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Que tal descobrir os encantos da América Latina de bicicleta? Conheça a história do Erick

Foi em uma viagem a Hong Kong, bem longe da América Latina, que o mexicano Erick Alarcón teve a ideia de percorrer a região. Ele estava enfrentando algumas dificuldades para se comunicar lá na Ásia e pensou: temos quase um continente inteiro falando a mesma língua e nos conhecemos tão pouco. Sua viagem começou em 2012, […]

Por Mariana Maciel
2 abr 2015, 20h22

Foi em uma viagem a Hong Kong, bem longe da América Latina, que o mexicano Erick Alarcón teve a ideia de percorrer a região. Ele estava enfrentando algumas dificuldades para se comunicar lá na Ásia e pensou: temos quase um continente inteiro falando a mesma língua e nos conhecemos tão pouco.

Sua viagem começou em 2012, no Rio de Janeiro. Erick tinha seu próprio negócio no México e resolveu vender tudo para se aventurar, começando pelo Brasil. Trocou a gravata e as conversas corporativas por apenas uma mochila. A proposta era percorrer toda a costa, adentrando depois até o Amazonas, em um período de 6 meses. Como estava com as economias da venda de sua empresa, ainda não estava fazendo os percursos de bicicleta. Após cumprir seu objetivo, ele voltou ao Rio de Janeiro para decidir se regressaria ao México ou qual destino seguiria a partir dali.

Acabou indo parar em Buenos Aires, na casa de amigos que conheceu em sua viagem pelo nosso país. Arrumou alguns trabalhos por ali e aproveitou para percorrer desde o norte do Chile até o sul da Argentina. Foi nesse caminho que se deparou com diversos ciclistas, viajando com as bandeiras representando seus países, e começou a se perguntar o que sentiam fazendo o trajeto daquela forma. “Se alguém tivesse me dito que eu iria acabar viajando de bicicleta de um país a outro, nunca teria acreditado. Mas eu acho que viajar é justamente o não saber, deixando tudo acontecer. A única coisa que você sabe é que nada é certo. No final, a bicicleta foi quem me escolheu”, afirma Erick.

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Uma das passagens de Erick por Cordoba, na Argentina (Crédito: arquivo pessoal)

Quando estava no sul da Argentina, em Ushuaia, acabou indo procurar abrigo em uma padaria. O que seria uma noite de hospedagem acabou virando 3 meses de moradia, pois conseguiu um trabalho por ali. Um dia, um turista francês que viajava de bicicleta parou no estabelecimento que Erick trabalhava e, já cansado de seguir com esse meio de transporte, aceitou uma proposta de nosso viajante. Trocou sua bicicleta por uma mochila e ali Erick daria continuidade à sua aventura na América Latina, mas agora em duas rodas. “O equilíbrio com a bagagem foi a parte mais difícil, além de ter que perder o medo dos carros”, conta Erick.

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A companheira de aventura do Erick na entrada da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte (Crédito: arquivo pessoal)

Erick seguiu então para Buenos Aires e depois pegou um barco para o Uruguai com sua magrela a tiracolo. Ali passou mais um tempo trabalhando como jardineiro e pescando sua própria comida. Dali, seguiu ao Paraguai e depois voltou ao Brasil, único lugar onde não tinha trabalhado ainda. Foi parar em Natal, no Rio Grande do Norte, onde trabalhou em um hostel durante 3 meses. O próximo objetivo era ir até o Rio de Janeiro de bicicleta para poder passar o ano novo em Copacabana. Foram 49 dias de chuva, sol forte e esgotamento físico. O trajeto contou com paradas em Salvador, Espírito Santo e Búzios. Foram mais de 5 mil quilômetros rodados nessa leva.

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Confira abaixo algumas dicas e impressões do Erick:

*Percorrer o caminho sozinho?

A ideia da viagem foi fazê-la sozinho, já que um dos pontos era provar que coisas incríveis podem acontecer com você nessas empreitadas, até pelo simples fato de que a sua visão estará nas pessoas novas. Você é forçado a conhecer as pessoas. Ao longo do caminho sempre arrumei companheiros. Às vezes andava com grupos que estavam viajando juntos, com pessoas indo sozinhas, com a família, com pessoas de todas as classes sociais, de diferentes culturas e de outros continentes. Fiz grandes amigos e conheci pessoas que marcaram minha vida.

* As melhores surpresas da viagem

Desde conhecer lugares incríveis até quando as pessoas me deram uma simples refeição. Ou encontrar um emprego no momento mais oportuno e até saber que as pessoas mandavam boas vibrações. Outra surpresa foi ver quase um continente e perceber que as pessoas não são tão diferentes umas das outras.

* Os piores momentos

O clima e imprevistos com a bicicleta, como pneu furado, foram os momentos complicados. Mas tudo me levou a descobrir novas soluções e conhecer boas pessoas.

* Qual cidade mais gostou

Búzios, pelas belas praias, mesmo tendo passado por ali no inverno.

* Por quais cidades e países passou

Em 3 anos foram visitas ao Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil, tentando passar pelo maior número de cidades em cada país.

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* Lugares mais diferentes

Eu acho que o mais diferente foi a Patagônia. Acho que era um visual que eu estava menos acostumado a observar. Até agora o melhor nascer do sol que já vi na minha vida.

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Este é um dos lugares preferidos do Erick na América Latina: a Patagônia (Crédito: arquivo pessoal)

* Lições aprendidas

Iniciei o projeto sem qualquer intenção, mas muitas coisas me transformaram. A primeira vez que cheguei ao Rio de Janeiro ainda tinha dinheiro, mas não conhecia ninguém. Agora, voltei de bicicleta e com pouco dinheiro, mas com muitos amigos. A minha visão de vida em 3 anos mudou completamente e não sou mais a mesma pessoa que iniciou a viagem.  

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O Erick agora está morando no Paraguai novamente, mas pretende continuar a viagem. Um dos seus objetivos é escrever um livro sobre sua história.

E aí, você toparia seguir uma aventura como essa?

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Salar de Uyuni, na Bolívia (Crédito: arquivo pessoal)

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