São Paulo é um baita destino turístico – saiba por quê
São Paulo está em constante revitalização e oferece programais incríveis, tanto para seus moradores quanto para quem está só de visita
![](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/01/33073613_1639597559420862_6578357706543857664_o.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
No aniversário de São Paulo, um corre surpreendente por ícones paulistanos, em fotos feitas com drone e comentadas por Facundo Guerra. E com programas daora sugeridos por Matthew Shirts.
![<span>O</span><span> </span><span><b>Viaduto Santa Efigênia</b></span><span> </span><span>é talvez o mais simbólico dos viadutos paulistanos. Certamente o mais bonito, permite uma passagem que, antes de física, é simbólica: pra mim, sempre pareceu como as pontes de castelos medievais que transpõem um rio perigoso e ligam o forte à cidade, um mundo a outro. Algo da essência dos paulistanos está engastado nestas toneladas de aço: construído na Bélgica à maneira art nouveau para deslumbrar a elite que babava na Torre Eiffel, o viaduto, ao ligar o centro velho ao centro novo, fundou a São Paulo que conhecemos.</span> <span>O</span><span> </span><span><b>Viaduto Santa Efigênia</b></span><span> </span><span>é talvez o mais simbólico dos viadutos paulistanos. Certamente o mais bonito, permite uma passagem que, antes de física, é simbólica: pra mim, sempre pareceu como as pontes de castelos medievais que transpõem um rio perigoso e ligam o forte à cidade, um mundo a outro. Algo da essência dos paulistanos está engastado nestas toneladas de aço: construído na Bélgica à maneira art nouveau para deslumbrar a elite que babava na Torre Eiffel, o viaduto, ao ligar o centro velho ao centro novo, fundou a São Paulo que conhecemos.</span>](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/01/efigenia-0102.jpg?quality=90&strip=info&w=490&w=636)
![<span>O </span><span><b>Sesc Pompeia</b></span><span> é, além de um patrimônio cultural, uma memória afetiva de boa parte dos paulistanos, talvez o primeiro contato com uma arquitetura que, mais que devaneio narcisístico de um arquiteto, se pensa como um envelope para os humanos. Me lembro de miúdo das janelinhas orgânicas do prédio de Lina Bo Bardi, com suas estranhas formas de ameba, quando tudo era quadrado, a zombar da caretice das demais. Me perguntava quando adolescente os porquês. Hoje finalmente entendi: porque Lina pode tudo.</span> <span>O </span><span><b>Sesc Pompeia</b></span><span> é, além de um patrimônio cultural, uma memória afetiva de boa parte dos paulistanos, talvez o primeiro contato com uma arquitetura que, mais que devaneio narcisístico de um arquiteto, se pensa como um envelope para os humanos. Me lembro de miúdo das janelinhas orgânicas do prédio de Lina Bo Bardi, com suas estranhas formas de ameba, quando tudo era quadrado, a zombar da caretice das demais. Me perguntava quando adolescente os porquês. Hoje finalmente entendi: porque Lina pode tudo.</span>](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/01/lina-0304.jpg?quality=90&strip=info&w=459&w=636)
![<span>Tuca Vieira é o fotógrafo responsável pela imagem definitiva sobre São Paulo. Talvez a contradição seja a maior característica da nossa cidade e dos paulistanos: a beleza e a feiura, a ordem e o caos, a pobreza e a riqueza, o pixo e o grafite, os fascistas e os libertários, o trânsito e as bicicletas, o Centro e a periferia, as múltiplas realidades que se empilham umas sobre as outras. São Paulo é um imenso campo de batalha, tanto do ponto de vista concreto quanto do simbólico. Tuca tirou a foto a bordo de um helicóptero, mostrando um muro dividindo as realidades tão opostas da favela de </span><span><b>Paraisópolis </b></span><span> </span><span>e as mansões empilhadas do </span><span><b>Morumbi</b></span><span>. Tive curiosidade de ver como, mais de dez anos depois, a tecnologia de um drone permitiria levar a mesma ideia a novos limites. Esta foto não é minha, apesar de o clique ter sido meu. Obrigado, Tuca.