º dia
Manhã
Logo cedo, alugue uma bicicleta por pelo menos uma hora e pedale pelo Vondelpark, a maior área verde de Amsterdã. Se pedalar não for a sua, apenas caminhe, aproveite o sol da manhã e tome um latte com croissant no café ‘T Blauwe Theehuis, dentro do parque.
Na saída, pelo portão da Stadhouderskade, você já verá, do outro lado da rua, os barquinhos do City Canal Cruise. O passeio de 75 minutos percorre os principais canais, com os guias contando um pouco da história de Amsterdã desde a construção dos primeiros diques.
No fim, de volta ao mesmo lugar de embarque, vire na Stadhouderskade em direção à Praça Leidseplen. Chegando lá, você seguirá pela direita na Leidstraat, que é uma rua de comércio, com lojas como Adidas, Abercrombie & Fitch, Zara… Você vai seguir os trilhos do tram – não tem erro!
Mais uns 2 quilômetros suaves e você verá o Canal Singel, um dos mais famosos da cidade. E eis que você terá chegado ao Bloemenmarkt, o famoso mercado das flores! Aqui é o lugar em que as tulipas estão, e são vendidas em cerca de 20 barracas à beira do canal. Podem ser encontradas em todas as cores e estágios – semente, bulbo e, já crescidas, em buquês, arranjos e vasos.
Para terminar o passeio, prepare-se para uma foto em tela viva. Perto do mercado das flores, na Rembrandtplein, uma série de esculturas remonta a cena que se vê no quadro Ronda Noturna, de Rembrant – aquele mesmo, do Rijksmuseum. Concebida pelos artistas russos Mikhail Dronov e Alexander Taratynov, traz os personagens da cena em tamanho natural. Para chegar lá, é só sair da rua do mercado (sentido sul), atravessar a Muntplein, entrar na Rua Rembrandtplein, andar uns 500 metros e preparar as poses!
Se não estiver atrasado para o voo, almoce no Moeders. No restaurante, existe uma combinação de menus com três pratos que vão proporcionar uma saideira com o sabor da culinária holandesa. Normalmente, eles são compostos por uma salada, um peixe assado e uma sobremesa com frutas assadas.
E pronto: agora você quase pode dizer que “sabe tudo” de Amsterdã. Pelo menos até a volta, com mais tempo.
LARICAO stroopwafel, um waffle fininho recheado de caramelo, é a bolachinha típica holandesa, presente perfeito para você levar a seus amigos. No free shop do aeroporto, três caixinhas saem por € 9,99. Bem mais em conta é ir ao supermercado Albert Heijn, onde um pacote de 390 gramas custa cerca de € 1,40. |
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Publicado na edição 266 da revista Viagem e Turismo