Amsterdã proíbe a construção de novos hotéis
Para conter turismo de massa, estabelecimentos só poderão ser construídos para substituir antigos e devem manter o mesmo número de quartos
Na quarta-feira (17), Amsterdã, na Holanda, limitou a construção de hotéis na cidade em mais uma tentativa de enfrentar o turismo de massa – são quase 20 milhões de turistas todos os anos. A nova medida não afeta os 26 hotéis que já tinham a construção autorizada.
Segundo a prefeitura, um hotel só poderá ser construído se um antigo fechar; se o mesmo número de vagas para dormir for mantido; e se o novo estabelecimento for mais moderno ou sustentável.
A decisão entra no rol dos projetos que a capital holandesa tem criado para frear o número de turistas e melhorar a qualidade de vida dos moradores.
Medidas para combater o turismo de massa
No começo de dezembro de 2018, a famosa escultura “I Amsterdam” foi retirada da frente do museu Rijksmuseum, porque o letreiro atraía uma grande quantidade de turistas e reduzia a cidade a um cenário de estratégia de marketing, segundo a administração da capital.
Em 2020, foi a vez do Airbnb sofrer limitações: a cidade proibiu licenças de acomodações no Centro Histórico e impôs um período máximo de 30 noites por ano para proprietários alugarem seus imóveis em outros bairros.
Já em 2021, foi anunciada uma linha de financiamento de 10 milhões de euros para organizações que quisessem comprar propriedades no Centro com o objetivo de impedir a construção de empreendimentos para turistas, como lojas de lembrancinhas.
A reputação de “cidade liberal” de Amsterdã faz com que muitos turistas busquem a capital para fazer farra. Em março de 2023, a prefeitura criou uma campanha para desencorajar homens britânicos a realizarem despedidas de solteiro na cidade.
Nos vídeos da campanha, homens bêbados aparecem sendo algemados e presos e, ao final, a frase “você está vindo para Amsterdã para um noite de bagunça? Fique longe” surge na tela.
Já em maio do mesmo ano, após reclamação de residentes, a prefeitura proibiu o consumo de maconha e álcool ao ar livre no histórico bairro Red Light District, famoso pela oferta de prostituição e pelas cafeterias que vendem produtos à base de cannabis – embora a erva não seja legal em Amsterdã, há uma política de tolerância com o consumo e venda nos coffee shops.
Com a medida, as cafeterias e bares podem funcionar até à 1h e, as casas de prostituição, até às 3h. Na mesma época, a prefeitura divulgou um polêmico projeto para transferir as casas de prostituição do Red Light District para a periferia de Amsterdã. A profissão é regulamentada na cidade, mas a justificativa para construir o “centro erótico” em outro lugar é mudar a imagem da cidade e combater o turismo de sexo e drogas.
Dois meses depois, em julho de 2023, a capital proibiu navios de cruzeiro de atracarem no centro da cidade para conter o número de visitantes, mas também diminuir a poluição. Mais de uma centena de navios atraca em Amsterdã por ano e, segundo a prefeitura, movimentam pouco a economia.