</span> <span>Tuca Vieira é o fotógrafo responsável pela imagem definitiva sobre São Paulo. Talvez a contradição seja a maior característica da nossa cidade e dos paulistanos: a beleza e a feiura, a ordem e o caos, a pobreza e a riqueza, o pixo e o grafite, os fascistas e os libertários, o trânsito e as bicicletas, o Centro e a periferia, as múltiplas realidades que se empilham umas sobre as outras. São Paulo é um imenso campo de batalha, tanto do ponto de vista concreto quanto do simbólico. Tuca tirou a foto a bordo de um helicóptero, mostrando um muro dividindo as realidades tão opostas da favela de </span><span><b>Paraisópolis </b></span><span> </span><span>e as mansões empilhadas do </span><span><b>Morumbi</b></span><span>. Tive curiosidade de ver como, mais de dez anos depois, a tecnologia de um drone permitiria levar a mesma ideia a novos limites. Esta foto não é minha, apesar de o clique ter sido meu. Obrigado, Tuca.</span>](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/01/tucaviera-2.jpg?quality=90&strip=info&w=928&w=636)
![<span><b>Ipiranga com são joão</b></span><span>.</span><span> </span><span>Marco zero </span><span>cultural da cidade cantada e incensada por gerações, esta esquina é o nosso cartão-postal invisível, inapreensível, aquele que não vemos, mas onde estamos. Nosso maior patrimônio subjetivo, este </span><span>X marca nosso tesouro: uma metrópole que não deveria </span><span>ter por mito fundador o bandeirante Borba Gato, </span><span>mas sim a artista antropofágica Tarsila do Amaral</span><span>.</span> <span><b>Ipiranga com são joão</b></span><span>.</span><span> </span><span>Marco zero </span><span>cultural da cidade cantada e incensada por gerações, esta esquina é o nosso cartão-postal invisível, inapreensível, aquele que não vemos, mas onde estamos. Nosso maior patrimônio subjetivo, este </span><span>X marca nosso tesouro: uma metrópole que não deveria </span><span>ter por mito fundador o bandeirante Borba Gato, </span><span>mas sim a artista antropofágica Tarsila do Amaral</span><span>.</span>](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/01/ipirangaxsaojoa-.jpg?quality=90&strip=info&w=613&w=636)
![<span>Ahhh</span><span>, o</span><span> T<b>erraço Itália</b></span><span>, onde todo paulistano que se preze já subiu ao menos uma vez na vida, aonde levamos os de fora para apreender a imensidão da cidade. Dizem que São Paulo só é bonita vista de cima, mas a perspectiva aérea nos mostra o caos lá embaixo. Ela nos acalma. Esta foto me permitiu entender como os celulares mudaram a nossa relação com a paisagem: antes a gente subia </span><span>no Terraço pra retratar a paisagem, hoje ela é pano de fundo pro nosso rosto, pra que a selfie nas redes sociais diga “Estou em São Paulo”. O Terraço e sua vista deslumbrante são só o melhor backdrop de selfie do mundo.</span> <span>Ahhh</span><span>, o</span><span> T<b>erraço Itália</b></span><span>, onde todo paulistano que se preze já subiu ao menos uma vez na vida, aonde levamos os de fora para apreender a imensidão da cidade. Dizem que São Paulo só é bonita vista de cima, mas a perspectiva aérea nos mostra o caos lá embaixo. Ela nos acalma. Esta foto me permitiu entender como os celulares mudaram a nossa relação com a paisagem: antes a gente subia </span><span>no Terraço pra retratar a paisagem, hoje ela é pano de fundo pro nosso rosto, pra que a selfie nas redes sociais diga “Estou em São Paulo”. O Terraço e sua vista deslumbrante são só o melhor backdrop de selfie do mundo.</span>](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/01/terracoitalia-0453.jpg?quality=90&strip=info&w=490&w=636)
