Bahamas: os resorts Atlantis e Baha Mar, o Four Seasons, passeios

Por Bárbara Ligero Atualizado em 24 Maio 2024, 15h16 - Publicado em 25 abr 2022, 16h59

Deixando de lado um dos mares mais turquesa do mundo, existem dois elementos que são imediatamente associados às Bahamas: os cruzeiros pelo Caribe e o icônico resort cor-de-rosa Atlantis. De fato, boa parte das armadoras incluem em seus roteiros pela região uma parada no país – seja na capital Nassau ou nas ilhas privativas que foram concedidas para grandes armadoras de cruzeiros como Ocean Cay, Coco Cay e Half Moon Cay, que a MSC, a Royal Caribbean e a Carnival, respectivamente, mantêm por lá. Da mesma forma, a grande maioria dos turistas que aterrissam em Lynden Pindling, o principal aeroporto internacional, se hospedam em um dos cinco hotéis que fazem parte do Atlantis, complexo turístico gigantesco que é o maior empregador do país depois do governo: 2% de toda a população trabalha lá. Laranja limão.

O Atlantis, ainda que onipresente na paisagem, não tem mais o protagonismo hoteleiro no país. O Baha Mar vem despontando como um concorrente mais exclusivo e inaugurou um moderno parque aquático em julho de 2021. Nesta reportagem, a VT contará os prós e contras sobre ambos para ajudar você a escolher o que combina com o seu perfil, mas sem esquecer que existem outras opções de hospedagem no destino, como o clássico Four Seasons. Também inaugurado em julho de 2021, o Margaritaville Beach Resort entrou para a lista de hotéis voltados para famílias e que está mais próximo do centro de Nassau. E quem busca sossego também continua encontrando seu lugar ao sol em uma porção de resorts adult only. Outra novidade? De língua inglesa e praticamente no quintal da Flórida, as Bahamas continuam recebendo majoritariamente turistas norte-americanos, mas a abertura precoce da ilha durante a pandemia fez com que os brasileiros deixassem de ser figurinhas raras entre os viajantes que chegam por via área em busca das praias de areia fina.

ATLANTIS

Atlantis, Bahamas
As icônicas torres cor-de-rosa do Atlantis continuam sendo sinônimo das Bahamas. Crédito: (Atlantis/Divulgação)

A descrição mais precisa do Atlantis me foi dada pelo motorista Arturo enquanto cruzávamos a pequena ponte que separa Providence Island, onde fica o aeroporto e a capital, de Paradise Island, endereço do resort mais famoso do país. “Las Vegas à beira-mar”, resumiu ele quando as torres cor-de-rosa começaram a despontar no horizonte. A comparação com a cidade da jogatina e do entretenimento se dá em partes pela presença de um cassino, aberto 24 horas com 85 mesas de jogo e mais de 700 máquinas caça-níqueis, mas principalmente pela extravagância e tematicidade do complexo – o que, como em Vegas, pode ser de gosto duvidoso. Toda a decoração mistura elementos marinhos, aquários e falsas ruínas para reproduzir o reino perdido de Atlântida. Isso acontece principalmente em The Dig, onde enormes tanques d’água com peixes tropicais, moreias, águas-vivas, arraias e garoupas de mais de dois metros formam um cenário de como seria a mítica cidade que submergiu nas profundezas do mar. Se em 1998, na ocasião da inauguração, era algo suntuoso, hoje beira o kitsch. Não à toa, o Atlantis tem investido na reforma de seus quartos. Já a grandiosidade do resort é atemporal e, para circular, é preciso pegar um dos transferes que circulam pela propriedade ou então se render a uma longa caminhada para ir de um hotel ao outro do complexo. E vamos a eles.

Os hotéis do complexo Atlantis 

 

São cinco hotéis no total. Em uma das extremidades, o The Beach era o mais econômico, mas foi fechado durante a pandemia para uma reforma que até a publicação desta matéria nem havia começado. Isso fez com que o seu vizinho The Coral se tornasse o mais acessível em termos de preço, com a vantagem de que os seus quartos foram renovados recentemente. Na sequência, o The Royal é o hotel mais associado ao Atlantis: ele consiste em um conjunto de duas torres conectadas por uma uma suíte luxuosa em formato de ponte, onde Michael Jackson e Michael Jordan se hospedavam com frequência e que custa cerca de US$ 25 mil dólares a noite. Devido ao grande número de quartos e à localização central, trata-se do hotel mais badalado do complexo. 

