Nós brasileiros podemos nos gabar por ter praias lindas: areia branquinha, vegetação tropical e mar limpo (na maioria das vezes). Afinal, quem nunca torceu o nariz para aquelas praias de pedregulhos que não dá nem para deitar e tomar sol?
Por isso, sempre que me dizem que tal praia em Portugal é imperdível, fico com um pé atrás – “Mas é bonita mesmo? Tem certeza?”
O mesmo aconteceu antes de ir para Berlengas. Primeiro, bateu aquela preguicinha – pegar o primeiro trem quando o metrô abrir, às 6h30 da mahã, para estar na rodoviária às 7h30, pegar o ônibus de Lisboa a Peniche e só depois disso subir no barco que nos levaria ao arquipélago de Berlengas.
E também havia certo receio – a partir da metade de setembro, os principais barcos que fazem a travessia entre Peniche e Berlengas não operam porque supostamente as condições do mar não são ideais para a viagem. O que eu e minhas amigas pegamos era um barco menor, de uma das únicas empresas que ainda faziam o trajeto. Um pouco #medo, vai? E, pra piorar, até dois dias antes a previsão do tempo dizia que ia chover…
Mas o sol apareceu, fez um calor fora do comum para a época do ano, e a viagem definitivamente compensou! Chegando lá, nos deparamos com uma paisagem de tirar o fôlego: colinas rochosas, um farol, um forte e uma praia com areia lisinha e águas cristalinas, daquelas que dá para ver o fundo do mar mesmo onde não dá pé.
O arquipélago é formado por três ilhas – Berlenga Grande, Estelas e Farilhões – e é considerado a primeira reserva natural de Portugal: em 1465, o rei Afonso V proibiu a prática de caça na ilha principal.
Hoje, o local tem dois restaurantes (que estavam fechados por não ser alta temporada) e pouco mais. Por isso, na dúvida, é sempre recomendável levar um lanchinho para passar o dia.
A faixa de areia da praia é minúscula, mas com o paredão da colina atrás, também dá aquela sensação de estar num cantinho privado, longe da badalação de outros lugares. E, apesar de gelada, a água é bem calma e, como disse antes, completamente transparente: ideal para mergulhar e fazer passeios a bordo de lanchas com piso transparente para ver as cavernas e formações rochosas ao longo da costa.
Dá para dar a volta pela ilha em menos de uma hora, passando pelo farol e parando no mirante lá em cima para contemplar a paisagem (e tirar algumas fotos). Depois, é só descer e curtir a praia – só cuidado com as gaivotas (elas dominam a ilha!), que às vezes podem tentar roubar sua comida.