![<span>O</span><span> C</span><span><b>onjunto Nacional</b></span><span>, que já viveu dias melhores e piores, volta a ser ponto de encontro da cidade, contaminado por essa nova Avenida Paulista que virou a praia do paulistano. Ele em si é uma cidade, um portal para uma nova dimensão, refúgio da produção frenética da avenida e de seus bancos e seus flash boys engravatados e apressados. Ali estão as melhores livrarias, os engraxates, um tempo que escorre de outra maneira. A perspectiva desta foto me lembra uma locação do filme de ficção científica </span><span>Duna</span><span>, de David Lynch, que faz jus à minha ideia do que este conjunto é para a cidade.</span> <span>O</span><span> C</span><span><b>onjunto Nacional</b></span><span>, que já viveu dias melhores e piores, volta a ser ponto de encontro da cidade, contaminado por essa nova Avenida Paulista que virou a praia do paulistano. Ele em si é uma cidade, um portal para uma nova dimensão, refúgio da produção frenética da avenida e de seus bancos e seus flash boys engravatados e apressados. Ali estão as melhores livrarias, os engraxates, um tempo que escorre de outra maneira. A perspectiva desta foto me lembra uma locação do filme de ficção científica </span><span>Duna</span><span>, de David Lynch, que faz jus à minha ideia do que este conjunto é para a cidade.</span>](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/01/conjuntonacional-0507.jpg?quality=90&strip=info&w=490&w=636)
![<span>Impossível não pensar no pixo quando se fala de São Paulo. Cada vez mais, o pixo tem deixado a marginalidade para se tornar uma manifestação estética admirada por artistas e curadores: talvez ele seja a nossa mais original forma de expressão. Pensando nisso, subi com meu drone na ocupação da R</span><span><b>ua do Ouvidor</b></span><span> </span><span>pra capturar esta cacofonia de belos garranchos, e fui surpreendido pela dança desta linda moradora de bambolê na cintura. São Paulo é assim: bonita e poética nos lugares em que menos esperamos poesia.</span> <span>Impossível não pensar no pixo quando se fala de São Paulo. Cada vez mais, o pixo tem deixado a marginalidade para se tornar uma manifestação estética admirada por artistas e curadores: talvez ele seja a nossa mais original forma de expressão. Pensando nisso, subi com meu drone na ocupação da R</span><span><b>ua do Ouvidor</b></span><span> </span><span>pra capturar esta cacofonia de belos garranchos, e fui surpreendido pela dança desta linda moradora de bambolê na cintura. São Paulo é assim: bonita e poética nos lugares em que menos esperamos poesia.</span>](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/01/ocupacaoouvidouro-0625.jpg?quality=90&strip=info&w=613&w=636)
Em 2011, durante um jantar na Liberdade, bairro paulistano de forte ascendência asiática, o casal de namorados Fabrício Corsaletti e Mari Rocha combinou de passar um fim de semana ali mesmo, na condição de turistas, como se estivessem em visita a outra cidade. Na época, Mari, que é professora de moda na Faculdade Santa Marcelina, morava em Perdizes, zona oeste de São Paulo. Fabrício, poeta e escritor, autor do premiado Esquimó, trabalhava na Editora 34, de livros, e morava no bairro de Pinheiros. Os dois bairros ficam a 6 quilômetros da Liberdade. Chega-se de metrô ou de táxi em menos de uma hora.
Fabrício levou uma mala ao serviço na sexta-feira. O combinado era se encontrar com Mari no Nikkey Palace Hotel, na Rua Galvão Bueno, às 19h30. Ficariam lá, sem sair da Liberdade, até segunda-feira cedo. A regra era clara. A única exceção permitida pelo acordo era no caso de emergência médica familiar. O passeio ia muito bem, uma delícia. Aproveitaram a estadia para entrar em lojas e galerias, admirar roupas, adereços, cosméticos, produtos culinários, joias e espadas de samurai.