As famílias que querem evitar todo esse agito acabam preferindo ficar no The Reef, que está mais ou menos na mesma faixa de preço do The Royal, mas fica no sossego da outra ponta do Atlantis. O The Cove, por fim, é o mais caro e sofisticado do pedaço: todos os seus quartos são suítes espaçosas com varanda e vista para o mar. Para quem não curte decorações temáticas, essa é a opção mais clean do complexo – foi ali que Kate Middleton e o Príncipe William se hospedaram em março de 2022. Além disso, somente os hóspedes do The Cove, identificados por uma pulseirinha azul, têm acesso a uma área privativa em Paradise Beach e a uma piscina exclusiva para adultos, onde impera a mesma vibe das pool parties de Las Vegas.

As áreas do Atlantis são abertas gratuitamente a todos os hóspedes do The Beach, The Coral, The Royal, The Reef e The Cove, mas não exclusivamente, já que existem outros dois hotéis fora do complexo que também dão acesso irrestrito às atrações. São eles o econômico Comfort Suites e o Harborside Resort, cujos chalés coloridos contam com cozinhas equipadas para atender famílias ou grupos de amigos de até oito pessoas.

O que fazer no Atlantis

 

O Atlantis oferece serviço de praia em Paradise Beach, Cove Beach e Cabbage Beach. Leve o seu próprio snorkel para ver peixinhos coloridos e, com sorte, arraias e tartarugas. Só evite ultrapassar o limite demarcado pelas bóias, já que existe uma correnteza considerável. 

Durante o dia, as praias dividem a atenção com o maior parque aquático do Caribe, o Aquaventure. Por seus 57 hectares estão espalhadas onze piscinas, um playground infantil molhado, um rio artificial de quase dois quilômetros que pode ser percorrido de bóia e oito toboáguas. O mais famoso deles, Leap of Faith, começa com uma descida quase vertical e termina em um túnel que passa por dentro de um tanque de tubarões. Também proporciona boas doses de adrenalina o The Abyss, queda de 15 metros de altura no escuro que te lança para dentro de um cenote artificial. Já no The Surge e no The Drop, mais tranquilos, as descidas acontecem em bóias para uma ou duas pessoas. Pelo parque também há vários pontos para pegar toalhas e coletes salva-vidas infantis, incluídos o valor da estadia, assim como tudo que foi mencionado até aqui. Porém, existem uma série de outras experiências que devem ser pagas à parte e de gosto duvidoso, como nadar com os golfinhos, alimentar arraias e interagir com leões marinhos.

À noite, o agito se concentra no cassino, em torno do qual também ficam os bares-balada Aura, Dragon’s e Moon Bar. Para tentar a sorte no vinte-e-um, dados, bacará ou roleta, é preciso fazer uma aposta mínima de US$ 15, valor considerado alto quando comparado ao de cassinos em outras partes do mundo. As crianças não estão impedidas de circular por ali, mas vale lembrar que é um ambiente adulto onde a prostituição é tão comum quanto apostar algumas fichas em uma máquina caça-níqueis.

Programa sem restrições é fazer uma caminhada ao ar livre em Marina’s Village que, além de yachts ancorados, tem uma série de restaurantes e lojas instaladas em casas coloridas de estilo colonial. E, por falar em compras, espalhadas pelo complexo há filiais de grifes como Gucci, Michael Kors, Versace, Tony Burch e relojoarias como Rolex, Chopard e Hublot.

