Amazônia? Não! Essa floresta exuberante fica em São Paulo
Essa mata densa, com a sua diversidade de espécies, fica no Vale do Ribeira, região da Serra do Mar; veja fotos e saiba mais
Toda esta grandiosidade verde da mata atlântica, com cenas de um paraíso improvável, fica no Estado de São Paulo, no Vale do Ribeira, em uma reserva chamada Legado das Águas. Aberta ao ecoturismo, nos convida para conhecer toda sua exuberância e biodiversidade imensurável:
![A Reserva Legado das Águas não é apenas uma enorme área protegida. É também parte de um mosaico de grandes unidades de conservação que, juntas, formam o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica, entre as serras do Mar e de Paranapiacaba, ao longo do Vale do Ribeira. São 31 mil hectares de florestas em ótimo estado de conservação. Só percebi a grandiosidade quando sobrevoei a reserva em um helicóptero. Ali estava a visão do "tapete verde" a perder de vista, comum na Floresta Amazônica. A região da foto é a divisa entre o Legado das Águas e o Parque Estadual do Jurupará. A reserva foi criada em uma área comprada pelo empresário Antônio Ermírio de Moraes, na década de 1950, para proteger a água para as suas hidrelétricas. Agora começa a se abrir para o ecoturismo A Reserva Legado das Águas não é apenas uma enorme área protegida. É também parte de um mosaico de grandes unidades de conservação que, juntas, formam o maior remanescente contínuo de Mata Atlântica, entre as serras do Mar e de Paranapiacaba, ao longo do Vale do Ribeira. São 31 mil hectares de florestas em ótimo estado de conservação. Só percebi a grandiosidade quando sobrevoei a reserva em um helicóptero. Ali estava a visão do "tapete verde" a perder de vista, comum na Floresta Amazônica. A região da foto é a divisa entre o Legado das Águas e o Parque Estadual do Jurupará. A reserva foi criada em uma área comprada pelo empresário Antônio Ermírio de Moraes, na década de 1950, para proteger a água para as suas hidrelétricas. Agora começa a se abrir para o ecoturismo](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/l_candisani_reserva_votorantim-141_t_f.jpeg?quality=90&strip=info&w=919&w=636)
![Uma cena inesquecível marcou a minha primeira viagem ao Legado das Águas: a onça-parda surgiu da floresta e, com dois pulos ágeis, atravessou a estrada de chão diante dos meus olhos atônitos observando de dentro da picape. Desde então passei a perseguir uma forma de reproduzir aquela emoção em uma imagem. Só aconteceu recentemente, em um dos estúdios fotográficos automáticos que montei na mata. Esta onça disparou sua própria fotografia ao cruzar os sensores ligados à câmera. Ela ia passando, de costas para a lente, mas se virou, curiosa com o barulho da câmera. Sinto, nesta imagem, a emoção de entrar em uma floresta viva Uma cena inesquecível marcou a minha primeira viagem ao Legado das Águas: a onça-parda surgiu da floresta e, com dois pulos ágeis, atravessou a estrada de chão diante dos meus olhos atônitos observando de dentro da picape. Desde então passei a perseguir uma forma de reproduzir aquela emoção em uma imagem. Só aconteceu recentemente, em um dos estúdios fotográficos automáticos que montei na mata. Esta onça disparou sua própria fotografia ao cruzar os sensores ligados à câmera. Ela ia passando, de costas para a lente, mas se virou, curiosa com o barulho da câmera. Sinto, nesta imagem, a emoção de entrar em uma floresta viva](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/tapirai_legado_aguas_cambuci_0515_6_t_f_9900_phrag_rc_60x90.jpeg?quality=90&strip=info&w=921&w=636)
![Estávamos almoçando na reserva quando veio o aviso: macacos na vila! Peguei a câmera e corri para o local. Em cinco minutos eu estava diante de um bando de macacos-prego (<em>Cebus sp</em>), interessados num pequeno bananal dos moradores. A maior parte fugiu à minha aproximação, exceto este macho, cujo o comportamento foi o de tentar intimidar mostrando os dentes e vocalizando Estávamos almoçando na reserva quando veio o aviso: macacos na vila! Peguei a câmera e corri para o local. Em cinco minutos eu estava diante de um bando de macacos-prego (<em>Cebus sp</em>), interessados num pequeno bananal dos moradores. A maior parte fugiu à minha aproximação, exceto este macho, cujo o comportamento foi o de tentar intimidar mostrando os dentes e vocalizando](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/tapirai_legado_aguas_0514_1198_t_f.jpeg?quality=90&strip=info&w=919&w=636)
