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Coronavírus: sintomas, transmissão e cuidados para quem viaja

Mais de 15 países já apresentam casos da doença, que deixou 106 mortos na China. Uma criança brasileira nas Filipinas está entre os possíveis contaminados

Por Luca Occhialini
Atualizado em 27 fev 2020, 15h30 - Publicado em 28 jan 2020, 11h35

Nesta terça-feira (28), o governo da China confirmou 4.535 casos e 106 mortes no país causadas pelo coronavírus. A doença se propagou para quatro continentes e já tem casos confirmados em 18 países. Estados Unidos, Canadá, Austrália, França e Alemanha são os locais fora da Ásia que estão com suspeitos sob observação. 

O primeiro caso de infecção pelo coronavírus foi registrado em dezembro, na cidade de Wuhan, localizada no leste da China, a 840 quilômetros de Xangai. A suspeita é que o surto tenha iniciado em um mercado que comercializa animais silvestres ilegalmente. A primeira morte decorrente do vírus foi registrada em 11 de janeiro. 

No início, as autoridades chinesas não deram a devida atenção, segundo o próprio prefeito da cidade de Wuhan, Zhou Xianwang. Mas, agora, com o número atual de vítimas, muitas medidas estão sendo tomadas ao redor do mundo, confira aqui

Na China, atitudes mais drásticas foram tomadas para tentar conter a transmissão do vírus. Entre elas, estão o cancelamento da celebração do Ano Novo Chinês, a proibição do comércio de animais silvestres, a suspensão da circulação de ônibus e recesso compulsório em escolas e universidades. Além disso, Wuhan está em quarentena desde a última quarta-feira (22).

Confira tudo que você precisa saber sobre o coronavírus:

O que é?

O coronavírus pertence à família viral Coronaviridae, que foi descoberta em 1960 e provoca doenças respiratórias em humanos e animais. Além de enfermidades leves como a gripe, o coronavírus é o causador de doenças como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), transmitida de dromedários para humanos, e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), transmitida de felinos para humanos. Esta última ocasionou um surto em 2002 que afetou mais de 8 mil pessoas. O foco também foi a Ásia, com 349 mortes na China continental e outras 299 em Hong Kong.

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Como a doença é transmitida?

Acreditava-se que o coronavírus só poderia ser transmitido de animais para humanos, assim como nas outras doenças provocadas pelo coronavírus. Porém, foi confirmado que a transmissão desta nova variante do vírus pode acontecer de pessoa para pessoa, algo que complica o controle sobre a proliferação da doença. A propagação pode acontecer através do espirro, saliva, catarro e tosse de indivíduos infectados. O toque direto com pessoas doentes, como um simples aperto de mão, ou o contato com objetos infectados também podem causar a proliferação do vírus.

Duas análises feitas sobre a doença concluíram que cada pessoa infectada pode transmitir o vírus para dois ou três outros indivíduos, o que representa uma velocidade de contágio muito grande. Uma pesquisa da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, também anunciou que o número de casos pode chegar a 190 mil no início de fevereiro caso as medidas de contenção não funcionem.

Quais são os sintomas?

As pessoas infectadas apresentam sintomas parecidos com os da gripe comum: febre, coriza, dificuldade para respirar, tosse e dor de garganta. Com o desenvolvimento da doença, pode haver complicações como pneumonia, insuficiência renal e até a morte. Pessoas com complicações de saúde prévias, principalmente no sistema respiratório, ou que pertencem a grupos de risco elevado, como é o caso de idosos e grávidas, são mais propensos a desenvolverem os sintomas avançados.

O ministro da Comissão Nacional de Saúde da China, Ma Xiaowei, afirma que os indivíduos infectados podem demorar de 1 a 14 dias para apresentar os sintomas – e que é justamente nesse período que ocorre a transmissão da doença. No mesmo pronunciamento, Xiaowei disse que o vírus está se desenvolvendo e aumentando sua capacidade de se espalhar. A notícia causou preocupação ao redor do mundo, principalmente depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reavaliou o risco internacional do coronavírus de “moderado” para “elevado”.

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Coronavírus, Pequim, China
Funcionária checa a temperatura de mulheres na entrada de um metrô em Pequim, China (Betsy Joles/Getty Images)

Como evitar?

Não há uma receita pronta para evitar o contágio, mas algumas atitudes podem diminuir as chances de contaminação. Evitar áreas que são centros de transmissão e não entrar em contato com pessoas que apresentam sintomas da doença são as primeiras medidas a serem tomadas. Evitar proximidade com animais selvagens e pessoas que apresentem sintomas de infecção respiratória aguda. 

Alguns cuidados de higiene pessoal também ajudam, como lavar as mãos frequentemente, utilizar lenços descartáveis, cobrir nariz e boca quando tossir ou espirrar e evitar o toque direto nos olhos, nariz e boca. Não compartilhar objetos de uso pessoal também é aconselhado pelo órgão do governo brasileiro. 

As máscaras respiratórias, constantemente usadas na China por conta da poluição, também são indicadas, porém não evitam 100% o contágio. Algumas cidades do país, incluindo Wuhan, passaram a obrigar o uso deste aparato pela população local. 

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Qual é o panorama do Brasil?

A primeira preocupação do Brasil em relação ao coronavírus aconteceu na quarta-feira passada (22), em Minas Gerais, quando uma mulher que visitou a China foi apontada como uma possível portadora do vírus. O caso, porém, foi descartado pelo Ministério da Saúde. Até o momento, não há confirmação de nenhuma pessoa com a doença em território brasileiro.

Já a situação de brasileiros no exterior é diferente. A embaixada do Brasil em Manila, nas Filipinas, relatou que uma criança brasileira que está no país asiático é suspeita de ter contraído o vírus. Seus pais também estão internados por precaução. O Itamaraty disse que não existem sintomas e ainda não há a confirmação da doença, que deve acontecer – ou não – apenas na próxima quarta-feira (29).

A prevenção já começou em terras brasileiras, com informes sonoros, de aproximadamente um minuto, sendo emitidos nos aeroportos controlados pela Infraero no Brasil. Os aeroportos particulares também receberam a gravação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que fala em português, inglês e mandarim sobre sintomas e medidas a serem tomadas para evitar o contágio da doença. 

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