Onde comer no Atlantis

 

É importante ter em mente que as diárias nos hotéis do Atlantis não incluem nenhuma refeição e que em cada conta serão acrescentados 12% de impostos e 15% de serviço. No Mosaic e no Poseidon’s Table, o buffet livre de café da manhã custa US$ 32, que depois das taxas vira US$ 40,64. Opções mais econômicas existem, mas são limitadas. Nas três filiais do Starbucks que ficam dentro do complexo, o combo café expresso e um sanduíche meia boca fica em torno dos US$ 12 / US$ 15,24 com taxas. O almoço também deixa a desejar: ficam abertos entre às 11h e às 17h somente os quiosques e bares em torno das piscinas, que servem somente fast foods como hambúrgueres, hot dogs, pizzas, sanduíches, wraps, porções de nachos, batatas fritas e afins. Cada item desses não sai por menos de US$ 8, sendo que um bom hambúrguer custará pelo menos US$ 15 (sem as taxas). 

No jantar, por outro lado, existe um mundo de possibilidades. Os restaurantes mais classudos são a steakhouse Bahamian Club, o mediterrâneo Café Martinique, o italiano Casa d’Angelo e a filial do renomado japonês Nobu, que fica dentro do cassino. Mas também estão entre as melhores opções do complexo os frutos do mar do FISH by José Andrés e o chinês Chop Stix. Em Marina Village, as opções miram no paladar dos norte-americanos: há porções grandes de massa no Carmine’s, frutos do mar fritos no Frankie Gone Bananas, hambúrgueres no Burger Shack e os conhecidos sorvetes da Ben & Jerry’s. Na Marina Pizzeria, que é provavelmente a opção mais econômica de todo o Atlantis, dá para pedir pizzas para viagem. 

BAHA MAR

Baha Mar, Bahamas
O complexo de Baha Mar consiste em três hotéis, um parque aquático e dezenas de restaurantes. Crédito: (Baha Mar/Divulgação)

Bahamas já não é mais sinônimo de Atlantis. Em 2017, o turismo do país passou por uma espécie de renascimento com a inauguração do Baha Mar em Providence Island, a menos de 15 minutos de carro do Aeroporto Internacional de Lynden Pindling. Além de ter estimulado uma série de investimentos do governo em infraestrutura, incluindo uma reforma completa do aeroporto e a repavimentação de estradas, o novo complexo provou rapidamente que estava à altura do seu concorrente mais notório. Hoje, o Baha Mar possui o maior cassino do Caribe e inaugurou, em julho de 2021, um parque aquático com tudo que há de mais moderno em termos de toboáguas.

Onde ficar no Baha Mar

 

O Grand Hyatt, dividido em duas torres, é o maior e mais econômico hotel do Baha Mar. Preferido entre as famílias com crianças, ele oferece quartos grandes com diferentes configurações, incluindo apartamentos com cozinha e sala de estar. A atmosfera é totalmente diferente no moderno e badalado SLS, cuja piscina animada por DJs só permite a entrada de adultos. Os casais em busca de sossego preferem ficar no sofisticado Rosewood, cuja decoração mescla móveis coloniais com elementos que remetem à uma casa de praia. 

O que fazer no Baha Mar

 

Em menos de 15 minutos é possível ir de uma ponta a outra do complexo caminhando pela Cable Beach, onde há serviço de praia, caiaques, stand up paddle e coletes salva-vidas à disposição sem custos adicionais. As piscinas do SLS e do Rosewood são de uso exclusivo dos seus respectivos hóspedes, enquanto as demais são abertas a todos. Entre elas, a mais especial é a Dean’s Blue Hole Pool, onde três quedas d’água correm sobre um penhasco artificial de 4,5 metros de altura. A grande surpresa é que, entrando na gruta, é possível observar através de dois janelões muitos peixes, tartarugas-marinhas, arraias e tubarões que vivem no aquário ao lado. O tanque, chamado pelo resort de “santuário”, promove interações com os bichos que devem ser pagas à parte. Também mora no Baha Mar uma família de flamingos que, diariamente às 9h30 e às 15h30, saem de seu viveiro, localizado entre o Grand Hyatt e o Rosewood, para flanar com elegância pela propriedade. 

