Circuito completo para conhecer o melhor do café colombiano
A Zona Cafetera tem montanhas forradas de cafezais, fazendas históricas, hospedagens tradicionais e uma linda vila colonial
![](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2017/05/b20-2734712.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
“Tem de sorver, sentir e cuspir”, me explicaram os baristas da Finca La Morelia, uma das fazendas que oferecem degustação na Zona Cafetera colombiana. Levei então à boca o líquido cheiroso e amargo (não ouse pedir açúcar) e ensaiei um veredicto. Tinha visto os cafezais carregados e os grãos serem moídos antes de terminar nesse terraço com meia dúzia de xícaras na minha frente.
Graças a uma dedicada e decidida estratégia de marketing que remonta à década de 1960, o café se tornou parte importante da identidade da Colômbia e é considerado “o” sucesso de crítica, top de linha. O país está entre os cinco maiores produtores mundiais, segundo no tipo arábica, atrás do Brasil.
A Zona Cafetera, ou Eje (Eixo) Cafetero, compreendida entre os departamentos de Caldas, Risaralda e Quindío, é o coração das plantações. E, com o desenvolvimento do turismo no país, muitas fazendas têm aberto as portas aos visitantes, com bonitos espaços de degustação que se aproveitam das belíssimas vistas que a geografia montanhosa proporciona.
A melhor base é o município de Armenia, a uma hora de voo de Bogotá. Alugue um carro no aeroporto (é difícil visitar as fazendas sem ele; táxis são caríssimos), pule a cidade (não há nada interessante para se ver por lá) e siga por estradinhas de terra até uma hospedagem rural.
![A Hacienda La Cabaña, hospedagem em um casarão típico](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2017/05/quindio-hacienda-lacabancc83a-sec-de-cultura-2010-4.jpg?quality=70&strip=info&w=1024)
Pode ser em casas tradicionais coloridas como a Finca El Baso e a Hacienda La Cabaña, onde os donos te contam histórias sobre a cultura da região, ou opções mais luxuosas como a Hacienda Bambusa, com acomodações rústicas e chiques que, ora, bem que poderiam estar em Trancoso.
![Novo luxo na Hacienda Bambusa](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2017/05/bambusa-2.jpg?quality=70&strip=info&w=1024)
Por falar na arquitetura da região, precisamos falar do guadua. Esse tipo de bambu, que está presente em muitos pontos da região cafeeira, tem função estrutural para o povo local – é utilizado em móveis, lajes, cercas e, claro, suvenires pintados a mão. Curiosamente, o bambu guadua, que cresce cerca de 10 centímetros por ano e atinge 8 metros de altura, é tão flexível que pode suportar até terremoto.
De Armenia, um pulo leva a La Morelia e outras boas fincas. Veja, por exemplo, o Café San Alberto, premiado mundo afora, onde o tour termina em um terraço com vista sublime para as montanhas. Compete com o panorama que desponta do Mirador Hacienda La Mina, do cinquentenário Café Concorde, encravado lá no meio dos cafezais.
Se estiver com crianças, vale a pena passar no Parque del Café, um complexo temático dedicado ao ouro negro das terras colombianas.
![Dança típica no Parque del Café](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2017/05/15109466_1798619560410722_5480458609900058509_n_pb.jpg?quality=70&strip=info&w=1024)
Depois, reserve uma noite na minúscula cidadezinha colonial de Salento, atingida depois de 30 quilômetros rodados por uma estradinha vistosa desde Armenia.
![A colorida Salento, alegria dos gringos e mochileiros](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2017/05/b20-2726379.jpg?quality=70&strip=info&w=1024)
Reduto de gringos e mochileiros, conta com ruas lotadas de lojinhas de artesanato, uma filial do ótimo Café Jesús Martín, que realiza workshops, e pequenos restaurantes que servem a típica bandeja paisa (uma mistureba deliciosa de feijão, linguiça, torresmo, arroz, abacate, arepas, ovos, presunto, alface e tomate).
![O Café Jesús Martín, em Salanto](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2017/05/b20-2726390.jpg?quality=70&strip=info&w=1024)
Salento comparece com outras hospedagens adoráveis, como a Casa La Eliana, mais perto do centro, e El Rancho de Salento, nos arredores rurais.
Mais: Salento também é colada no Parque Nacional Valle del Cocora, cheio de majestosas e fotogências palmas de cera – palmeiras finas e compridíssimas que podem chegar a até 60 metros de altura.
![Enormes palmas de cera no Parque Nacional Valle del Cocora](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2017/05/b20-2726411_pb.jpg?quality=70&strip=info&w=678)
Trilhas entre pequenas cascatas convidam a passar uma tarde zanzando por ali e a entrar de vez no ritmo lento e rural da região. Acelerado, somente o coração com tanto café gostoso.
Entre a cruz e a salsa… Logo ali fica Cali
![Show de salsa, Escuela Nacional Circo para Todos, Santiago de Cali, Colômbia Uno, dos, tres... O show de salsa "Delírio", na Escuela Nacional Circo para Todos](https://gutenberg.viagemeturismo.abril.com.br/wp-content/uploads/2017/05/2108841_9_635101103570742154.jpg?quality=70&strip=info&w=1024&crop=1)
Temperaturas calientes, montanhas, uma dança típica e sexy aqui e acolá e um Cristo abençoando essa malemolência lá do alto. Semelhanças nesse lifestyle remetem ao Rio de Janeiro, mas um detalhe ratifica a coisa apenas como semelhança: não há mar(!). Capital do departamento do Valle del Cauca e da salsa, Santiago de Cali, famosa pelo sobrenome, convive com uma brisa vinda do Pacífico que compõe o clima local, cálido à beça no verão.
Uma vez em Armenia, Zona Cafetera, 180 quilômetros conduzem à cidade do requebrado, a quarta mais visitada da Colômbia. Claro, estamos no Terceiro Mundo, e punguistas o habitam, legado do nefasto cartel de drogas dos irmãos Gilberto e Miguel Rodríguez Orejuela; portanto, fique esperto(a) nas ruas, como no Brasil.
Tanto calor livra o espírito das amarras, do superego, e contagia o quadril ao mínimo soar da salsa. É tipo assim: as pernas se cruzam com tamanha velocidade que parecem programadas há tempos para seguir o ritmo salseiro. E estão. A maioria dos moradores baila desde chiquito. Mais rápida que aquela dançada em Cuba ou na República Dominicana, a salsa caleña é ensinada em várias escolas, inclusive com programas para viajantes.
As escolas avisam, porém, que, em menos de uma semana, ninguém vai se tornar um pé de valsa. Ao ver o professor conduzir a aula com “Uno, dos, tres…” compassados, até parece fácil. Não é.
Agitos à parte, Cali é pacata, menos nas imediações das canchas do América e do Deportivo Cali, clubes futebolísticos com hinchas fanáticos, e nos caprichosos e turísticos exemplares religiosos. Curte? Bom plano é estacionar o carro na central Plaza de Cayzedo e admirar a arquitetura de La Catedral e das iglesias de La Merced, com museu arqueológico, e de San Francisco.
Já o Cristo está no topo de uma das muitas montanhas ao redor. É que a maior parte de Cali se mantém rural, e o povo dessa área recebe a gente orgulhoso de seu estilo de vida em casas/haciendas simples e ajardinadas.
Nem parecem comungar da mesma Cali de agitada noite, de quatro zonas gourmet (Granada, Perro, Ciudad Jardín e Peñon) e que sedia, creia, clínicas de cirurgia plástica famosas mundialmente.