Nesta terça-feira (28), o governo da China confirmou 4.535 casos e 106 mortes no país causadas pelo coronavírus. A doença se propagou para quatro continentes e já tem casos confirmados em 18 países. Estados Unidos, Canadá, Austrália, França e Alemanha são os locais fora da Ásia que estão com suspeitos sob observação.
O primeiro caso de infecção pelo coronavírus foi registrado em dezembro, na cidade de Wuhan, localizada no leste da China, a 840 quilômetros de Xangai. A suspeita é que o surto tenha iniciado em um mercado que comercializa animais silvestres ilegalmente. A primeira morte decorrente do vírus foi registrada em 11 de janeiro.
No início, as autoridades chinesas não deram a devida atenção, segundo o próprio prefeito da cidade de Wuhan, Zhou Xianwang. Mas, agora, com o número atual de vítimas, muitas medidas estão sendo tomadas ao redor do mundo, confira aqui.
Na China, atitudes mais drásticas foram tomadas para tentar conter a transmissão do vírus. Entre elas, estão o cancelamento da celebração do Ano Novo Chinês, a proibição do comércio de animais silvestres, a suspensão da circulação de ônibus e recesso compulsório em escolas e universidades. Além disso, Wuhan está em quarentena desde a última quarta-feira (22).
Confira tudo que você precisa saber sobre o coronavírus:
O que é?
O coronavírus pertence à família viral Coronaviridae, que foi descoberta em 1960 e provoca doenças respiratórias em humanos e animais. Além de enfermidades leves como a gripe, o coronavírus é o causador de doenças como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), transmitida de dromedários para humanos, e a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), transmitida de felinos para humanos. Esta última ocasionou um surto em 2002 que afetou mais de 8 mil pessoas. O foco também foi a Ásia, com 349 mortes na China continental e outras 299 em Hong Kong.
Como a doença é transmitida?
Acreditava-se que o coronavírus só poderia ser transmitido de animais para humanos, assim como nas outras doenças provocadas pelo coronavírus. Porém, foi confirmado que a transmissão desta nova variante do vírus pode acontecer de pessoa para pessoa, algo que complica o controle sobre a proliferação da doença. A propagação pode acontecer através do espirro, saliva, catarro e tosse de indivíduos infectados. O toque direto com pessoas doentes, como um simples aperto de mão, ou o contato com objetos infectados também podem causar a proliferação do vírus.
Duas análises feitas sobre a doença concluíram que cada pessoa infectada pode transmitir o vírus para dois ou três outros indivíduos, o que representa uma velocidade de contágio muito grande. Uma pesquisa da Universidade de Lancaster, no Reino Unido, também anunciou que o número de casos pode chegar a 190 mil no início de fevereiro caso as medidas de contenção não funcionem.
Quais são os sintomas?
As pessoas infectadas apresentam sintomas parecidos com os da gripe comum: febre, coriza, dificuldade para respirar, tosse e dor de garganta. Com o desenvolvimento da doença, pode haver complicações como pneumonia, insuficiência renal e até a morte. Pessoas com complicações de saúde prévias, principalmente no sistema respiratório, ou que pertencem a grupos de risco elevado, como é o caso de idosos e grávidas, são mais propensos a desenvolverem os sintomas avançados.
O ministro da Comissão Nacional de Saúde da China, Ma Xiaowei, afirma que os indivíduos infectados podem demorar de 1 a 14 dias para apresentar os sintomas – e que é justamente nesse período que ocorre a transmissão da doença. No mesmo pronunciamento, Xiaowei disse que o vírus está se desenvolvendo e aumentando sua capacidade de se espalhar. A notícia causou preocupação ao redor do mundo, principalmente depois que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reavaliou o risco internacional do coronavírus de “moderado” para “elevado”.
Como evitar?
Não há uma receita pronta para evitar o contágio, mas algumas atitudes podem diminuir as chances de contaminação. Evitar áreas que são centros de transmissão e não entrar em contato com pessoas que apresentam sintomas da doença são as primeiras medidas a serem tomadas. Evitar proximidade com animais selvagens e pessoas que apresentem sintomas de infecção respiratória aguda.
Alguns cuidados de higiene pessoal também ajudam, como lavar as mãos frequentemente, utilizar lenços descartáveis, cobrir nariz e boca quando tossir ou espirrar e evitar o toque direto nos olhos, nariz e boca. Não compartilhar objetos de uso pessoal também é aconselhado pelo órgão do governo brasileiro.
As máscaras respiratórias, constantemente usadas na China por conta da poluição, também são indicadas, porém não evitam 100% o contágio. Algumas cidades do país, incluindo Wuhan, passaram a obrigar o uso deste aparato pela população local.
Qual é o panorama do Brasil?
A primeira preocupação do Brasil em relação ao coronavírus aconteceu na quarta-feira passada (22), em Minas Gerais, quando uma mulher que visitou a China foi apontada como uma possível portadora do vírus. O caso, porém, foi descartado pelo Ministério da Saúde. Até o momento, não há confirmação de nenhuma pessoa com a doença em território brasileiro.
Já a situação de brasileiros no exterior é diferente. A embaixada do Brasil em Manila, nas Filipinas, relatou que uma criança brasileira que está no país asiático é suspeita de ter contraído o vírus. Seus pais também estão internados por precaução. O Itamaraty disse que não existem sintomas e ainda não há a confirmação da doença, que deve acontecer – ou não – apenas na próxima quarta-feira (29).
A prevenção já começou em terras brasileiras, com informes sonoros, de aproximadamente um minuto, sendo emitidos nos aeroportos controlados pela Infraero no Brasil. Os aeroportos particulares também receberam a gravação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que fala em português, inglês e mandarim sobre sintomas e medidas a serem tomadas para evitar o contágio da doença.