Os hóspedes do complexo têm acesso ilimitado aos seis hectares do parque aquático Baha Bay, inaugurado em julho de 2021. A melhor estratégia é já começar o dia perdendo o chão, literalmente, no Devil’s Backbone: trancado dentro de uma cápsula, você escuta uma contagem regressiva – e as batidas do próprio coração – enquanto aguarda o piso abrir sob os pés, dando início à jornada por um toboágua cheio de curvas. É de gritar do começo ao fim, de forma que tudo que virá a seguir será moleza – até mesmo a descida aberta e quase vertical do Thunderball, a 24 metros de altura. Outros toboáguas imperdíveis são o Cyclone Rush, o Hammerhead e o Riptide Coaster, que devem ser percorridos em boias para duas a quatro pessoas. As crianças são bem atendidas pelos escorregadores e brinquedões das duas áreas infantis, Turtle Beach e Stingray Cove. Encerram a lista de atrações uma gigantesca piscina de ondas e um simulador de surfe.

A vida noturna gira em torno do maior cassino do Caribe: são mais de mil máquinas caça-níqueis e mais de cem mesas, que oferecem 18 tipos de jogos diferentes. Assim como no Atlantis, as apostas mínimas começam em US$ 15 e a prostituição é comum no entorno das mesas de blackjack e pôquer. Se a jogatina e derivados não for a sua, siga para a balada de quase mil metros quadrados Bond ou para o bar no terraço do hotel SLS, o Skybar. Agora, caso tenha ficado no cassino e tirado a sorte grande, milhares de dólares podem ser gastos rapidamente nas lojas espalhadas pelo complexo, de grifes e joalherias como Breitling, Bulgari, Cartier, Tiffany, Mont Blanc…

Onde comer no Baha Mar

 

A gastronomia é outro ponto forte de Baha Mar, onde parte dos restaurantes são assinados por chefs celebridades. O francês Daniel Boulud, que já conquistou duas estrelas Michelin pelo seu restaurante Daniel, em Nova York, incluiu receitas clássicas do seu país nos cardápios de café da manhã, almoço e jantar do Café Boulud, que fica dentro do Rosewood. O italiano Dario Cecchini, certamente um dos açougueiros mais famosos do mundo, serve excelentes cortes de carne no Carna. O etíope Marcus Samuelsson, que já participou de vários programas de televisão norte-americanos, está por trás dos pratos à base de peixes e frutos do mar do Fish + Chop House. E há ainda as filiais do japonês Katsuya e do italiano Fi’lia, ambos dentro do SLS, e da Sugar Factory, restaurante com várias unidades espalhadas pelos Estados Unidos e que foi meticulosamente pensado para bombar no Instagram. Um dos destaques do resort, porém, é o Costa. Os pratos que misturam culinária mexicana e frutos do mar surpreendem o paladar e a ambientação é lindíssima, com mesas espalhadas por cabanas que parecem flutuar em meio a um lago de carpas.

Assim como no Atlantis, as diárias no Baha Mar geralmente não incluem as refeições, que saem bem caras com as taxas de 12% de impostos e 15% de serviço. Para economizar um pouco, vale conferir os food trucks e as barracas de comida que ficam espalhados perto das piscinas e à beira da praia. Aqui, diferentemente do Atlantis, é possível encontrar opções que vão além de pizza-hambúrguer-batata-frita, como os peixes do Da’Poke Bowl Shack e as comidas mexicanas do El Jefe.

Atlantis ou Baha Mar: qual o melhor?

O grandalhão Atlantis, com 3.800 quartos, 5 hotéis, 40 opções de alimentação e 11 piscinas, continua sendo ligeiramente maior que o Baha Mar, que tem 2.200 quartos, 3 hotéis, 40 opções de alimentação e 10 piscinas. O Atlantis tem o maior parque aquático do Caribe, mas o do Baha Mar é mais moderno. O Baha Mar tem o maior cassino do Caribe, mas o do Atlantis continua sendo mais badalado. As praias de cada um empatam em termos de beleza. A diferença é que a faixa de areia do Atlantis é mais muvucada e, a do Baha Mar, mais sossegada. Por outro lado, nas praias do Atlantis é possível ver um pouco de vida marinha, o que não acontece no Baha Mar.