![Bairro da Liberdade Bairro da Liberdade](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/01/vivaliba-liberdade_291113_foto_josecordeiro_0199-1024x686.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Visitaram os mercadinhos, que primam pelos produtos importados e estocam frutas e legumes menos conhecidos. Comeram em restaurantes até então desconhecidos, recomendados pelos funcionários do hotel. Conversaram com os sushimen. Desvendaram alguns dos mistérios gastronômicos do pequeno edifício na Rua da Glória, 111, onde estão escondidos o Sushi Isao, o Suriyaki e o Mugui, entre outros. Passearam sem pressa pelo bairro, certamente um dos mais ricos, culturalmente, de São Paulo. Sentiram-se quase como se estivessem em uma cidade japonesa, do outro lado do mundo. Corria tudo certo, até a ligação da Paula Miraglia, uma amiga querida.
Paula estava de partida para uma temporada no Canadá. Convocou o casal para sua festa de despedida, num bar no bairro de Pinheiros, naquele mesmo fim de semana. Fabrício explicou que eles não poderiam comparecer. Estavam, com o perdão do trocadilho, presos na Liberdade, e relatou os termos da “viagem” para a amiga. Paula achou a desculpa duvidosa, para não dizer esfarrapada. Mas, ao fim, remarcou o bota-fora para um dos lendários karaokês da Liberdade. O casal de turistas pôde comparecer. Foi ótima a festa, com a vantagem de que puderam voltar depois, a pé, ao Hotel Nikkey.
Adoro contar essa história. Primeiro, por achar divertida a ideia de passar um fim de semana viajando no Centro da própria cidade. São Paulo é tão grande e diversa que se presta a isso. Melhor ainda é o fato de que não foi apenas um fim de semana de descanso em um spa ou resort, mas uma viagem para conhecer uma cultura exótica, a 6 quilômetros de casa.
A RECRIAÇÃO DE SP
Considerar São Paulo um destino turístico é um sentimento mais ou menos novo, creio. Nas últimas décadas do século 20, era comum apresentar a cidade como um lugar bom para trabalhar ou estudar, ou as duas coisas, mas indiferente ao lazer. Era o túmulo do samba. Não tem praia. Programa de paulista, se dizia, em tom de rivalidade municipal e gozação, era lavar o carro aos domingos. Nas férias e folgas, a população fugia para Peruíbe ou Guarujá ou Santos, descia para o Litoral Norte ou se refugiava nas montanhas, Campos do Jordão, Monte Verde ou, mais recentemente, Gonçalves.
A minha tese é a de que isso mudou. Hoje há uma vontade renovada de aproveitar São Paulo como espaço de lazer. Ainda se busca refúgio fora dela, é claro. Mas basta ver o movimento da Avenida Paulista aos domingos, quando é fechada a carros, para constatar a demanda por lazer dentro da cidade. A Paulista lota. A animação é contagiante e simples, com conjuntos de diferentes tipos de música espalhados ao longo da via, aulas de ginástica e até pequenos desfiles. É uma movimentação própria de São Paulo. Eu não conheço nenhuma combinação de gente igual. Embora haja lotações até maiores no Parque Ibirapuera ou no Villa-Lobos. E o movimento no Minhocão no fim de semana, sem automóveis, tampouco é pequeno.
![Avenida Paulista aberta para pedestres Avenida Paulista aberta para pedestres](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/01/img_0008.png?&w=1024&crop=1)
Essa vontade de se apropriar de São Paulo transparece nas fotos desta reportagem, que buscam a beleza nem sempre óbvia da nossa cidade em ângulos inusitados, capturados com o auxílio de drones. O autor delas, Facundo Guerra, um argentino que veio ainda criança para São Paulo, foi um dos responsáveis pela revitalização da região do chamado Baixo Augusta (no Centro), ao abrir clubes noturnos como Lions. Achou um ponto esquecido no coração da cidade, o Mirante 9 de Julho, e fez dele um lugar de encontros, com um café gourmet, o Isso É Café, e restaurantes que se revezam ali em períodos de dois meses.