![Olhei até ter certeza que era aquilo mesmo - um lagarto teiú (<em>Tupinambis teguixim</em>). Na água clara do riacho, mergulhado! Jamais vira coisa assim em anos de andanças na Mata Atlântica. Entramos no rio, e ele permaneceu onde estava, com dois palmos de água sobre o corpo. Foi quando fiz esta imagem inusitada Olhei até ter certeza que era aquilo mesmo - um lagarto teiú (<em>Tupinambis teguixim</em>). Na água clara do riacho, mergulhado! Jamais vira coisa assim em anos de andanças na Mata Atlântica. Entramos no rio, e ele permaneceu onde estava, com dois palmos de água sobre o corpo. Foi quando fiz esta imagem inusitada](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/l_candisani_reserva_votorantim-60_t_f.jpeg?quality=90&strip=info&w=919&w=636)
![O som chamou a minha atenção. Batidas abafadas em madeira oca. Precisei de dez minutos e movimentos lentos para identificar o autor da sinfonia: um pica-pau-benedito. No alto de uma árvore, ele bicava orifícios de um galho para pegar larvas. Percebeu a minha presença, parou de comer, estufou o peito e eriçou o penacho vermelho. Foi quando disparei a câmera O som chamou a minha atenção. Batidas abafadas em madeira oca. Precisei de dez minutos e movimentos lentos para identificar o autor da sinfonia: um pica-pau-benedito. No alto de uma árvore, ele bicava orifícios de um galho para pegar larvas. Percebeu a minha presença, parou de comer, estufou o peito e eriçou o penacho vermelho. Foi quando disparei a câmera](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/tapirai_legado_aguas_0314_261_t_f.jpeg?quality=90&strip=info&w=924&w=636)
![Uma antiga pedreira usada na construção da hidrelétrica da Barra, uma das quatro situadas no Legado das Águas, transformou-se, com o tempo, em refúgio de anfíbios. A sinfonia em noites de verão impressiona. A diversidade de espécies, idem. Esta perereca (<em>Phyllomedusa distincta</em>) foi flagrada neste ambiente improvável Uma antiga pedreira usada na construção da hidrelétrica da Barra, uma das quatro situadas no Legado das Águas, transformou-se, com o tempo, em refúgio de anfíbios. A sinfonia em noites de verão impressiona. A diversidade de espécies, idem. Esta perereca (<em>Phyllomedusa distincta</em>) foi flagrada neste ambiente improvável](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/lcf4241.jpeg?quality=90&strip=info&w=919&w=636)
![Esta é a Cachoeira do Alecrim. Acredito que quedas-dágua cercadas de mata nos tragam, com muita força, a ideia da relação causa/efeito entre florestas extensas e abundância de água. Além de proporcionar ambiente de beleza cênica singular. Não me canso de fotografá-las. É um desafio manter o equipamento seco e funcionando diante da nuvem dágua. É como fotografar sob a chuva Esta é a Cachoeira do Alecrim. Acredito que quedas-dágua cercadas de mata nos tragam, com muita força, a ideia da relação causa/efeito entre florestas extensas e abundância de água. Além de proporcionar ambiente de beleza cênica singular. Não me canso de fotografá-las. É um desafio manter o equipamento seco e funcionando diante da nuvem dágua. É como fotografar sob a chuva](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2016/10/lc13138_t_retoque.jpeg?quality=90&strip=info&w=919&w=636)
Como ir
O Legado das Águas é aberto a um tipo específico de ecoturismo: o de cursos de imersão na natureza. Entre eles está o workshop Fotografia na Floresta, ministrado por Candisani e já na quarta edição. Os participantes ficam em instalações simples, com comida caseira, e fazem trilhas na mata enquanto aprendem técnicas de fotografia. Informações no site.
Autor de nove livros, ele roda o planeta há 18 anos, fotografando para revistas como a NATIONAL GEOGRAPHIC. Em 2012, ganhou o prêmio Wildlife Photographer of the Year, o principal da fotografia de natureza no mundo.
Revista Viagem e Turismo — Dezembro de 2015 — Edição 242