Na dúvida entre um e outro, vale considerar que o Atlantis é um pouco mais barato e continua tendo uma variedade maior de atividades para crianças e de categorias de hospedagem, critérios importantes para as famílias. Por outro lado, o Baha Mar faz bom uso das suas dimensões menores: o serviço é mais atencioso e, o ambiente, mais intimista e charmoso. Além disso, os três hotéis do Baha Mar, modernos e ainda novinhos em folha, possuem uma decoração de indubitável bom gosto, mesmo seguindo estilos completamente diferentes uns dos outros. E, como o fast food ainda é muito predominante no Atlantis, o Baha Mar ganha no quesito variedade gastronômica, mas os seus restaurantes também são mais caros.

Em suma: para além dos superlativos, o Baha Mar é mais moderno e antenado com tendências, mas o Atlantis continua no páreo pela relação custo-benefício e pelas reformas que têm sido feitas nos quartos.

FOUR SEASONS

 

A rede Four Seasons assumiu (e renovou) o The Ocean Club em 2017, mas o lugar já era o reduto de luxo das Bahamas desde sua inauguração em 1962. Além de ter hospedado diversas celebridades ao longo dos anos, ele foi cenário de dois filmes de James Bond, 007 Contra a Chantagem Atômica (1965) e 007 – Cassino Royale (2006). A  proposta aqui é quase oposta à dos resortões: não existe cassino e o clima é mais exclusivo e sossegado, combinado com um glamour retrô.

O coração do hotel é a piscina de borda infinita, que fica de frente para um pedaço praticamente deserto da Cabbage Beach. Apesar dessa ser a mesma praia do Atlantis, o Four Seasons fica bem distante de qualquer agito e a sensação de estar em outro lugar é tamanha que esse trecho ganhou nome próprio, Bond Beach.

Mas quem estiver em busca de ainda mais tranquilidade pode optar pela piscina original da propriedade, hoje exclusiva para adultos, que tem vista para um jardim de 14 hectares pontilhados por esculturas trazidas da Europa. A área verde, dividida em terraços, conduz até um claustro agostiniano do século XII trazido peça por peça da França. Ao caminhar por entre as colunas de mármore que formam arcos com um quê medieval, a sensação é a de estar em meio à ruínas em algum canto do Velho Continente.

Ao entardecer, todos rumam para o Dune, restaurante do premiadíssimo chef Jean-Georges. O bar começa a encher pouco antes do sol se pôr no mar e segue animado noite a dentro, com hóspedes, não hóspedes e moradores bebericando drinks enquanto aguardam uma mesa à luz de velas. Às vezes, as propostas de chefs estrelados Michelin são tão mirabolantes que pouco agradam o paladar menos acostumado. Mas esse não é o caso do Dune, com um menu de fusão francesa-asiática impecável!

OUTROS HOTÉIS

Na Providence Island, o Baha Mar divide a Cable Beach com os resorts all-inclusive Meliá e Sandals Royal – esse último não aceita crianças. Também foi inaugurado ali, em fevereiro de 2023, o Goldwynn Resort, com 81 acomodações em estilo estúdio ou residencial (o que significa que todas possuem cozinha completa). Ainda em Providence Island, mas já perto da ponte que leva à Paradise Island, o Margaritaville Beach Resort abriu as portas em julho de 2021 com uma proposta mais voltada para as famílias: há um pequeno parque aquático e um kid’s club. 

Margaritaville Beach Resort, Bahamas
O novo Margaritaville Beach Resort mira nas famílias com crianças. (Margaritaville Beach Resort/Divulgação)

Já na Paradise Island, o Hotel Riu Palace é outro resort all-inclusive exclusivo para adultos que fica em Cabbage Beach, vizinho do Atlantis. A proposta adults only se repete ainda no Warwick, mais afastado da praia.

Riu Palace, Bahamas
A piscina se confunde com o mar no resort adults only. (Riu Palace/Divulgação)

OUTROS LUGARES PARA COMER

Os melhores restaurantes costumam ficar dentro dos resorts (os principais estão mencionados acima). A boa notícia é que não é preciso estar hospedado para frequentá-los – e essa acaba sendo também uma oportunidade de conhecer por dentro alguns dos hotéis mais célebres das Bahamas.

