Emirates realiza testes para detectar coronavírus no embarque
Exames, equipamento de proteção e até um polêmico "passaporte de imunidade" apontam caminhos para a retomada da aviação comercial
A Emirates se tornou a primeira aérea a realizar testes rápidos em passageiros para detectar possível contaminação pelo coronavírus. No dia 15 de abril, a companhia fez os primeiros exames em Dubai, minutos antes do avião partir para a Tunísia. O procedimento foi colocado em prática no Terminal 3 do Aeroporto Internacional de Dubai (DXB), em parceria com a autoridade de saúde da cidade.
O teste consiste em furar a ponta do dedo, colher uma amostra do sangue e misturar com reagentes que indicarão se a pessoa já esteve em contato com o vírus e se chegou a desenvolver anticorpos. O resultado sai em 10 minutos. O teste não é uma garantia de que a pessoa não esteja contaminada, já que os anticorpos podem demorar para serem produzidos pelo corpo mesmo após a infecção.
Emirates has become the first airline to conduct on-site rapid COVID-19 tests for passengers. The health and safety of our passengers and employees is of paramount importance, and will not be compromised. @DXB @DHA_Dubai #FlyEmiratesFlyBetter #COVID_19 #COVID19 pic.twitter.com/c443NU6bvA
— Emirates (@emirates) April 15, 2020
Passaporte de imunidade?
Após a primeira bateria de testes, a Emirates disse através de Adel Al Redha, diretor de operações da empresa, que está “trabalhando em planos para ampliar a capacidade de testes no futuro e estendê-los a outros voos. Isso permitirá fornecer confirmação imediata aos passageiros que viajam para países que requeiram certificados de teste de covid-19″.
Fala-se atualmente sobre a criação de um “passaporte de imunidade”, que estaria sendo cogitado por países como Chile, Estados Unidos, Alemanha e Espanha. A medida é muito polêmica por diversos fatores: sabe-se muito pouco sobre o vírus, os testes têm precisão limitada e não há evidências científicas de que a imunidade adquirida por alguém contaminado seja definitiva ou apenas parcial. Especialistas da OMS são contra a criação de um “passaporte de imunidade” e ressaltam que os atuais testes são importantes para acompanhar a evolução da epidemia em determinada população, mas não permitem nenhuma conclusão no que diz respeito aos indivíduos. Até a publicação da reportagem, a Emirates não informou quais seriam as medidas tomadas caso alguém testasse positivo para o coronavírus na hora do embarque.
Assentos intervalados e outras medidas
A aérea dos Emirados Árabes adotou outras medidas a fim de garantir a segurança de funcionários e passageiros, desde o check-in até o voo. A companhia colocou barreiras de proteção nos balcões de embarque, assim como avisos que falam sobre a importância do distanciamento social. O aeroporto de Dubai implantou um scanner térmico logo na entrada, que mede a temperatura de todos que passam por ele.
O uniforme dos funcionários recebeu algumas peças adicionais, como luvas e máscaras, aventais descartáveis para serem usados sobre a roupa e um visor transparente para proteger os olhos. A constante utilização de desinfetantes também passou a fazer parte da rotina. Já os passageiros são convidados a utilizar máscaras e luvas tanto no check-in quanto no voo.
Emirates steps up safety measures for customers and employees at the airport and on board. #FlyEmiratesFlyBetter https://t.co/BNMUXp2vKO pic.twitter.com/LcdBjdarZS
— Emirates (@emirates) April 21, 2020
Dentro da aeronave, a rotina também foi alterada. Passageiros que não viajam juntos serão alocados em assentos intervalados. As refeições agora vêm dentro de caixas. As revistas de bordo e panfletos, que normalmente são guardadas no bolsão, foram retirados. E as bagagens de mão se limitaram ao mínimo, sendo liberado apenas notebook, bolsa, maleta de mão e itens necessários para um bebê de colo. Segundo informativo da companhia, “todos os outros itens precisam ser despachados e a Emirates adicionará a tarifa de bagagem de cabine à franquia de bagagem do cliente”.
From personal protective equipment (PPE) for cabin crew and airport teams to modified inflight services, we have stepped up safety measures for customers and employees at the airport and on board.#FlyEmiratesFlyBetter https://t.co/BNMUXp2vKO pic.twitter.com/UX4mFgQTOW
— Emirates (@emirates) April 21, 2020
Solução para o futuro?
Medidas como a da Emirates apontam caminhos sobre como a atividade aérea poderá ser retomada. O setor sofre a pior crise de todos os tempos. Segundo o relatório da consultoria Oliver Wyman sobre os impactos na aviação por conta do coronavírus, o cenário atual é pior do que na época do 11 de setembro, da epidemia da SARS, em 2003, e do colapso da economia, em 2008.
Na primeira semana de abril, a capacidade do setor estava reduzida em 59%. Entre as regiões que mais sofrem estão Europa, América do Sul e Oceania, com 74%, 73% e 70% de voos a menos do que o normal, respectivamente. Pensando apenas em Brasil, os desdobramentos são ainda piores, com uma redução de 92% dos voos. Atualmente, estão sendo realizadas viagens consideradas essenciais para apenas 46 destinos nacionais.
O contexto atual traz muita preocupação para o setor, que reforça a necessidade de receber recursos do governo a fim de evitar falência. Por isso a importância da volta de voos, mesmo que feita de maneira extremamente restritiva como fez a Emirates. Ações como a da aérea dos Emirados Árabes são fundamentais para que atividade econômica seja retomada, mas ainda há outros fatores que precisam ser estudados, como a reabertura de fronteiras e o “passaporte de imunidade”.