Guerra reformou um cinema antigo na Liberdade e o transformou na casa de shows Cine Joia. Recuperou, para as gerações atuais, o clássico bar da década de 1940, o Riviera, na esquina da Consolação com a Paulista. Vencedor da disputa pelo uso do subsolo do Theatro Municipal de São Paulo, marco arquitetônico da cidade, inaugurou em janeiro de 2019 o “Bar dos Arcos” no Salão dos Arcos. Percebe-se nesses empreendimentos o esforço para recuperar pontos históricos paulistanos, reforçando nossa renovada identidade metropolitana.
![Bar dos Arcos, no subterrâneo do Theatro Municipal Bar dos Arcos, no subterrâneo do Theatro Municipal](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/01/bar-dos-arcos.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Facundo Guerra é um dos seus criadores. Suas fotos parecem ser uma nova geração de cartões-postais. Dão essa impressão. A de alguém que não se satisfez com os cartões à venda na banca de jornais e resolveu refazê-los por conta própria e postar no Instagram. O uso do drone gera essa estética monumental, narrada em terceira pessoa, que tudo vê ou pelo menos vê mais que a gente. Captura Lina Bo Bardi, a maior arquiteta da cidade, no detalhe. Fixa o espírito de um prédio ocupado no bairro da Sé através do entusiasmo de um morador.
Apresenta a nova poesia da Ipiranga com a São João. Mostra a cúpula retrô- -inovadora do Conjunto Nacional que quase ninguém conhece. Refaz o retrato clássico das nossas brutais diferenças sociais na Favela de Paraisópolis, homenageando uma obra do fotógrafo Tuca Viera. E mostra a alegria de estar no último andar do tão paulistano Terraço Itália. Dá vontade de imprimir as fotos em formato de cartão-postal e distribuí-las pelas bancas de revistas da cidade. Taí uma ideia para Facundo.
RONDA GASTRONÔMICA
A identidade de São Paulo está cada vez mais ligada à gastronomia. Come-se bem na cidade, com uma variedade que resulta do feliz encontro das nossas tradições de migrantes e imigrantes, por um lado, com a gastronomia cosmopolita da última etapa da globalização, por outro. Para quem, como eu, chegou da Califórnia na década de 1980, a transformação culinária na cidade é espantosa.
A popularização da comida japonesa nos trouxe ou tornou célebres restaurantes excepcionais como o Jun Sakamoto, no bairro de Pinheiros, ou o Shin-Zushi, no Paraíso, e tantos outros, mais em conta, espalhados pela cidade. Aprendemos a amar, também, os botecos japoneses, os izakayas, como o Issa e o Kintaro, na Liberdade, o Tan Tan Noodle Bar, uma versão mais nova-ioquina do boteco japonês, em Pinheiros, e o Yorimichi, no Paraíso, tal como as casas de lámen, bons e muitas vezes mais baratos que outros japoneses. Vale mencionar o Aska, na Liberdade, ou o JoJo Ramen, no Paraíso.
![Izakaya Issa, em São Paulo Izakaya Issa, em São Paulo](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/01/19095402_229869394184777_4312810029685763819_o.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Apresento, junto com o jornalista Eduardo Barão, um programa de rádio, de poucos minutos, na BandNews FM, dedicado a atrações da cidade. Muitas das nossas dicas são restaurantes. A lista de lugares bacanas é interminável. Gosto de brincar com Barão, com a autoridade de um americano nato, que São Paulo se tornou de uns anos para cá a capital mundial do hambúrguer.
O meu favorito é o Big Kahuna, homenagem ao diretor de cinema Quentin Tarantino. Quem é fã do clássico Pulp Fiction talvez se lembre da cena em que o ator Samuel L. Jackson experimenta um hambúrguer da “rede havaiana Big Kahuna”. A tal rede nunca existiu. É obra da prolífica cabeça do cineasta. Mas há um restaurante tributo na cidade onde passam seus filmes em looping.