Mas pergunte para qualquer bahamense onde você deve ir para experimentar a comida local e ele te mandará direto para o Fish Fry, um conjunto de barracas de madeira em Arawak Cay, bem perto do centro de Nassau e no meio do caminho entre o Atlantis e o Baha Mar. Quase tudo ali é servido frito – peixe, frango, carne de porco e também o conch, prato típico por excelência. O molusco, que vive dentro daquelas imensas conchas que parecem esculpidas de tão perfeitas, é cortado em pedacinhos e servido em diferentes preparos além da fritura: pode ser cozido, virar uma sopa, rechear o sanduíche ou ser devorado cru, como um ceviche. O gosto suave lembra um pouco o de caranguejo, só que com menos cheiro de peixe e com a textura um pouco mais emborrachada. 

FishFry, Nassau, Bahamas
Foodtrucks e barracas de comida servem gastronomia local no FishFry. Crédito: (The Bahamas Ministry of Tourism/Divulgação)

O Bites of Nassau é uma boa opção para provar a verdadeira gastronomia das Bahamas. O tour a pé parte da Rawson Square, onde os cruzeiristas desembarcam, e segue pela Bay Street, parando em cafés, lanchonetes e restaurantes estratégicos, além de alguns locais históricos. Há muito conch envolvido, mas também prova-se o bahama mama (drink feito com dois tipos de rum, xarope de romã, laranja e abacaxi), os rum cakes (bolinhos embebidos no rum) e o que seria um PF típico do país: arroz com feijão (preparados juntos, e não separadamente como se faz no Brasil), mac ‘n cheese assado na forma, frango de panela, salada de repolho e banana.

CENTRO HISTÓRICO DE NASSAU

Rawson Square, Nassau, Bahamas
A Rawson Square é o ponto de partida para explorar Nassau. Crédito: (The Bahamas Ministry of Tourism/Divulgação)

O Atlantis e o Baha Mar não demonstram grande preocupação em incorporar elementos da cultura local. Por isso, é essencial colocar os pés para fora dos complexos para conhecer ao menos um pouco a cultura das Bahamas. Trata-se de um país de imigrantes: absolutamente todos os nativos, chamados de lucaias, foram aniquilados pelos espanhóis após a chegada de Cristóvão Colombo em 1492. Apesar dessas tristes circunstâncias, uma estátua do navegador decora a entrada da cor-de-rosa Government House, em Nassau

Como os espanhóis não tiveram grande interesse em colonizar as ilhas, as Bahamas acabaram se tornando uma “terra de ninguém” propícia para a pirataria. O famoso Barba Negra, por exemplo, foi apenas um dos líderes piratas que se estabeleceram ali no século 18. Parte dessa história é contada no museu Pirates of Nassau que, no entanto, é mais lúdico do que informativo.

É mais interessante conhecer o Graycliff Hotel, uma mansão construída em 1740 pelo pirata John Howard Graysmith que foi convertida em hospedagem e já recebeu personalidades como Eduardo VIII, Winston Churchill e os Beatles. Hoje, a propriedade guarda um restaurante estrelado, uma chocolateria, uma loja de charutos e uma das maiores adegas de vinho do mundo, além de ficar na colorida região chamada de Heritage Village. Outra atração da capital que remete aos tempos dos piratas é a destilaria de rum John Watling’s. Na propriedade de 1789, que serviu de locação para a cena inicial de 007 – Casino Royale, você pode espiar os barris onde o melaço é fermentado e comprar garrafas da bebida.

John Watling's Distillery, Nassau, Bahamas
A John Watling’s é uma mistura de museu, bar, loja e destilaria. Crédito: (The Bahamas Ministry of Tourism/Divulgação)

As Bahamas acabaram se tornando parte da Commonwealth quando o Império Britânico decidiu apertar o cerco à pirataria. Parte da estratégia consistiu em construir, em 1793, o Fort Fincastle para proteger Nassau dos ataques piratas. O acesso ao forte, que tem vista para o mar, é feito pela famosa Queen’s Staircase, escadaria de 66 degraus – um para cada ano de reinado da Rainha Victoria – que é um dos pontos mais fotografados da cidade. 

Queen's Staircase, Nassau, Bahamas
Queen’s Staircase: um degrau para cada ano de reinado da Rainha Vitória. Crédito: (The Bahamas Ministry of Tourism/Divulgação)

Com o fim da Guerra de Independência dos Estados Unidos e a abolição do tráfico de escravos pelo Império Britânico, milhares de pessoas recém-libertadas se mudaram para as Bahamas, que atualmente tem sua população majoritariamente composta por negros. O Pompey Museum of Slavery and Emancipation aborda a temática da escravidão por meio de painéis e alguns poucos objetos da época.

Visita ao Atlantis, Baha Mar e Four Seasons

Ainda que você não se hospede nos complexos, vale a pena conhecê-los. É possível comprar um day pass para passar o dia nos parques aquáticos Aquaventure (Atlantis) e Baha Bay (Baha Mar). Além disso, a entrada nos restaurantes e cassinos é liberada.

PASSEIOS DE BARCO

Exumas, Bahamas
Na década de 1990, filhotes de porco foram deixados em uma ilhota em Exumas, o que deu origem à lenda dos porquinhos nadadores. Crédito: (The Bahamas Ministry of Tourism/Divulgação)

Ainda que a cor do mar seja de um bonito turquesa, é preciso sair em alto mar para ver os tons de azul atingirem níveis absurdos. O principal destino das saídas de barco é o arquipélago de Exumas, que fica a mais de 200 quilômetros de Providence Island. Com a Pieces of 8 Chartes, por exemplo, o passeio de oito horas de duração acontece a bordo de uma lancha para até 20 pessoas. Ele passa por ilhas privativas que pertencem a celebridades e magnatas, uma praia habitada por iguanas e outra por porquinhos, além de fazer uma parada para nadar com tubarões-lixa. Outra opção de passeio de oito horas de duração é o que visita uma praia de areia rosa na Harbour Island e faz uma parada para nadar com tartarugas-marinhas, além de também passar na famosa praia dos porquinhos.

DOCUMENTOS 

Para viajar para as Bahamas, é necessário apresentar o Certificado Internacional de Vacina Contra Febre Amarela (CIV). Informe-se sobre os requisitos mais recentes no site do Turismo das Bahamas.

COMO CHEGAR E SE LOCOMOVER

A porta de entrada das Bahamas é o Aeroporto Internacional Lynden Pindling, que fica na capital Nassau, dentro da Providence Island. Para quem sai do Brasil, a opção mais rápida é voar com a Copa Airlines, que faz conexão na Cidade do Panamá. Mas a American Airlines também cumpre a rota via Miami. Apesar de existir uma loja da Avis no aeroporto, não é comum circular pela ilha de carro alugado: são mais utilizados os transfers dos hotéis, os táxis e os motoristas particulares (caso do simpático Arturo, cujo Whatsapp é +1 242 477 3272). Para fazer passeios de um dia por conta própria, uma opção é alugar um buggy em agências locais (pergunte na recepção do hotel).

QUANDO IR E QUANTO TEMPO FICAR

Bahamas faz parte da rota dos furacões, que podem aparecer junto com as chuvas entre junho e novembro. Por isso, a melhor época é de dezembro a maio, sendo que nos dias 26 de dezembro e 1º de janeiro acontece o Junkanoo, o colorido carnaval caribenho. Uma semana no país costuma ser o suficiente para descansar bastante e explorar o (pouco) que há fora dos resorts.

Junkanoo, Bahamas
As fantasias coloridas e cheias de penas do Junkanoo lembram as da Sapucaí. Crédito: (The Bahamas Ministry of Tourism/Divulgação)

DINHEIRO

A moeda local é o dólar bahamense, que tem equivalência com o dólar americano. Porém, todos usam o dólar americano no dia a dia. O dólar bahamense acaba sendo usado só na hora de devolver o troco.

IDIOMA

O inglês, mas com muitos sotaques e expressões incompreensíveis até para quem fala a língua com fluência.

Leia mais: se quiser mergulhar no mundo dos piratas com boas doses de ficção, não deixe de ler Assassin’s Creed: Barba Negra – O diário perdido, de Golden Christie; e de Daniel Dafoe, autor do clássico Robinson Crusoé, busque por Uma História dos Piratas.

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