![Fachada da unidade do Z Deli na República, hamburgueria famosa em São Paulo Fachada da unidade do Z Deli na República, hamburgueria famosa pelo sanduíche de pastrami](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/01/42895114_1005159149656747_4961104049161109504_o.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Dizer qual é o melhor hambúrguer de São Paulo é chamar polêmica. Tem o Frank & Charles, em Higienópolis, e o Z-Deli, com lojas nos Jardins e em Pinheiros. Hambúrguer pode e é discutido bairro por bairro em São Paulo. Na Mooca, o povo leva sanduíches a sério e o Cadillac Burger é um dos destaques. No mesmo bairro, tem o restaurante Hospedaria, que pauta seu cardápio nas comidas dos imigrantes de São Paulo, servidas sob pé-direito altíssimo de uma fábrica antiga, com som da Motown – e fica próximo a uma estação da pitoresca linha de trem da CPTM.
E não se pode falar da identidade culinária paulistana sem passar por sua influência mais forte, a italiana. Praça de alimentação gigantesca, o Eataly, no Itaim, é uma homenagem à altura da contribuição imensa da colônia para a cultura da cidade. O simpático Pasquale, do meu amigo Pasquale Nigro, na Vila Madalana, também. Outra comida fortíssima em São Paulo é a de origem árabe, com destaque para o elegante restaurante Arábia, nos Jardins, entre centenas de outras. As casas do chef Alex Atala, símbolo de gastronomia paulistana, como o D.O.M. e o Dalva e Dito, levaram a culinária brasileira a um patamar novo.
![Eataly São Paulo Eataly São Paulo](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2019/01/41148425_2313397745359225_1078878905533726720_o.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Não é só de comida que vive São Paulo, mas eu diria que a alimentação vem contribuindo para a consolidação da nossa autoconfiança. A cidade só melhora ao longo das últimas décadas. E olha que não falei sequer dos restaurantes vietnamitas, coreanos, tailandeses, portugueses, franceses, nordestinos, mineiros, argentinos, peruanos, mexicanos, nem dos cafés chiquérrimos, como o Um Coffee Co., no Bom Retiro, ou o Coffee Lab, na Vila Madalena (que descobri no site da National Geographic americana, pode?). Há, ainda, um guia de restaurantes fora do chamado centro expandido. Chama-se Prato Firmeza – Guia Gastronômico das Quebradas, e lista onde comer bem na periferia.
MUITO PRA VER
Mas São Paulo não é só comida. Há diversão também. Sempre que vem um gringo me visitar faço o possível para levá-lo a um jogo do Corinthians no Itaquerão, estádio onde se abriu a Copa do Mundo de 2014 e foram jogadas várias partidas nas Olimpíadas de 2016. Isso porque torço pelo Timão. Mas vale e muito assistir a um jogo do Palmeiras no Allianz Park ou na arena do São Paulo, no Morumbi – ou a qualquer partida no estádio mais bonito de todos, o Pacaembu, onde fica o simpaticíssimo Museu do Futebol.
Os museus da cidade vivem uma fase sem igual. Abriram, em 2017, dois novos centros culturais ao público na Avenida Paulista, o Instituto Moreira Salles e a Japan House – que têm exposições de nível mundial (e contam com restaurantes ótimos, o Balaio e o Junji Sakamoto, respectivamente). Em meados de 2018, o Sesc inaugurou uma nova unidade na avenida que, além dos programas habituais – exposições, peças de teatro, biblioteca –, possui uma linda vista da cidade.
Na Paulista, há ainda o Masp e o Fiesp, ambos em grande fase, e também o Instituto Itaú Cultural. No Parque Ibirapuera, vale uma visita ao Museu de Arte Moderna e ao Museu de Arte Contemporânea USP (e ao restaurante dele, o Vista Café), sem falar do extraordinário Museu Afro Brasil, que traz a história do barroco e da escravidão no país. O Instituto Tomie Ohtake, um dos monumentos arquitetônicos da cidade, também tem exposições de primeira linha.
Para o turista, o pior de São Paulo é o trânsito. A melhor maneira de evitá-lo é andar sempre que possível de metrô e ônibus. E, se você tiver tempo para só um programa na cidade, sugiro andar de bicicleta na Avenida Paulista, no domingo.
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